44 | Don't Blame Me

Start from the beginning
                                        

—O nome dela é Vívian. E, sim.

—Com o que ela trabalha, mesmo?

—Também é professora. -respondi.

Eu tinha quase certeza que já tinha respondido aquela pergunta outras vezes. Mas minha mãe adorava repetí-la. Porque ela adorava fazer o seu drama, e dizer que meu pai havia trocado-a por alguma mulher mais fina e estudada. Como se eles dois não tivessem se separado, porque ela tinha traído-o com Alan.

—Oh. Uma casa com três intelectuais. -ela debochou, porque odiava a ideia de nós três estarmos convivendo.

Respirei fundo, e comecei a trocar os curativos do ponto dela. O joelho da minha mãe passado por uma operação, depois de ela escorregar na cerâmica, quando estava limpando a casa. Limpando, para deixar tudo perfeito para os três homens que nem queriam chegar perto.

—Você deveria ter feito enfermagem, ao invés de jornalismo. -ela comentou, enquanto eu passava a gaze-  É boa nisso.

—Não sou.

—É melhor que seus irmãos, ao menos.

Porque eu me esforçava um pouco mais, eu pensei. Mas não falei.

—Você sabia que Luke também começou a fazer faculdade?

É claro que eu não sabia. Ninguém se dava o trabalho de me contar nada e eu, tampouco, o de procurar saber.

—Não. Sempre achei que ele ia tomar de conta da loja, com Levi e Alan.

Ela fez um não com a cabeça. E, segundos depois, ouvi a voz do ruivo, ali, na entrada do quarto:

—O que, Ammybeth? Achou que era a única com neurônios, dessa casa?

Suspirei fundo. Esse era o mais adorável dos meus irmãos. E, mesmo assim, me fazia querer morrer de ódio, a cada frase que falava.

Eles iam começar com aquele papo de novo. De que eu me achava melhor que todos eles, porque estava em Oxford. Que eu achava o meu pai melhor, também. Que eu pensava um monte de coisas que, no fim, eu pensava mesmo.

—Eu literalmente não disse nada. -senti meus ombros escolherem.

—Que seja. -ele disse, meio passivo-agressivo- Posso não estar estudando em uma universidade de renome, mas pelo menos não falto aula, para ficar servindo de marmita à famoso.

Eu poderia ter gritado. Eu poderia ter dilatado as minhas narinas, e ter falado várias coisas para tentar me defender. Eu poderia, inclusive, dizer que ele mesmo já tinha me chantageado, várias vezes, para que eu visse até San Diego e cuidasse de assuntos domésticos, quando eu estava em período de aula.

Mas eu não o fiz. Apenas balancei um pouco a cabeça, me sentindo triste e envergonhada e sem forças para brigar.

À noite, eu estaria em um palco, com Matthew. À noite, eu cantaria para dezenas de milhares de pessoas, pela primeira vez na vida. E com a minha banda favorita de todos os tempos, então... fodam-se todos eles.

Era o meu momento, cacete.

E eu tinha total consciência de que eu não deveria ficar de olhos fechados, quanto a Matthew. Eu sabia que ele poderia estar, apenas, jogando alguns papos bonitos naqueles dias, porque é isso que artistas fazem. Mas eu apenas decidi viver aquilo em paz, e eu ia continuar.

—À propósito, ele está aqui.

E então, minhas expressões ficaram confusas.

—Seu namoradinho está na porta. -Luke repetiu, e eu ouvi minha mãe pedir para que ele fosse mais gentil- Vai atendê-lo ou devo mandá-lo embora?

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now