[🌾] i can(t) fix you.

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A Ilha Quesadilla estava passando por maus bocados naquela temporada de Halloween. Era outubro, e coincidentemente, diversos acontecimentos horríveis estavam acontecendo, fazendo jus a fama daquela época do ano.

Diversos funcionários da organização tão famosa da ilha, a Federação, estavam aparecendo misteriosamente mortos em diversos lugares diferentes pela ilha. Seus corpos denunciavam ataques ferozes e cruéis, não deixando dúvidas de que o assassino por trás daquela matança era no mínimo maluco. Escritas em sangue foram também deixadas próximas aos corpos, mas ninguém havia conseguido entender o que dizia nas mensagens, afinal, elas estavam em um tipo estranho de linguagem decodificada.

Isto é, até a mais nova residente da Ilha Quesadilla e também a irmã do "Louco", resolver investigar todas aquelas mortes e suas mensagens deixadas para trás junto aos corpos.

— Roier, eu preciso conversar com você.

Roier não estava tendo um bom dia. Ou melhor, uma boa semana. Ou quem sabe, um bom mês.

Há algum tempo atrás, todas as crianças da Ilha Quesadilla haviam desaparecido misteriosamente, deixando todos os residentes dali completamente devastados. Roier, que havia perdido sua irmã Leonarda, seu filho Bobby e seu filho de consideração Richarlyson, estava tão destruído quanto qualquer um dali. Sentia-se a um passo a beira da insanidade a cada dia que passava sem qualquer pista de onde eles poderiam estar, sua única âncora para a realidade sendo seu marido, que estava tão mal quanto ele mesmo.

Mas então, seu marido resolveu descansar por um longo tempo.

E agora, Roier estava completamente desolado. Olheiras eram visíveis em seu rosto, denunciando seu cansaço que sentia há tempos. Sem sua irmã, seus filhos e seu marido, ele havia perdido todo e qualquer rumo. Estava quase enlouquecendo, de verdade.

E então, quando os corpos de funcionários da Federação começaram a aparecer, ele não ficou surpreso. Afinal, a Federação não estava oferecendo nenhum ou qualquer tipo de suporte para os pais desolados que haviam perdido seus filhos, e tampouco pareciam estar tentando ajudar a encontrá-los, não era uma surpresa que alguém finalmente tenha decidido fazer algo sobre a situação inteira.

Entretanto, a forma com que as mortes aconteceram, os sinais de facadas pelos corpos, as escritas em sangue em uma linguagem decodificada, os corpos sumindo não muito tempo depois de serem descobertos…

Roier sabia melhor do que qualquer um.

Então não foi uma surpresa quando Bagi o chamou para conversar.

— Você tem um tempo? — a brasileira perguntou, obviamente apreensiva.

Roier deu de ombros, assentindo.

— Tenho sim, Bagi. O que aconteceu? — palavras jogadas ao vento, ele já sabia bem do que se tratava tudo aquilo.

Bagi alternou seu olhar entre Roier e a paisagem atrás dele, nervosa. Roier não a conhecia muito bem, mas depois de todas as brigas e coisas pelo qual a brasileira passou ao chegar naquela ilha, ele tinha pelo menos uma ideia do que deveria estar passando por sua cabeça no momento.

Descobrir que o cara que você tanto desconfiava era na verdade seu irmão gêmeo que estava desaparecido e que também é um assassino e um canibal em potencial, não deve ser algo muito bom de ser ingerido de uma vez só.

Não era atoa que Cellbit era chamado de "Louco" pela ilha, no final das contas.

— Você sabe sobre todas essas mortes e mensagens, certo? — sua voz soava incerta, sua expressão demonstrava preocupação. Roier queria ajudá-la a se acalmar, mas como? Ela o acharia tão louco quanto o próprio Cellbit por levar aquela situação de forma tão leviana e normal.

stalker. • guapoduoWhere stories live. Discover now