Parabellum

Capítulo 4

O capitão Jeon estava na frente da espaçosa e bem iluminada sala de instruções. Uma mesa grande se estendia à sua frente, e fileiras de cadeiras estavam perfeitamente alinhadas em ambos os lados. Em pé, analisava um grande mapa posto em cima do móvel, onde era possível ter uma visão do emaranhado de ruas que formavam a região do porto de Busan. As luzes do teto da sala lançavam um brilho quente e dourado sobre as feições severas, porém compostas, do capitão. Todos sabiam da sua reputação de ser inflexível, mas justo. Hoje, ele exibia uma expressão determinada ao se inclinar sobre a mesa, com as mãos apoiadas sobre o mapa.

O murmúrio baixo de conversas abafadas encheu o ar enquanto os membros da equipe recém-recrutada chegavam, cada um vestindo o uniforme impecável da Unidade de Resposta Especial de elite da cidade. Os três recrutas, um grupo diversificado de oficiais, olhavam em volta com uma mistura de ansiedade e expectativa, reunidos para um propósito comum.

– É a primeira vez que entro nessa sala. – Yoongi murmurou para Hoseok.

– Pois não se anime demais, as coisas tendem a ficar tensas aqui dentro. – Respondeu falando um pouco mais alto do que deveria.

– Sentem-se. – Ordenou o capitão com a voz firme e autoritária, deixando a sala em completo silêncio.

Yoogi e Hoseok, agora acompanhados por mais um policial, Kim Seokjin, sentaram-se lado a lado na mesa.

– Vocês foram escolhidos a dedo para esta missão por causa de suas habilidades, experiências únicas e pela dedicação inabalável que demonstraram para proteger esta cidade. Esta não é uma tarefa comum. O governo federal está nos pressionando para sanar um problema que pode causar ruídos internacionais.

– Capitão! – Hoseok chamou a atenção de seu superior. – Não deveríamos ser em cinco? Onde está o policial que você disse que Namjoon havia indicado para a equipe?

– Eu não tenho a menor ideia. Já deveria estar aqui. – Jungkook olhou para o relógio, bufando impaciente. – Mas se ele não se apresentar nos próximos minutos, vou ter a felicidade de desligá-lo da missão. Nada que Nanjoon disser...

A fala do capitão foi interrompida pela porta que se abriu ruidosa.

– Com licença, capitão. – O rapaz entrou na sala. – Park Jimin se apresentando. – Fez uma continência.

O rapaz loiro, de cabelos arrumados demais, ficou parado na porta da sala. Apesar do uniforme pesado que vestia, suas feições eram delicadas. Seu rosto mantinha um semblante sereno, pouco preocupado para quem estava atrasado para uma reunião tão importante.

Hoseok, sem conseguir segurar a língua, soltou um "uau", alto o suficiente para chamar a atenção do capitão, que imediatamente o repreendeu com o olhar.

– Está atrasado... – Jungkook cruzou os braços à frente do peito.

Jimin não respondeu, não se desculpou e nem expressou qualquer feição de arrependimento ou apreensão.

– Espero que tenha uma boa justificativa.

– Não tenho, senhor. – Respondeu calmamente, causando olhares de espanto entre os presentes na sala.

– Como? O que foi que disse?

– Não tenho nenhuma justificativa para meu atraso, senhor. Apenas me atrasei. – Park continuou imóvel, pernas levemente abertas e braços voltados para trás.

Jungkook ficou sem ação. Era a primeira vez que recebia uma resposta como aquela. Todos sempre pareciam ter muito receio da sua figura e arrumariam qualquer desculpa para fugirem de uma possível punição.

– Sente-se. – Ordenou, apontando a cadeira oposta aos demais colegas. – Espero que isso não se repita.

– Não se preocupe, capitão. Inventarei uma desculpa da próxima vez.

Jeon teve a sensação de ver o esboço de um sorriso de deboche nos lábios cheios e rosados enquanto Jimin passava por ele para se sentar.

O capitão passou as mãos pelos cabelos para tentar dissipar a irritação, tentando não colocar aquele policial para fora já no primeiro dia. Iria fazer isso por Namjoon e apenas por ele.

– Bom, hoje, não somos apenas uma equipe; somos uma família. Confiem em seus colegas oficiais e em si mesmos. Teremos sucesso porque não temos outra opção. Como vocês sabem, temos indícios de que grandes quantidades de armas de fogo estão entrando pelo porto de Busan ilegalmente. E é nisso que vamos trabalhar a partira de agora. Para que fique bem claro para todos, gostaria que cada um de vocês se apresenta-se, descrevendo suas especialidades e possíveis contribuições para essa missão.

– Posso começar. – Yoongi levantou a mão, recebendo um aceno de concordância de Jeon. – Meu nome é Min Yoongi, sou especialista em crimes relacionados à tecnologia e à segurança cibernética. Geralmente sou chamado para investigações que envolvem fraudes online, invasões de sistemas e hacking. Acredito que nessa missão eu possa ajudar a rastrear as atividades dos contrabandistas, identificando suspeitos, invadindo sistemas e etc.

– Meu nome é Jung Hoseok, sou especialista em infiltrações. Trabalho disfarçado, usando identidades falsas para obter informações de organizações suspeitas. Daria um ótimo ator, mas minha mãe não me deixou seguir carreira. – Riu do próprio comentário. – Já trabalhei em diversas cidades do país, já que não posso me fixar por muito tempo em um só lugar.

– Eu sou Kim SeokJin, sou responsável por muitas operações policiais em Busan na questão de logística de combate. Meu dever é garantir que as operações sejam bem coordenadas, eficientes e eficazes. Faço planejamento estratégico, que incluem o gerenciamento de transporte, equipamentos e armas. Meu dever é garantir tudo o que for preciso para a movimentação das equipes.

A sala ficou em silêncio, todos aguardando a descrição do novo policial da equipe, que olhava para as próprias botas, aparentemente sem prestar muita atenção no que estava sendo dito anteriormente.

– Park! – Jeon gritou. – Acorde!

– Acalme-se, capitão. – Jimin se ajeitou na cadeira. – Não estou dormindo, apenas entediado.

– A reunião de equipe está entediando a donzela? – Jungkook disse entre os dentes cerrados.

– Um pouco...

Hoseok, que estava de frente para Jimin deu um pequeno chute por debaixo da mesa.

– Você tá maluco. – Jung articulou as palavras sem emitir som.

Jimin deu um sorriso de lado, virando-se, então para o capitão.

– Meu nome é Park Jimin, sou atirador de elite. Tenho treinamento especializado para atirar com precisão em alvos a longa distância, mesmo em condições adversas. Posso monitorar, por longos períodos, alvos de interesse, me camuflando de forma eficaz. Tenho grande conhecimento em balística e armas de fogo de grande porte. Costumo dar suporte para operações delicadas, como resgate de reféns, situações de cerco e neutralização de atiradores ativos.

Jungkook assentiu com aprovação, reconhecendo o grande potencial daquela equipe.

– Bom, a partir de agora, começamos a montar a nossa estratégia. Temos algumas informações preliminares que nos foram passadas pelo governo de madeira extremamente confidencial. Não preciso dizer que, tudo o que se diz nessa sala, não sai daqui. Temos forte punições para aqueles que soltam informações para pessoas não autorizadas. – Olhou severamente para Jimin. – E lembrem-se, nós protegemos uns aos outros. Nossa missão é desmantelar esse esquema de contrabando de armas, mas as nossas vidas ainda são prioridade.