─'Capítulo 12

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     Um tempo se passou após o Karaokê, já era madrugada e ambos estavam sentados no sofá do local.

─ Rindou, você está realmente bem? - Perguntou o de cabelos pretos um pouco preocupado ─ Você não costuma falar muito sobre seu passado nem mesmo o que sente.
─ Koko, as vezes eu me pergunto o porquê de estar na Boten, mesmo que sempre gostei do crime, e já fui para o reformatório e coisas assim - O Haitani mexia nos cabelos um pouco confuso ─ Eu poderia ter seguido o caminho da ginástica, ou me tornado DJ, quem sabe lutador oficial do Japão de Jiu-jitsu...
─ Você está no lado obscuro da vida a muito tempo não é? - Ele nunca teve a oportunidade de viver uma vida normal.
─ Desde sempre, quando éramos crianças Ran e eu vivíamos sozinhos, e não tínhamos como sobreviver então... Bem... - Rindou havia começado a tremer um pouco ─ Nós saiamos durante a noite fazíamos todo tipo de serviço, quando crescemos um pouco começamos a dar festas, e o resto todos já sabem.
─ Quantos anos você tinha? Quando tocaram em você pela primeira vez contra sua vontade? - Hajime parecia apreensivo em perguntar coisas tão doloridas a seu amigo, mas conversar amenizaria um pouco.
─ Sete, bem, eu aceitava trabalhar com isso então não era totalmente contra minha vontade, mas não tive uma infância para aproveitar - O mundo era tão injusto com todos ─ Mas dominamos Roppongi, ficamos conhecidos e requisitados, somos os irmãos Haitani afinal - Ele deu uma pequena risada com um rosto convencido.

      Ambos estavam quebrados por dentro, os traumas de ambos eram semelhantes mas diferentes ao mesmo tempo. Koko tinha Inupi e Rindou tinha Sanzu... Tinha mesmo?

─ Amo o Haruchiyo, aquele desgraçado - O de olhos roxos disse, dando risada ─ Mas mesmo que eu diga isso, não há um dia em que ele está totalmente sóbrio, sem nenhuma substância - Era difícil conviver com o homem de cabelos rosa, Sanzu era mentalmente instável, e apenas uma pessoa importava em sua cabeça ─ Ele apenas pensa no Rei.
─ Sanzu só se importa com o Manjiro, e ele faria de tudo para ele, mesmo que fosse inalcançável - O de cabelos pretos comentou ─ Mas acho que o verdadeiro Sanzu Haruchiyo iria gostar de você.
─ Nós não conhecemos essa versão dele, será mesmo que ele se importaria? - O de cabelos pretos e roxos disse, com a voz um pouco mais baixa e deprimida ─ Vou pegar mais uma bebida para mim.

       Antes de Rindou se levantar, sua cabeça começou a girar um pouco. Ele devia ter misturado tudo aquilo em seu drink?

