— Tenho um convite da minha família — a voz dele tinha uma certa ironia.

— Convite? Como assim? Do que tá falando? — questionei coçando os olhos.

— Eles estão querendo que você vá nesse fim de semana aqui em casa.

— Nesse fim de semana? — levantei as sobrancelhas.

— Sim, meu pai vai estar aqui, depois do seu grande anúncio de namorada para Amália, ela fez questão de falar para o meu pai e agora ele quer te conhecer, amor.

Eu revirei os olhos e coloquei a mão na testa.

— Me diga que é no domingo, por favor — minha voz saiu como uma coelhinha assustada.

— Por que? Não me diga que a leitora caseira tem compromisso nesse final de semana?

Apesar de estar sendo mais uma vez um provocador barato, eu podia sentir a curiosidade o matando.

— Tenho, no sábado.

Uma pequena risada foi ouvida do outro lado da linha.

— Vai sair com alguém especial?

— Sim — eu respondi seca — Eu vou contar logo pra você antes que chegue aos seus ouvidos de outra maneira.

— Hum — ele murmurou.

— Eu vou sair com o Theo, ele me convidou hoje — a minha frase foi rápida, mas o silêncio reinou, ele demorou para falar algo — Apolo?

Ouvi um suspiro antes de uma voz grave retomar a posição.

— Vocês dois vão sair juntos? E ele te convidou mesmo sabendo que você está namorando? — agora ele parecia um pouco irritado.

Franzi o cenho rapidamente.

— Acho que ele não sabe que estamos namorando, além do mais, é um namoro falso.

— É um namoro falso mas ele não sabe, Anelise. Ele não é tão bobo como você imagina. — continuou com seu tom.

— Bom, isso quer dizer que o nosso acordo tá funcionando. Você e Amália estão quase por um fio e Lavínia da última vez parecia interessada em você. Theo e eu finalmente teremos um momento, embora não queira dizer muita coisa.

— Você não vai sair com ele. — Apolo disse autoritário, era a primeira vez que ouvia sua voz nesse tom.

Dessa vez foi eu quem ri.

— Eu vou sair com ele e pode ficar tranquilo que eu vou ser sua namorada falsa na frente da sua família, Apolo. Passar bem.

— Anelise-

Desliguei o celular antes dele terminar de falar e o coloquei no mudo, respirei bem fundo e voltei a me concentrar no meu sono, teria que aproveitar esse tempo pra relaxar a mente, já que depois disso tudo eu precisaria de muita energia.

Jade
Você vai sair com o Theo? Isso é sério?

Anelise
Sim, finalmente.

Jade
E como Apolo estar com isso? Pensei que vocês dois tinham algo.

Anelise
Ele vai superar, além do mais, eu tenho que abrir bem o leque que me deram.

Jade
Você quer minha sincera opinião?

Anelise
Tu sabe que sim.

Jade
Você não se sente incomodada com o fato de Theo ter apenas te chamado pra sair depois que Apolo apareceu na sua vida? Porque eu me sentiria.

Anelise
Ele tá demonstrando ciúmes.

Jade
Pode ser, mas acho melhor você não se empolgar tanto com o Theo e eu já te falei isso, precisa parar de girar em torno dele.

Anelise
Eu apenas tô aproveitando a oportunidade.

Jade
Bom, você que sabe. Ele e Lavínia podem estar afastados, mas também quando ela estalar os dedos ele vai correndo.

Eu olhei para aquelas mensagens por um tempo a noite, enquanto os meus primos brigavam entre si pelo o controle da sala. Talvez Jade estivesse certa. O fato de fazer Theo o único motivo da minha vida estava me incomodando um pouco e não acho que seja um cara mau, apenas confuso.

— Anny, eu queria te perguntar — Flora chegou perto de mim depois que desistiu de tomar o controle de Miguel. Eu apenas a olhei esperando que continuasse com a fala — Você e Apolo já transaram? — sua voz saiu baixa próxima ao meu ouvido.

Em minha testa se formou uma carranca e eu quase engasguei com a pipoca.

— O que? Claro que não! — eu respondi rapidamente.

— Sério? — ela arqueou a sobrancelha.

— Sim?

— Já se pegaram? Chegaram quase perto?

— Por que você tá me perguntando isso do nada? — questionei confusa.

— Porque Apolo é um gostoso e por mais que você seja certinha assim, eu sei que o rosto de anjo dele esconde muita coisa e você é muito curiosa — ela comentou — Além do mais, na escola todo mundo fala que na primeira oportunidade transariam com ele.

Respirei bem fundo.

— Vocês adolescentes só pensam em transar?

— Aí me desculpa, senhora de 65 anos. Eu estou apenas querendo saber. De vez em quando vocês andam pelo os cantos da escola juntos — ela deu de ombros pegando a lixa de unha — Mas você não me respondeu. Chegaram ao menos perto de acontecer?

Encarei o rosto curioso da minha prima, sabendo que ela não iria desistir além de ouvir o que queria. Então eu apenas sorri de lado.

— Chegamos perto, com certeza.

Querido desconhecidoWhere stories live. Discover now