Capítulo 5

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Mavis

A linha passava e voltava, assim. Como a agulha que entrava e saía do tecido e do couro.

Por um momento eu havia esquecido que aqui não existia máquina de costura, ou se existia a Leah não possuía uma, pois fazia tudo a mão.

— Seus pontos são bons, e resistentes a puxões. -ela disse testando um colete que eu havia acabado de costurar.

— Pra quê isso? -questiono vendo ela dar vários puxões firmes na peça.

— Illyrianos são brutos demais, tão brutos que rasgam quase tudo o que vestem, estou testando a resistência disso. —ela fala— está aprovado.

Ela jogou na pilha de trinta que eu havia costurado hoje, e ao meu lado havia uma pequena de cinco armaduras de couro que eu estava fazendo, uma por uma.

— Com quem aprendeu a costurar? -ela pergunta— e a fazer um sapato tão bem feito..

Ela observa a bota que eu havia feito de teste.

— A minha avó é costureira. —engulo dolorido ao lembrar dela— meu avô era sapateiro, aprendi tudo com eles, eu e o meu primo.

— Hum.. —ela me olha por um tempo— eles são bons?

— Já terminei esse. -mudo de assunto colocando a armadura em cima das outras.

— Ok. -ela disse percebendo que eu não queria falar sobre.

E realmente não queria, ainda é doloroso e acho que não irá parar de doer.

— Acho que terminamos daqui alguns minutos. -falo.

Já haviam se passado três dias e eu estava bem dizer um pouco melhor. Não bem de fato mas melhorando. E como eu havia prometido a illyriana eu me tornei invisível, ninguém até agora sabia que eu estava abrigada em sua casa e muito menos desconfiavam.

A essa altura já deveriam estar a minha procura, e se Deus quiser pensarão que eu morri. Um humano não sobreviveria a aquela queda da montanha, eu sobrevivi por um golpe de sorte, muita sorte.

— O que acha de sair? -pergunta.

Eu me engasgo.

— O que!? -retorno a mim.

Ela me olha calma.

— Sair um pouco, devidamente disfarçada, claro, para respirar, eu iria com você. -disse.

— Agora? -questiono olhando pela janela, o Sol da manhã a atravessando calorosamente.

— Ponha uma capa. —ela manda— vou te levar a uma curandeira de minha confiança, ela não vai revelar nada a ninguém.

— Tem certeza? -pergunto.

Ela assente.

— Minha mãe jamais abriria a boca. -falou.

Eu assenti, se era a mãe dela eu não deveria discutir.

Quando eu pus os pés para fora da cabana eu observo em volta os pinheiros, atenta por baixo do capuz.

— Vem. -ela disse passando por mim.

Eu a segui, com atenção dobrada a cada ruído, o caminho foi silencioso e eu não desejava quebrar aquele silêncio pois não queria deixar nada passar despercebido.

Foi quando um som se intensificou, um som de pessoas. Leah segurou a minha mão e me puxou, nós surgimos em um local cheio de lama e cabanas, e muitos... inúmeros illyrianos. E eu percebi, o acampamento illyriano.

Corte De Trevas E Sombras | •AcotarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora