Carpe Diem

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O loiro estava deitado no sofá com um livro qualquer na mão lendo as palavras que havia nas páginas até ser transportado para outro universo onde nenhum de seus problemas existia, ele amava os livros por causa disso, porque o tiravam de sua triste realidade. Ele se manteve imerso naquele universo de possibilidades por muito tempo até ler "Carpe Diem", onde foi transportado diretamente de volta para o seu mundo e seus pensamentos tomaram conta dele. 

Aziraphale bufou frustrado, deixando de lado o livro e olhando para o nada por um tempo, somente tentando fazer suas reflexões voarem para algum lugar e ele poder terminar o livro que estava gostando tanto. No fundo ele sabia que esses pensamentos não iriam embora, ele sabia que não poderia lutar contra e mesmo assim tentou, mas não conseguiu. Sabia que aquilo iria o consumir mais cedo ou mais tarde, então somente se levantou e pegou seu diário, desejando que a sobrecarrega de pensamentos passasse.

"Querido diário,

Eu não aguento mais ser quebrado, eu queria somente viver sem pensar demais, nem mesmo ler um livro em paz eu consigo e foi culpa do maldito Carpe Diem. Carpe Diem é parte de uma frase em latim "Carpe Diem Quam Minimum Credula Postero", (uau, eu não sabia que eu retinha essa informação no meu cérebro muito limitado) que traduzido quer dizer "Aproveite o dia de hoje e confie no amanhã", mas o Carpe Diem em si não tem muito uma tradução exatamente correta pode ser "Aproveite o dia"  ou "Colha o dia" e a ideia central é mais como se fosse um pedido para a pessoa aproveitar a vida, aproveitar a vida enquanto ela está dada. Carpe Diem resume muito bem o ideal Horaciano, em que consiste em dizer que em frente à incerteza do futuro, os seres humanos devem aproveitar a vida como ela está. Isso não quer dizer que se deve-se aproveitar uma vida de prazeres e sim aproveitar como está o hoje, aproveitar o que a vida lhe dá porque o futuro é incerto e não dá para ser previsto. 

Eu queria viver o Carpe Diem, mas infelizmente eu não tenho condições para isso. Eu tentei e tentei muito, mas eu não consigo escapar dos meus pensamentos que sempre dizem que eu não serei nada nem agora, nem depois e que eu também nunca fui importante. Eu não consigo focar no presente, eu sempre quero saber o que há no futuro e o que eu irei conquistar ou não e isso só me faz pior. A incerteza do futuro me deixa neurótico, as vezes eu só desejo ter uma bola de cristal para saber qual será o meu próximo erro e poder evita-lo a qualquer custo, mas infelizmente eu não tenho. 

Eu queria ser como os outros, queria não pensar tanto. Eu penso até mesmo sobre minha respiração, porque eu tenho medo de errar, eu tenho medo de ser um peso e eu não queria pensar sobre isso. Eu queria viver normalmente, sorrir para os outros na rua e desejar um bom dia e eu simplesmente não consigo... Eu falhei em ser um ser social. 

Eu não tenho identidade coletiva, nem um grupo de amigos, nem familiar, eu não tenho um grupo social, eu só tenho eu e meus pensamentos, pois os mesmos não me deixam avançar de maneira sociável. O silêncio, assim como as flores que me aparecem, é meu melhor amigo. Por mais que ouvir o silencio seja difícil, é o que me acompanha me relembrando todos os dias o quão solitário eu sou. 

Se eu vivesse o Carpe Diem não teria estes pensamentos, mas como viver dessa forma quando a única esperança que eu tenho é esperar a morte me alcançar? É ansiar que a vida acabe para a dor ser dissipada. Eu estou em um luto sem ao menos ter morrido, o luto de minha alma já ter ido e meu corpo ter ficado. 

A alma e o corpo são questões tão complicadas. Para Platão o corpo pertence ao mundo sensível, mortal, material enquanto a alma pertence ao mundo das ideias e é imortal. A alma é eterna, pré-existente e é ligada ao corpo durante a vida terrena, o corpo é apenas uma prisão temporária para a alma e que a verdadeira realidade é encontrada nas formas eternas e imutáveis do mundo das ideias, também acreditava que a alma era divida em três partes: A logística (racional) que se encontra na cabeça e é ligada ao conhecimento, a razão e a lógica, considerava está a mais elevada dentre as três. A irascível (emocional) que está localizada no peito e é ligada a emoções como raiva, coragem, paixão... é a parte da alma que impulsiona a lutar contra obstáculos e a defesa em situações de perigo. A apetitiva (concupiscente) que é relacionada a desejos carnais necessidades básicas como fome, sede e desejo sexual.

Já Aristóteles a alma é o que torna o corpo vivo e funcional ele rejeitou a ideia rejeitou a ideia de que a alma existe separadamente do corpo, para ele, a alma está intrinsecamente ligada ao corpo e que é necessário cuidar da alma para ter uma boa saúde. 

Bem, eles tem visões completamente diferente uma da outra mas de certa forma as duas fazem sentindo. A filosofia tem disso, não há nada certo ou errado, somente maneiras de enxergar o mundo diferentemente. Se eu fosse pelo pensamento de Platão a alma que coordena meu corpo é a emocional, já que eu sinto as coisas em uma intensidade enorme e eu deixo minhas emoções controlarem minha vida e com isso perco boa parte dela. Já se eu for pelo pensamento de Aristóteles, eu não estou saudável."

As fatídicas duas batidas na porta foram ouvidas e o coração de Aziraphale bateu mais rápido, não de ansiedade, mas sim de felicidade. Um sorriso foi exposto em seu rosto e o loiro foi até a porta, a abrindo e encontrando o seu refúgio no tapete. 

Ele pegou a flor e a levou para dentro, trancando a porta logo em seguida. Colocou-a na mesa a sua frente, se sentou e voltou a escrever o diário.

"Mas acho que há um remédio para a minha alma, as flores. Elas são tão incríveis  e me trazem uma verdadeira felicidade e até um acalento há minha alma. Talvez eu comece as guardar para trazer sempre essa mentalidade para a minha vida, acho que eu ainda posso reviver meu espírito. 

Obrigado por guardar minhas loucuras por mais um dia."

Aziraphale deixou o caderno de lado e com um longo suspiro e pegou a flor da mesa, contemplando o quão bela e o quão grato ele era. Em um impulso o loiro foi até a cozinha ainda com a flor na mão, onde a deixou em cima do balcão por um momento somente para pegar um pote grande e colocar água. Um sorriso estava estampado em sua face, ele era feliz quando havia as flores e esperava que um dia pudesse florescer também. 

Com cuidado ele colocou a magnólia no vaso improvisado e levou-a para a janela, onde receberia luz, calor e muito amor por parte de Aziraphale, aliás ele queria coloca-la em um lugar onde a veria sempre e como ele passa muito tempo na sala o melhor lugar seria a janela onde a luz do Sol entra e agora, a luz da felicidade também entrará. 

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Hey anjos, mais um capítulo para vocês! Desculpem a demora, eu realmente estou muito ocupado, mas estou me esforçando ao máximo para continuar escrevendo! Se houver algum erro desculpem, eu não revisei o capítulo por causa da escassez de tempo :(

Ps: O feedback de vocês é importante, comentem, votem e façam críticas também! Isso é importante para o meu crescimento como autor para fazer fanfics cada vez melhores para vocês (:

Com amor, Júpiter ✨

© Júpiter, 2023.

𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐢𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐨 || 𝐀𝐳𝐢𝐫𝐚𝐜𝐫𝐨𝐰Where stories live. Discover now