Capítulo 18 - Em coma

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Sua luz interior pode estar fraca, mas não deixe de acreditar até onde ela possa iluminar. Mesmo a chama mais fraca pode queimar.

Não havia formas de escapar da escuridão que me cercava, entretanto, a cada minuto que passava dentro dela, meu medo ia embora.

Um calor aconchegante me cercava, me sinto como se estivesse flutuando pelo espaço. Tento acordar, entretanto é em vão. Mesmo que eu lute, forças maiores parecem me segurar.

O calor ao meu redor ficou mais forte, tão forte que eu poderia sentir minha pele queimando. A dor ficou insuportável, até que pude abrir os olhos, porém, eu ainda estava em uma completa escuridão. Ao fundo dela, surge uma silhueta, não era possível reconhecer seu rosto.

Vi que se tratava de um homem, ele fitava o chão e era perceptível seu sorriso malicioso. Cabelos longos e castanhos, forte e alto, seus olhos eram escuros. Ele olhou para mim e seu sorriso maldoso ficou maior. Eu me virei para correr daquela figura estranha. O homem veio atrás de mim, soltando gargalhadas altas. Ele conseguiu me alcançar e me agarrou pelos cabelos.

Eu tentava gritar, porém não era perceptível o som. O homem mostrou suas presas e me puxou para mais perto. Eu segurei seus punhos que puxavam meus cabelos e tentei chutar seu abdômen, mas ele interceptou o ataque. Então, mordeu meu pescoço violentamente. Tentei gritar mais uma vez, todavia, não era possível ouvir e nem emitir som.

A vida foi se esvaindo de mim, eu conseguia sentir. O que antes era uma dor aguda, tornou-se prazerosa. Tento empurrar o homem com as últimas forças que me restavam, mas ele não parou. Minha roupa que era um manto branco, ficou ensanguentado. Fechei meus olhos lentamente a cada gota de sangue que era retirada de mim. Tudo ficou claro.

Quando me dei conta, estava em um campo de flores, e era dia. Aquela cabana de madeira do meu sonho estava no mesmo lugar que eu recordava, acima da montanha. O sol iluminava todo o ambiente. Poucas nuvens brancas passavam pelo local. Levei minha mão para o pescoço, mas não havia sinal de mordida lá. Era definitivamente um sonho estranho.

Caminhei para a cabana de madeira, entretanto, sou surpreendida por duas pessoas correndo pelo campo de flores, uma delas muito jovem. O lobo branco estava com elas, mas ele era mais jovem, como um filhote. Eu não conseguia falar com eles, então minha presença foi completamente ignorada.

Eu olho para a porta da cabana e a mesma mulher dos meus sonhos saiu pela porta. Agora era possível identificar aquela mulher, a mesma que aparecia em todos os meus sonhos e pesadelos de diferentes formas. Seu sorriso transmitia paz e seu olhar era tão meigo. Ela estava feliz. A mulher usava um vestido branco e seus cabelos eram tão negros que evidenciam sua pele de porcelana, mas havia uma cor saudável na pele, não parecia vampira.

Quando minha atenção retornou para as crianças notei que agora elas podiam me ver, e até o lobo branco me encarava. Em segundos, que olhei para as crianças e voltei o olhar para a mulher. Ela estava na minha frente.

- Venha minha criança, você precisa acordar - ela diz, estendendo seu braço em minha direção sutilmente.

- C-como?! Quem é você? - perguntei espantada.

Ela dá um meio sorriso e toca meus ombros para um abraço.
- Eu estive esperando por você, preciso que acorde - diz me apertando em um abraço.

Uma sensação estranha começou a queimar pelo meu corpo. As "crianças" continuavam a me observar. A sensação era boa, no entanto, me provocava uma queimação por todo o corpo, era eletrizante. Uma lágrima tocou os meus ombros e notei que a mulher estava chorando.

- Acorde! - gritou. 

A paisagem ao nosso redor foi se esvaindo e uma chama azul nos rodeou, fazendo a sensação de calor piorar. As crianças e o lobo branco, sumiram, assim como a paisagem. A mulher me abraça com mais força. A chama ficou mais forte e quente. Tudo ficou branco e como uma luz tão forte, era capaz de cegar qualquer um.

Século Sombrio - Dark Century Where stories live. Discover now