─ Ei Rin? - Perguntou Koko, encarando o amigo ─ Você está pálido - Mais pálido, no caso
─ Tontura, é apenas um efeito da droga - O Haitani respondeu, sentando-se novamente.
─ Quais você colocou em sua taça? - Hajime questionou, ele estava preocupado
─ Bem.. Não sei o nome de todas, apenas uso o que Sanzu me entrega, mas deve ter cocaína, heroína... - Ele não sabia os nomes corretos de todas, mesmo que estivesse nesse mundo.
Heroína? Você tem noção de o quão prejudicial ela é? - Nem Kokonoi havia utilizado uma vez se quer, ele sabia dos danos a saúde e ao cérebro que ela poderia causar.
─ Eu uso a um tempo já, meu corpo já criou alguma resistência, não consigo mais ficar sem - Ver seu amigo viciado era um pouco triste para o homem de cabelos pretos, mas não havia nada que ele pudesse fazer, ambos possuíam uma dependência nessas substâncias ─ Não me olha com essa cara Koko, sabe, é realmente boa quando eu a... - Ele parou, notando o olhar triste de seu amigo ─ Desculpa.
─ Acostumado, já tive muitos clientes assim, alguns apenas queriam conversar enquanto assinávamos papelada de contrato - Para Hajime, nem tudo foi tão ruim assim, apesar de tudo
─ Eu falei igual um viciado agora pouco - O de olhos pretos pensou em algo mas preferiu não dizer a Rindou.
─ Você não têm vontade de sair da Boten? - Kokonoi perguntou, assustando o Haitani imediatamente com a questão
─ Não, eu gosto de lá e meu mundo é o crime, sempre foi o crime e vai ser até eu morrer - Para Rin, esse foi o único lado da vida que havia conhecido ─ Eu sou do crime, e vivo nele há anos, não me importo com toda essa merda que aconteceu esses tempos - Koko sabia que no fundo ele sentia uma dor, mesmo que mínima.
Estou me esforçando para esquecer o dinheiro, ela, e minha obsessão - Hajime fala, soltando um breve suspiro após isso ─ Mas é como se um imã me puxasse de volta, mesmo com Inupi ao meu lado a culpa não desaparece, e tudo me faz voltar para o crime, os yens caindo todos os dias na conta, e que de alguma forma mascaravam tudo ao meu redor.

        Um vício não é tratado na noite para o dia, e uma obsessão não pode ser apagada da existência com uma simples conversa, Kokonoi sabia disso. Pintar os cabelos, ficar junto de Inupi, não era como se ele pudesse se jogar em uma nova vida do nada, seus pecados correriam atrás, ele plantou isso, e tem que colher o que merece.

─ Rin, eu não sei o que fazer - O homem de cabelos pretos sentia que nunca iria conseguir voltar a ser aquele Kokonoi, o que seu loiro conheceu na infância, que não resumia sua vida a notas impressas com números variados, pacotes com resíduos ilícitos e sangue ao seu redor.
─ Se você não sabe, imagine eu - O Haitani deu uma risadinha e olhou seriamente para Koko ─ Você tem duas opções, volte pra gangue ou vá se tratar com profissionais - Será que ele conseguiria realmente ficar sem essa vida? ─ Mas não se esquece que eu sou da Boten, e eu posso te apagar a qualquer segundo - Rindou pegou sua arma e colocou na cabeça de Kokonoi.
─ Você não deveria beber tanto, sabia? Pode acabar matando alguém que importa - Debochou Hajime, afastando a arma.
─ Como se eu nunca tivesse matado nenhuma pessoa em minha vida - O de cabelos pretos e roxos riu enquanto guardava sua pistola ─ Que se foda todo mundo, eu sou Rindou Haitani e ninguém pode comigo.
─ Rin, você é uma pessoa boa quando tira toda máscara de durão e assassino sanguinário - Rindou era apenas uma criança quando ingressou neste mundo, como ele pode ter noção do que é certo e errado?
Junto do álcool, nada me para -  O de olhos roxos disse, virando mais um drink que preparou ─ Foi bom conversar com você Koko, sinto um pouco sua falta em nossas festas.
─ Eu realmente precisava espairecer, minha cabeça anda uma bagunça enorme e controlar a vontade de apenas me drogar e esquecer é mais difícil do que aparenta - Sua quantia hoje foi bem menor, mas ele sabia que não conseguiria ficar 100% limpo por muito tempo.

  
 
    Notas da autora:

Desculpa a demora por esse capítulo, eu não sabia o que escrever e fim de ano é muito corrido, principalmente por minha formatura. No próximo capítulo focará no Rindou, e na Boten, como um gatilho pra uma fic que vou começar logo, focada nele e Sanzu. Eu descobri recentemente com as novas informações da exposição que ocorrendo no Japão que o Rindou bebe a maior parte do dia, eu ri muito. Até o próximo capítulo!
      

      

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⏰ Last updated: Nov 29, 2023 ⏰

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