Entrei em casa e vi o meu irmão subir as escadas a correr completamente furioso. Eu já sabia o que ele estava a pensar porque era exatamente o que eu estava a pensar.
Se a professora Claire realmente era a nossa mãe e ela estava grávida, então isso significava que ela seguiu com a sua vida em frente e esqueceu que tem dois filhos que abandonara há quase 18 anos.
Subi as escadas e fui atrás do meu irmão até ao seu quarto e encontrei-o a atirar tudo o que encontrava no caminho para chão.
Ao contrário de mim que sou calmo e penso antes de agir, o meu irmão é totalmente o oposto de mim. Mateus é mais impulsivo e tem os nervos à flor da pele, age sempre sem pensar nas consequências.
-Mano?-chamei-o-mano?
Mateus ignorava-me e tudo o que via à sua frente era somente os seus pertences espalhados pelo quarto.
-MATEUS-gritei por ele e ele automaticamente parou de destruir o quarto.
-Vai embora-ele sentou-se na cama com as mãos na cabeça-deixa-me sozinho.
-Nós não temos a certeza se ela realmente é a nossa mãe, mano-sentei-me ao seu lado-lembraste de quantas mulheres nós já pensamos ser nossa mãe?-ri só de pensar que qualquer mulher ruiva que nos aparecesse à frente nós já pensávamos que era a nossa mãe-e se ela for só mais uma e...
-Ela não é só mais uma seu idiota-Mateus gritou levantando-se da cama e andando de um lado para o outro-precisas de mais provas do que as que nós já temos para entenderes que já encontramos a nossa mãe?
-Mas...
-Ela é a nossa mãe Matias-ele estava completamente alterado.
-Tudo bem-bufei me levantando também-então, imaginemos que ela é mesmo nossa mãe...-pensei-porque ela não nos reconheceria? Ou porque ela nunca nos dissera nada? Ou porque finge não nos conhecer?
-Se ela nos abandonou é porque não nos queria e se ela não nos queria porque nos iria querer agora?-Mateus olhou nos meus olhos-é melhor para ela fingir que somos mais uns meros alunos do que seus filhos, não achas?
Suspirei já ficando nervoso também.
-Não sabemos de toda a história...-pensei-a única coisa que sabemos é que assim que nascemos a mãe nos abandonou mais nada, o pai nem se atreve a falar sobre o assunto. Talvez haja outro lado da história.
-Que outro lado?-Mateus riu irónico-o lado em que somos assim tão desprezíveis para a nossa própria mãe não nos querer? Poupa-me Matias.
-Ouve só o que estás a dizer seu idiota-gritei com ele-eu recuso-me a acreditar que a nossa mãe não gostava de nós.
-Então diz-me onde ela está agora!?-Mateus olhou para mim.
Senti um pequeno nervoso percorrer todo o meu corpo e empurrei-o.
-Não falas assim da minha mãe seu estúpido-peguei na gola da sua camisola sentindo as minhas lágrimas-ela não nos abandonou, ela não nos abandonou.
Caí para trás no chão quando senti a força do soco do meu irmão no meu olho.
-Não acabaste de fazer isso-levantei-me apressado e dei-lhe um soco no lábio-seu idiota.
-Meninos...-afastamo-nos quando Lilia apareceu no quarto e separou-nos-mas o que é que vocês fizeram?
-Foi ele que começou-falamos ao mesmo tempo.
-Não interessa quem começou-ela suspirou-olhem só para o vosso estado-olhamos um para o outro-vocês sempre se deram tão bem, olhem só a tragédia que estão a fazer convosco!
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Mãe
RomanceDezoito anos se passaram desde o dia em que se separaram e talvez nenhum dos dois estivesse preparado para um reencontro. No auge dos seus 43 anos, Thomas Campbell, não pensava reencontrar a ruiva dos olhos azuis que lhe roubara o coração uma vez, a...