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De um instante para o outro, o vento forte que nos cercava se transformou em uma chuva intensa com direito a trovões e relâmpagos.
Os estrondos me causam um medo irracional, mas consigo fingir estar indiferente a ela. Assim como todos os alunos que encaram a enorme janela da sala de aula e bufam pensando na hora de ir embora.
Meu parceiro de geografia é tão ignorante quanto o professor, por isso que quando vira em minha direção e afirma fazer parte de um dos melhores países no mundo, seguro meus olhos no lugar.
A vontade de revirá-los e listar motivos óbvios para isso não ser um fato é grande, mas prezo pela minha paz.
Ou melhor, pela pouca paz que me resta já que o clima parece tomar para si cada vez em que solta um trovão.
Olho para o relógio encima da lousa ora sim, ora não.
25 minutos para o fim do dia escolar.
Ou 1 segundo para enfrentar de perto os clarões em meio a tempestade.
Suspiro com exaustão quando Mike, meu parceiro, chama minha atenção mais uma vez para apontar uma curiosidade estúpida.
Presto atenção no que ele diz sem realmente dar muita importância.
Apenas desejando fortemente que nenhum raio caia perto de onde estamos.
"Droga de medo infantil! Não poderia ser sobre baratas ou aviões?" Ralho comigo mesma e sinto um olhar queimando em minha testa.
Não levanto a cabeça por saber se tratar de Edward lendo meus pensamentos.
Logo tenho uma idéia, mas não coragem o suficiente para pensar em pedir isso.
Olho para cima e espero que Edward consiga interpretar o meu querer sem precisar realmente proferir isso.
Ainda que seja impossível saber, tenho o pressentimento do Cullen já ter chamado meu namorado.
Por isso que os próximos 2 minutos, até ele chegar, eu fixo meu olhar na porta.
Sua imagem confiante me conforta assim que aparece na sala afirmando ter assuntos sérios para tratar comigo.
O professor me olha feio, provavelmente desconfiando de nós, mas permite minha saída.
Assim que passo pelo batente da porta, um trovão soa me fazendo tremer dos pés a cabeça.
⏤ Ah, boneca, você tem medo de tempestades. - Emmett diz com a voz carinhosa e eu confirmo com o rosto tristonho.
Ele pega em minha mão e caminha comigo até refeitório, que esse horário está vazio.
Chegando lá, vamos até a mesa diária dos Cullen e ali ficamos.
⏤ Os trovões não são páreos para mim, bebê. - o vampiro me consola enquanto abraça meu corpo. ⏤ Teria que ficar muito mais forte para chegar até você, então não tenha medo.
⏤ Eu sei disso, mas a qualquer momento um desses raios pode cair bem onde estamos, Emm. - resmungo medrosa.
⏤ Aí eu ficaria como seu escudo! - rio fraco de suas tentativas.
É sempre assim. Esse desejo de afirmar como estou e ficarei segura em seu abraço por toda eternidade.
⏤ Sabe, não precisava ter feito Edward me chamar. - ele fala e logo acrescenta. ⏤ Indiretamente.
⏤ Eu sei, e me desculpa por atrapalhar sua aula com uma besteira dessas, mas só você alivia todos os medos e inseguranças.
Por estar sentada de costas para Emmett, apenas sinto um solavanco de surpresa.
Me afasto dos braços dele para olhá-lo e pergunto com os olhos o motivo do movimento.
⏤ Bebê! Não foi isso que eu quis dizer... - o Cullen quase engasga com a minha coragem. ⏤ Jamais pense em se desculpar novamente por fazer o que eu te imploro quase todos os dias.
⏤ Mas então...? - deixo minha dúvida pairar no ar.
⏤ O que eu queria dizer era que não precisava ter pedido para Edward, porquê eu já estava a caminho. - um amor misturado de admiração me congela no lugar. ⏤ Eu estava prestando atenção no seu coração quando notei que havia alguma coisa de errado. Por isso cheguei lá tão rápido.
⏤ Você já estava perto. - sussurro completando sua explicação e sorrio para mim mesma. ⏤ Por isso que eu disse sim.
⏤ Como? - pergunta confuso.
⏤ Para seu pedido de namoro, amor.
Emmett abre um largo sorriso ao escutar e estica os braços para me pôr de volta em seu aconchego.
Então agora que percebo como deixou de me afetar a presença ou não dos trovões.
⏤ Amor? - chamo por meu namorado e ele atende. ⏤ Acho que não tenho medo de nada quando estou com você.
