12

3K 255 8
                                    

A cama estava vazia quando eu acordei.

Devia ser tarde, o sol brilhava pela porta da varanda aberta, a cortina voando com o vento que batia. Tateei o criado mudo em busca do meu celular, resmunguei quando o achei, vendo que já passava do meio dia.

Eu hibernei?!

Levantei em um pulo, levando comigo o lençol extremamente macio de seda da cama. Eu me enrolei nele como quem se enrola uma toalha ao sair do banho.

Uma parte do meu cérebro estava totalmente focado em ficar decente para a execução do plano de derrubar a Cipher. A parte mais minúscula, a parte sentimental que gostava de trancar a sete chaves, insistia em não me deixar esquecer que ele me deixou acordar sozinha na cama.

O que eu pensava? Que ele ficaria como se fossemos um casal feliz?

É. Praticamente, eu acho.

Dei um longo suspiro e andei como um pinguim até o banheiro, o lençol enrolado no meu corpo dificultando meu andar.

Nem mesmo as roupas dele estão aqui.

Quase mandei meu subconsciente ir se foder. Quase. Por muito pouco.

— Ah seu filho da puta! — Eu rosnei entre os dentes, pegando a minha calcinha no chão.

Rasgada. Eu paguei caro!

— Ele vai comprar outra — Falei pra mim mesma enquanto voltava a andar em direção ao banheiro, jogando a calcinha no lixo segurando a vontade de chorar. — Lá se vai 50 euros pro ralo — Fiz um bico, dando tchauzinho para a calcinha e fechei o cesto de lixo.

É o melhor enterro que posso fazer. É falta de educação jogar descarga a baixo.

Tomei banho, afastando qualquer pensamento que mencionasse a noite anterior. Ignorei também a leve dor no meio das coxas. Não era importante.

Ao sair do banho, coloquei minha roupa habitual que todos já estavam carecas de saber. Regata preta com uma lingerie branca de renda por baixo, jeans azuis em um tom mais desbotado, coturnos de salto de 10 cm grossos e minha inseparável jaqueta de couro.

Meu cabelo molhado eu deixei como estava, apenas penteei pra trás. Passei um rímel, lápis de olho, batom vermelho e voíla! Eu estava lindíssima e pronta pra matar.

Literalmente.

Sai do quarto colocando meu celular no bolso da calça jeans e comecei a caçar os dois Shaw pelo edificio. Conhecendo bem os dois, procurei diretamente na academia e não deu outra.

A academia estava vazia, com exceção de duas pessoas que se socavam. Eles estavam lutando pra valer, eu conseguia ver que os machucados no rosto de Deckard já sangravam de novo.

Eu não disse uma única palavra, apenas observei da entrada. Eles estavam tão focados que nem se deram conta da minha presença.

Eu estava confusa enquanto os observava. Owen socava Deckard como um valentão soca um garotinho. Deckard, anos mais velho e mais experiente, não se defendia, ele usava luvas mas suas mãos estavam ao lado do corpo paradas.

Será que as porradas tiraram seu cérebro?

— Vamos lá, você consegue fazer melhor do que isso — Ouvi Owen dizer antes de socar com força Deckard no estômago, fazendo o mais velho se curvar enquanto arfava de dor.

— Não vou revidar — Deckard respondeu em um sussurro de dor mas ainda assim sua voz era firme.

Que porra eles estão fazendo?

Laços - Deckard Shaw (Livro Um)Where stories live. Discover now