Um...dois...três...
Respirei fundo outra vez.
Já estava neste mantra há uns cinco minutos. Tentava manter a minha respiração controlada para que nenhum ataque de pânico aparecesse.
Maldito Thomas.
Levantei-me do sofá e subi as escadas até ao andar de cima. Percorri o longo corredor até chegar a uma das portas onde a abri e entrei.
Sorri olhando para todo aquele quarto à minha volta. Peguei num pequeno ursinho de peluche e sentei-me no cadeirão que se encontrava no meio dos dois berços. Encostei a minha cabeça para trás e senti as minhas lágrimas começarem a descer pelo meu rosto.
Aquele seria o quarto dos gémeos caso eles ficassem comigo, mas tudo mudou quando o pai deles os levou de mim. Apesar dos anos, eu nunca me consegui desfazer das suas coisas que nunca chegaram a usar, então elas ali permaneceram até hoje.
Coloquei a mão na minha barriga e funguei sentindo um aperto no peito.
-Agora este quarto será teu meu amor-falei para a minha barriga-seremos só nós-sorri entre lágrimas-só nós...-mais lágrimas.
Olhei para o ursinho na minha mão e suspirei.
Fiquei naquele quarto durante mais alguns minutos. Eu ía para aquele quarto sempre que estava mais embaixo e parece que de alguma forma eu ficava bem depois de uns momentos ali.
Voltei a sair dali fechando a porta atrás de mim e fui para o meu quarto onde peguei na minha mala e tirei de lá a imagem do meu bebé.
Na ecografia que fiz hoje descobri que estava tudo bem com o bebé e também descobri que é uma menina.
Sorri olhando para a ecografia.
-Uma menina...-sussurrei passando os meus dedos naquela imagem.
Limpei as minhas lágrimas e voltei a guardar a ecografia na mala.
Saí do quarto descendo até ao escritório para preparar as aulas de amanhã e ali fiquei até à hora do jantar.
(...)
-Parabéns amiga-Lisa fez uma festa assim que lhe contei que ía ter uma menina-tenho a certeza que ela saíra igualzinha a ti Claire.
-Obrigada-ri com lágrimas nos olhos-mas tem uma questão que o médico falou na consulta.
-Qual?-Lisa ficara mais séria.
-A minha gravidez é uma gravidez de risco...-mordi o lábio nervosa-há 90% de probabilidades de eu...-respirei fundo-de eu morrer no parto.
Vi os olhos de Lisa arregalarem quando proferi aquelas palavras.
-Claire...-ela pegou nas minhas mãos-vai tudo correr bem, sim? Eu estarei aqui para tudo o que precisares.
-Achas...achas que eu seria uma boa mãe algum dia?-funguei já sentindo as minhas lágrimas quererem saltar-quer dizer, não tive a oportunidade de ser uma mãe para os meus filhos e agora que tinha a oportunidade de criar esta criança recebo a notícia que poderei perder a vida...-limpei uma lágrima que resolveu descer pelo meu rosto-onde será que eu errei para merecer isto?
-Tu serias uma ótima mãe Claire-Lisa abraçou-me-és a pessoa mais inteligente, doce, meiga e compreensiva que eu já conheci em toda a minha vida-sorrimos quando desfizemos o nosso abraço.
-Obrigada-sorri limpando mais lágrimas que resolveram cair-achas...achas que poderás cuidar da minha filha se algo me acontecer?-olhei nos seus olhos castanhos-és a única pessoa em quem eu confio Lisa.
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Mãe
RomanceDezoito anos se passaram desde o dia em que se separaram e talvez nenhum dos dois estivesse preparado para um reencontro. No auge dos seus 43 anos, Thomas Campbell, não pensava reencontrar a ruiva dos olhos azuis que lhe roubara o coração uma vez, a...