Chapter Sixteen: Part II

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Paloma Carter

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Minha mão treme. Neste momento, seguro literalmente um canivete contra a garganta de um dos homens mais perigosos que já conheci, e ainda não entendo como é que chegamos até aqui. Essa confusão só me faz chorar e falhar miseravelmente no que quer que ele tem em mente para mim, porque não consigo me concentrar em nada específico. Nem em minha própria mão, nem em minha mente, nem em meus sentimentos, nem em meu corpo. Quero puxar esse canivete para longe a me aninhar até me convencer que o mundo tem seu cheiro, mas quero, na mesma intensidade, achar o que ele tanto insiste que eu procure.

- Você está sentada por cima de mim, agora. Tem um canivete pressionado contra minha garganta, e minhas mãos estão longe de impedir isso à tempo. Tenha noção disso à todo tempo. Descreva para mim seu caminho entre suas emoções, rumo ao maior medo.

- Eu não posso.

- Me faça te conhecer.

- Eu não...

- Me faça te conhecer.

- Eu não quero te fazer mal. - não consigo parar de tremer.

- Você não vai. Transforme seu medo por mim no que você realmente quer. Me deixe saber o que você quer.

- Eu não... - ofego e busco por alguma instrução extra em seus olhos. Estou ofegante. Faminta de ar, alívio e algum sentido em tudo isso. Passo a me indignar.

Não quero tirar sua vida através de meu medo. O quero para mim.

Estou sentada em seu colo, sou o puro pânico pela ideia de tremer um pouco mais e rasgar seu aparente ponto fraco, e não consigo criar uma estrada coesa em minha mente para começar a existir em sua ideia. É confusa e frustrante. Eu não acho algo adequado para sentir. Não agora que procuro, e é a coisa estranha que afunda a ruga em minha testa. North assiste minha confusão em silêncio, como se contasse os segundos até eu solucionar seu delírio. Isso não é completamente sobre mim. É sobre nós dois e como somos estranhos para um simples sentimento inicialmente taxado de...vontade um do outro. Todos seus tipos, onde começou a sua, naquele bar, de intervir; e onde vive a minha, agora, de fazer o que acho certo.

Suas mãos grandes me agarram firme por baixo da camisola, o que faz meu corpo reagir de uma forma alheia ao meu estado.

- Eu não vou fazer isso. - decido e puxo o canivete para longe de sua pele. Para tal preciso endireitar a coluna e respirar fundo. Reforço minha frase com um balançar de cabeça frustrado, agora ciente da umidade criada em meu rosto pelas lágrimas.

- Eu sei que não vai. - a sombra de um sorriso desenha os contornos de seus lábios selados, o que me deixa ainda mais confusa - Você sabe o que sente, Paloma, e não é medo. Seu medo por mim não existe. É apenas um hábito, alguma coisa a ver com o facto de você não saber quais serão minhas próximas atitudes. Você busca me relacionar aos seus traumas, mas isso não faz sentido se você realmente me quer assim. Ele não existia antes daquele beijo, e ele não existe agora. - faz uma pausa - Eu toco seu corpo porque você deixa. Porque você quer. Eu toco seu corpo porque eu quero. - trava bruscamente, parecendo mudar de ideia sobre o rumo de suas palavras - Não sou como o homem que marcou seu corpo com força, e não haverá outro como ele daqui para frente. Lembre-se disso. - sua última frase é dita entre dentes, a tradução do que seria uma promessa.

Minha única reação é assentir. Neste exato momento, a única certeza que tenho sobre mim é que suas palavras estão gravadas em um loop em meus tímpanos. Me desligo do mundo e me perco nele por um tempo, e ele deixa. O sentido de suas palavras vai florescendo aos poucos, sua compreensão se expandindo para todos os lugares necessários. Minha mente clareia por um segundo. Acorda. Não entendo como é que uma situação tão confusa pode me parecer tão certa. Não é uma certeza que promete durar até o fim dos dias, mas vai existir sempre que eu o tiver assim. O canivete escorrega dos meus dedos e o ruído que cria quando vai ao chão devolve meu olhar da casa completamente escura para suas íris cristalinas.

ASHESWhere stories live. Discover now