A campainha tocou, chamando nossa atenção.

— Não acredito — Eu disse indignada — O que tá fazendo aqui?

Theo me encarou engolindo seco, ele segurava um buquê de flor.

— Tem um minuto? Posso entrar? — Ele deu um passo à frente.

— Não.

— Qual é, Anny! — Theo suspirou — Eu sei que eu errei, que fui um babaca com você e eu entendo você está com raiva de mim.

Eu ri.

— O que tá tentando fazer, Theo? — Perguntei o encarando nos olhos — Veio até aqui pra que? Quer que eu te perdoe? Que eu te receba de braços abertos?

— Eu vim te dar isso — Ele esticou o buquê na minha direção e eu o peguei em minhas mãos analisando as rosas.

— Por acaso você veio a um enterro? — Arqueei as sobrancelhas — Quem recebe flores é defunto.

— Anny, chega! Eu estou me esforçando, tá?

— É Anelise pra você! — Eu quase berrei — Para com essa pose de garotinho arrependido, porque você não tá!

— Você acha que eu não me sinto mal com toda essa situação? Acha mesmo que eu não me importo e não me sinto arrependido com tudo que aconteceu?

— Acho — Sorri em deboche — Porque é disso que você gosta, de ser amado, de ser desejado, de ter pessoas correndo atrás de você.

Ele olhou pra cima respirando fundo, parecendo incomodado. Meu sangue se encontrava fervendo violentamente, mal podia acreditar que ele teve a coragem de vir até a casa dos meus tios para se fazer de coitado. Depois de tudo que ele fez, ele ainda queria algum tipo de passividade da minha parte.

— Não seja imparcial depois de ter saído com aquele Apolo.

Deixei escapar uma pequena risada.

— Inclusive o encontro com ele foi bem melhor que o seu.

A expressão suave de Theo estava se desmanchando aos poucos.

— Por que tá agindo desse jeito? Você não é assim, Anelise.

— Sim, eu sou, só que você não sabe como eu sou quando não gosto de você.

Do mesmo modo que eu gostei de Theo ao ponto de me humilhar de maneira tão tosca por ele, eu também sabia odiar do mesmo modo, na mesma intensidade.

— Agora vai embora e leva essas malditas flores com você — Arremessei as flores o suficiente para acertar seu rosto, o deixando assustado por um momento. Ele parecia perplexo com a minha atitude.

— Você sabia que Jade vai para um colégio interno?

Eu franzi o cenho.

— Sabia. Por que você não aproveita e pega o mesmo barco que ela em? — Sorri de lado e fechei a porta com tanta força que o quadro próximo balançou.

Minha cabeça latejava depois do encontro, meu espírito estava esgotado. Não era fácil superar alguém, mas eu acreditava que não sentia nada além de raiva por Theo. No entanto, no fundo ainda me questionava se isso era um sinal de que eu ainda gostava dele. Era por isso que doía tanto? Ou era porque eu estava me punindo de alguma forma?

Theo não gostava de mim, nunca gostou e, no entanto, eu tinha feito tudo isso por ele; o perfil falso, as mensagens, o encontro e tudo mais um pouco. Aceitar isso parecia mais doloroso do que imaginava, mas entender meus sentimentos era um alívio para a ferida.

Querido desconhecidoWhere stories live. Discover now