—O nome dela é Vívian. E, sim.
—Com o que ela trabalha, mesmo?
—Também é professora. -respondi.
Eu tinha quase certeza que já tinha respondido aquela pergunta outras vezes. Mas minha mãe adorava repetí-la. Porque ela adorava fazer o seu drama, e dizer que meu pai havia trocado-a por alguma mulher mais fina e estudada. Como se eles dois não tivessem se separado, porque ela tinha traído-o com Alan.
—Oh. Uma casa com três intelectuais. -ela debochou, porque odiava a ideia de nós três estarmos convivendo.
Respirei fundo, e comecei a trocar os curativos do ponto dela. O joelho da minha mãe passado por uma operação, depois de ela escorregar na cerâmica, quando estava limpando a casa. Limpando, para deixar tudo perfeito para os três homens que nem queriam chegar perto.
—Você deveria ter feito enfermagem, ao invés de jornalismo. -ela comentou, enquanto eu passava a gaze- É boa nisso.
—Não sou.
—É melhor que seus irmãos, ao menos.
Porque eu me esforçava um pouco mais, eu pensei. Mas não falei.
—Você sabia que Luke também começou a fazer faculdade?
É claro que eu não sabia. Ninguém se dava o trabalho de me contar nada e eu, tampouco, o de procurar saber.
—Não. Sempre achei que ele ia tomar de conta da loja, com Levi e Alan.
Ela fez um não com a cabeça. E, segundos depois, ouvi a voz do ruivo, ali, na entrada do quarto:
—O que, Ammybeth? Achou que era a única com neurônios, dessa casa?
Suspirei fundo. Esse era o mais adorável dos meus irmãos. E, mesmo assim, me fazia querer morrer de ódio, a cada frase que falava.
Eles iam começar com aquele papo de novo. De que eu me achava melhor que todos eles, porque estava em Oxford. Que eu achava o meu pai melhor, também. Que eu pensava um monte de coisas que, no fim, eu pensava mesmo.
—Eu literalmente não disse nada. -senti meus ombros escolherem.
—Que seja. -ele disse, meio passivo-agressivo- Posso não estar estudando em uma universidade de renome, mas pelo menos não falto aula, para ficar servindo de marmita à famoso.
Eu poderia ter gritado. Eu poderia ter dilatado as minhas narinas, e ter falado várias coisas para tentar me defender. Eu poderia, inclusive, dizer que ele mesmo já tinha me chantageado, várias vezes, para que eu visse até San Diego e cuidasse de assuntos domésticos, quando eu estava em período de aula.
Mas eu não o fiz. Apenas balancei um pouco a cabeça, me sentindo triste e envergonhada e sem forças para brigar.
À noite, eu estaria em um palco, com Matthew. À noite, eu cantaria para dezenas de milhares de pessoas, pela primeira vez na vida. E com a minha banda favorita de todos os tempos, então... fodam-se todos eles.
Era o meu momento, cacete.
E eu tinha total consciência de que eu não deveria ficar de olhos fechados, quanto a Matthew. Eu sabia que ele poderia estar, apenas, jogando alguns papos bonitos naqueles dias, porque é isso que artistas fazem. Mas eu apenas decidi viver aquilo em paz, e eu ia continuar.
—À propósito, ele está aqui.
E então, minhas expressões ficaram confusas.
—Seu namoradinho está na porta. -Luke repetiu, e eu ouvi minha mãe pedir para que ele fosse mais gentil- Vai atendê-lo ou devo mandá-lo embora?
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Soa Como Desastre (+18)
Fanfiction"-Você vai ser minha de novo -Matthew declarou, com a voz mais rígida, do que carinhosa- Não me importa quanto tempo vai demorar. Não me importo se você vai resistir. Mas acontecerá." Quando o amor pareceu não ser o suficiente para mantê-los juntos...
44 | Don't Blame Me
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