58 | Like Real People Do

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O mundo parecia estar tomando seus lugares certos. O álbum ia fluir melhor agora, já que tínhamos as ideias inicias todas estabelecidas e algumas poucas músicas já prontas. Em breve, eu passaria alguns dias na Inglaterra e mataria a saudade do meu afilhado. Depois, eu voltaria para cá, terminaria o álbum, continuaria transando com ela e sendo feliz.

Porque Ammybeth estava louca, se achava que aquela ia ser a última vez. Ou, então, muito orgulhosa, para admitir que me queria mais.

Amanhã, eu estaria no estúdio com ela. Amanhã, em alguma oportunidade, ela me deixaria tocar em seu corpo, e iria implorar para me ter em sua cama. Depois, se tornaria constante, porque nós dois éramos bons demais juntos, e eu me empenharia cada dia mais, para ser melhor para ela e fazê-la me querer mais que tudo. E, então, eu faria comida para Ammy, todas as vezes que terminasse. Eu conversaria com ela, enquanto estivesse comendo. Ela gostaria das minhas conversas, se apaixonaria por novo. Em um ano, nasceria Dorian, em homenagem ao livro favorito dela. Em dois, nasceria Sally, em homenagem à música que ela cantou, no dia que nos conhecemos e... depois viriam os outros três.

Esse seria o nosso final feliz. Eu não aceitava outro final. E eu ia fazê-lo acontecer, quer ela queira, quer não.

Iríamos ser duas pessoas normais, dentro de casa, e não nos importaríamos com a mídia. Apagaríamos as redes sociais. Eu iria me resolver com seu pai, e passaríamos os feriados no interior da Inglaterra, com ele. Seríamos duas pessoas reais e amorosas, como deveria ter sido da primeira vez.

À essa altura, Ammy e eu já deveríamos estar discutindo se iríamos querer um sexto filho ou não. Se eu não tivesse estragado tudo com merda de heroína, essa seria a nossa realidade, nos dias de hoje. Na minha cabeça seria, pelo menos. E se eu não consegui antes, eu vou conseguir agora.

Eu via Dylan caminhando em direção ao meu carro, depois de tirar fotos com algumas dúzias de meninas barulhentas, e lembrava de ele dizendo que eu estava voltando a ser o cachorrinho de Ammybeth.

Foda-se, eu estava mesmo. Porque eu estava apaixonado, porra.

Se ele não sabia o que era isso, era problema dele. Azar o dele. Não vou lhe acompanhar na solteirice para o resto da vida, e nem quero.

—Eu estava com saudade do meu gatinho. -ele falou, com uma voz infantil, enquanto eu colocava as suas malas no carro.

Dylan me abraçou. E ele não era o tipo de cara que dava os característicos abraços impessoais masculinos.

—Tá bom, bonitão. Chega. -eu disse, enquanto me afastava.

Segundos depois, estávamos nós dois no carro, e ele estava contando sobre alguma aeromoça que pediu para autografar um guardanapo. Eu dei umas risadas, percebendo que eu estava sentindo a falta dele, também. Mas percebendo que eu estava sentindo mais, antes de eu e Ammy fazermos as pazes.

—E Johnny? Como está? -eu cheguei à pergunta de sempre.

Dylan suspirou e então deu um sorriso gigantesco.

—Juro que ele cresceu uns 10 centímetros e aprendeu umas 50 coisas, desde o início do mês.

—Cale a boca. -eu pedi, mas acabei rindo.

Eu odiava falar daquelas coisas. Eu odiava a ideia de perder qualquer coisa com o meu afilhado, porque Alex me confiou aquela missão e eu não ia falhar com ele. E Dylan estava sempre me provocando, porque, no fim, ele ficou puto quando não foi o escolhido.

Natalie e eu éramos os padrinhos John Di Angelo. E acho que ela ainda mandava bem com o título, apesar de,  na maioria das vezes em que ela estava com o menino, eu estar longe demais para conferir.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now