44 | Don't Blame Me

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Na verdade, sequer achei que eles conhecessem Matthew ou a The Grave. Aquela casa nunca teve contato com boa música, e acho até que eles odiavam-a, considerando que, uma vez, eu toquei violão de manhã cedo, e à noite Levi tinha estraçalhado-o.

Mas tudo bem. Meu coração poderia errar as batidas, quando eu estava aqui, porém eu tinha  outro lugar para ir. Eu tinha para onde fugir e ficar longe. Muitas pessoas não compartilhavam da mesma sorte.

E, para ser honesta, eu estava até bem mais calma do que eu achei que ia ficar. Decorei ligeiramente os horários da minha mãe, para poder cuidá-la naqueles dois dias, e consegui contratar um enfermeiro para as próximas duas semanas, que era o que ela precisava. Isso graças a um cheque que o empresário de Matthew havia me dado.

Me senti mal por aquilo, quando estávamos no estúdio. Me senti mal, porque depois de ter realizado vários sonhos naqueles dias, não era justo que eu ainda arrancasse dinheiro deles. Mas não houve muita discussão. Mark disse que eu ia receber uma parte dos royalty's da música, e ainda me pagou um adiantamento pelas "horas trabalhadas". Tipo, fala sério...

Eu não queria dinheiro nenhum. Principalmente depois de ouvir Levi falar, ontem, que eu era uma aproveitadora fajuta, e que se impressionava de ainda ter homens estúpidos o suficiente para cair no papo de uma "virgenzinha. ou ex-virgenzinha, tanto faz."

Mas é claro que o discurso dele cessou, quando o dinheiro da banda beneficiou aquela casa horrorosa.

—Você não sente saudade de ficar por aqui, filha? -Samanta perguntou, logo depois de eu arrumar os travesseiros de sua cama.

Eu odiava o cinismo dela.

Sentir falta de casa? Por favor, não é? Estar no meio de três homens predadores e mal educados e que sugaram todo o dinheiro que o meu pai mandou para mim, por todos aqueles anos, e que nunca me respeitaram como ser humano, não era a minha coisa favorita da vida. Muito menos, porque minha mãe nunca me defendia de porra nenhuma.

Eu me perguntava como uma mulher que havia se apaixonado por um homem como George Brown -vulgo, meu pai- conseguiu se apaixonar, também, por Alan e seus filhos grosseiros.

Mas foda-se. Em algumas poucas horas eu pegaria um táxi, e iria encontrar Mathew. Em um dia, eu pegaria um avião e encontraria o meu pai, na Inglaterra. Não valia a pena me irritar por coisas que nunca mudariam.

Sem Alan para olhar em minha direção,  como se eu fosse um desperdício de oxigênio e, ainda assim, tentar puxar assuntos de forma falsamente simpática, à mando da minha mãe, e com Levi passando a maior parte do dia na loja, a minha quarta e a minha quinta-feira tinham sido quase tranquilas.

Luke mal falara comigo. Apenas perguntou como estavam os estudos, e como eu tinha me enfiado no meio de pessoas famosas. E minha mãe mal conseguia falar, em geral.

—Passo tanto tempo na faculdade, que não consigo pensar em outra coisa. -falei, e não era mentira. Pelo menos, não foi, pela maior parte do tempo.

Minha mãe suspirou, com um pouco de decepção.

—Como está o seu pai? Ainda está vendo-o todo fim de semana?

—Esse foi uma exceção. Mas, sim, estou.

Eu não gostava quando ela perguntava dele. Ter o nome do homem citado, aqui, era um perigo completo.

—Ele ainda está com aquela biscate?

Ah, meu Deus...

É. Mais de 36 horas e nada daquela pergunta era de se estranhar mesmo.

Soa Como Desastre (+18)Where stories live. Discover now