Eu tinha medo da minha cabeça, quando o assunto era Ammy. Eu conseguia visualizar todas aquelas cenas de violência com uma clareza impressionante, e elas não me assustavam. Mas foda-se. Eu não era o problema, por ficar enlouquecido.

Liam era. Levi foi, também.

Pode ser que seja sexismo da minha parte, mas, honestamente, não sou a mínima, porque a minha declaração era verdadeira: Ammybeth era frágil e inofensiva.

Ela não sabia dizer não  -só para mim-. Ela foi tão acostumada a ser mal tratada, naquela casa tenebrosa, que sequer percebia quando as pessoas estavam sendo agressivas. Ela era bobinha. E precisava de alguém para protegê-la. Alguém que não fosse um segurança contratado,  sem conhecimento sobre sua cabeça. Alguém como eu. E eu faria aquilo.

Eu estava pouco me fodendo, se ela ia gostar daquela merda ou não.

Eu estava pouco me fodendo se ela ia ficar irritada, porque no meio da noite eu liguei para aquele idiota e repeti todas as palavras que falei no estúdio.

Meredith Newsome era a parceira de cena de Liam. Meredith Newsome namorou comigo, por alguns meses, ano passado. E uma das vantagens de se terminar em paz com uma pessoa, é que, às vezes, algum respeito permanece. Ela me respeitava o suficiente para não questionar nada, quando pedi para que me mandasse o número daquele desgraçado.

Acho que Liam teria falado muito mais merda no telefone, se eu tivesse lhe dado oportunidade. Mas, fui muito claro quando eu disse que, se eu soubesse que ele estava tratando-a mal, se ele sequer incomodasse Ammy, eu pegaria um avião para a ilha e o espancaria. Eu iria colocar a cara dele, junto ao título de agressor, em todos os jornais do planeta. Eu iria garantir que ele nunca tivesse um resto de carreira.

Espero que ele não tenha sido estúpido o suficiente para comentar sobre aquilo com a namorada. Mas acho que não foi, porque Ammy estava falando comigo normalmente, no estúdio.

Ao menos, normal na medida do possível. Porque depois do que aconteceu ontem, era difícil cortar aquele clima formado, entre nós.

—Você pode repetir? -ela pediu para Jesse, depois que de ele falar sobre sintonias e reverberações e ecos e outras coisas.

Ele estava mexendo no sintetizador, e nos mostrando algumas coisas, que queria substituir em "Scared of Everything", uma das músicas que Ammy havia composto. O produtor queria deixá-la mais limpa e emotiva, e algo que parecia um rock meio sujo, agora soava como um pop rock feito pelo Coldplay, quando eles estavam no início das carreiras.

O que era bom. Eu adorava Coldplay. E adorava as alterações de Jesse, até mesmo quando eu não concordava com ele.

—Bee, você está bem desfocada, hoje. -Jesse comentou.

Achei um comentário levemente injusto, já que eu também estava.

—Me desculpe. -ela balançou a cabeça.

Será que Ammy estava pensando sobre o momento em que nossas mãos se encontraram ontem? Quando ela encostou o meu peito, para sentir os meus batimentos, e os acelerou completamente?

Porque eu, particularmente, só pensava naquilo e na minha raiva.

—Por que vocês dois não saem um pouco? -Jesse disse, e, para ser honesto, parecia ter uma intenção em sua voz- Vão dar uma volta pelo bairro. Respirar. Tomar um café.

—E você? -Ammy perguntou, para ele.

—Vou ficar aqui. Ainda tenho umas coisas para ver.

Algo me dizia que Jesse estava sempre criando situações, para que eu e Ammy ficássemos a sós.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now