“Kataware-doki” é uma velha expressão que pode conter uma miríade de significados, como "Quem é aquela pessoa?" ou até mesmo “crepúsculo”, momento temporal quando não é de dia nem de noite, quando a visão do mundo já não é nítida, quando temos a chance de encontrar algo sobrenatural.
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Dois anos atrás. Janeiro.
"— Cuidado aí, Estrangeira! - Dão risada enquanto correm para a saída, logo após esbarrarem em mim. Me abaixo para pegar os livros que caíram com o baque, tentando segurar as lágrimas que teimavam em querer descer. Já era a terceira escola, esta era a primeira semana de aula, e estava tudo acontecendo de novo. Não poderia contar para meu pai e correr o risco de ser transferida novamente pois sei que isso não vai acabar.
—Por que são tão cruéis? Eu não fiz nada a eles, só tenho uma aparência diferente da deles, e qual é o problema nisso? Que droga! Eu só estou no segundo colegial... Queria que esse inferno acabasse logo. - Resmungo sem parar enquanto tento reunir as folhas que se soltaram no chão, mas assim que uma mão masculina aparece entre os materiais escolares, me calo e olho para frente, sentindo meu rosto queimar no mesmo instante.
Um garoto de olhos grandes e atentos recolhe silenciosamente cada uma das folhas no chão, e eu apenas fico quieta, encarando cada um dos seus traços: Além dos olhos brilhantes, também possui o nariz protuberante, o cabelo liso que cai até perto dos olhos e brilha com a luz do sol, noto o uniforme perfeitamente alinhado com apenas uma das alças da mochila sobre os ombros.
— Aqui. - É o que ele diz com um sorriso gentil, enquanto se levanta batendo a poeira da calça e me estende a mão para que faça o mesmo. — Eu vi o que aqueles caras fizeram, não foi nada legal...
Seguro sua mão e me levanto, olhando para seu rosto e, enquanto tento captar algum traço que ainda não tinha prestado atenção, apenas nego com a cabeça.
— Tudo bem, já estou acostumada com esse tipo de coisa. - Sorrio mesmo que fraco, na tentativa de apenas fugir desse assunto e me aproximo um pouco para pegar as folhas. Noto então que possui uma pintinha no pescoço e abaixo do lábio. Além de um perfume que eu com certeza vou me lembrar. — Obrigada!
Me curvo em agradecimento mas, assim que escuto uma risada, abruptamente me levanto. E é aí que meu mundo para.
O garoto me olha com um sorriso aberto, mostrando seus dentes grandinhos, como os de um coelho. Meu coração descombina e sai do ritmo, batendo mais rápido do que nunca. É sem dúvidas, o sorriso mais lindo que já vi.
— Não precisa me agradecer, Cachinhos.
- É tudo o que diz, sorrindo de novo antes de se virar e correr para a saída. — Bem vinda a escola!Grita, e logo depois, desaparece.
Meu coração está descompassado, aperto firmemente os livros e folhas contra o peito.
Espera, ele me chamou de "Cachinhos"? Ah, eu não perguntei o nome dele, muito menos olhei o crachá de identificação!
Que droga, Bada.Porém, mesmo enquanto minha mente está com milhões de perguntas e repreensões a mim mesma, apenas uma frase se faz mais presente:
— Quem é aquela pessoa? - Murmuro ao vento, ouvindo o som da buzina na porta do colégio, noticiando que meu pai havia chegado
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Pela Luz dos Olhos Teus - Jungkook
FanfictionSempre houveram várias coisas que amava em Jeon Jungkook: O brilho de seus olhos, redondos e atentos. Escuros, como uma noite estrelada. O quão fácil era se perder naquele olhar. A forma como seu sorriso fácil se moldava gentil a todos com quem inte...