capítulo 95

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Lara

5 meses depois...

Já tinha se passado 5 meses de tudo e eu graças a Deus consegui me estabelecer, por mais difícil que tenha sido eu ergui minha cabeça e consegui um trabalho, aluguei uma casa e tirei minha tão sonhada carta. Acabei colocando o diu, mesmo que eu não pretenda e nem vou ter relações com alguém, preferi colocar.

Não tem sido fácil criar 2 filhos sozinha com apenas 18 anos, sim, o pai simplesmente sumiu da vida deles, é muito triste para mim, mas não vou ir atrás.

Aniversário de 2 anos do Miguel aconteceu e eu me virei para pelo menos fazer o simples para o meu filho, fiz uma festinha com o dinheiro que eu estava juntando e chamei as pessoas mais próximas para comemorar junto com nós.

Jade já está com 6 meses, começou a introdução alimentar e está a coisa mais gostosa e esperta da mamãe.

Ellen e Maurício tem sido uns amores comigo desde tudo que aconteceu, sempre fazem uma compra do mês e trazem aqui para mim, por mais que eu tenha um trabalho, o dinheiro não é suficiente para eu acabar bancando nós 3 sozinha.

Eu e a Clara ficamos esses meses separadas, mas hoje ela veio aqui fazer uma visita para nós três.

Clara: como vc está?

Eu: bem na medida do possível. - suspirei. - para de jogar bola Miguel.

Clara: e enquanto ao perigo? - eu esfreguei o prato. - tem ligado para as crianças?

Eu: queria muito viu? - olhei para ela. - mas não está fazendo merda nenhuma, estou fazendo tudo sozinha. - ela negou.

Clara: papagaio disse que ele está se afundando nas drogas, ele está usando tanto que estão até dizendo que a morte dele está próxima. - eu olhei para ela sentindo um aperto num coração.

Eu: juro que não queria isso, nunca quis, mas eu não posso fazer nada por ele, ele escolheu o caminho dele.

Clara: ele não está conseguindo nem tomar conta do morro amiga, situação está crítica.

Eu: e quem está cuidando? - terminei de lavar a louça e virei para ela.

Clara: papagaio e mais uns mlks lá, mas a renda tá caindo muito. - eu neguei. - papagaio vai internar o perigo numa clínica.

Eu: muito triste, mas isso são as consequências das escolhas dele. - ela concordou. - não queria ver o pai dos meus filhos nessa situação. - limpei as lágrimas. - o foda é ver que ele me deixou na mesma situação ou até pior.

Clara: entendo.

Eu: oi gostosa. - disse vendo a Jade conversar toda empolgada no carrinho dela. - ele perdeu tanto o desenvolvimento dela amiga.

Clara: eu sei que sim, acabou sendo um idiota. - eu concordei. - como o Miguel está lidando com tudo?

Eu: sempre pergunta pelo o pai.

Clara: e vc diz o que?

Eu: falo que ele viajou, mas já volta. - suspirei. - meu pior medo é ele acabar nunca voltando e eu ter que ficar mentindo para os meus filhos.

Clara: vc voltaria para ele? - eu olhei para ela e pensei por uns minutos.

Eu: não, se fosse só eu, eu voltaria por tudo que nós vivemos, mas tenho os meus filhos e tenho que pensar no melhor para eles. - ela concordou - eu só voltaria se ele tivesse mudado e eu realmente percebesse isso sabe?

Clara: está certa amiga, agora vc tem que pensar realmente nessas criancinhas que dependem demais de vc.

Eu: sim, tenho muito que agradecer a sua mãe e seu padrasto.

Clara: eles estão te ajudando?

Eu: sim.

Clara: que bom, fico muito feliz vendo que minha mãe encontrou alguém tão bom para ela.

Eu: eu também fico feliz pela tia, ela merece e muito. - a Clara concordou - tenho muito orgulho e respeito por ela ter criado vc sozinha, te falo por experiência própria que não é fácil.

Clara: nunca te contei, mas... Eu não quero ter filhos por esse motivo também sabe? - eu concordei - medo do papagaio fazer o mesmo, ele diz que me ama, mas o perigo também dizia isso para vc e olha tudo o que ele te causou.

Eu: não é fácil.

Clara: eu sei que não, eu vi tudo que minha mãe passou amiga, ela não sabe, mas eu não conseguia dormir pq ficava preocupada com ela e com medo dela ter aquelas crises dela, eu tinha que fingir que estava dormindo para ela não ter mais preocupações comigo.

Eu: imagino, deve ter sido um trauma terrível para vc. - A Clara concordou. - espero não ver meus filhos passando pelo o mesmo.

Clara: sei que não é o momento, mas agradeça que isso aconteceu enquanto eles são pequenos, eu tinha 6 anos quando ouvia as discussões da minha mãe com um cara que ela teve um relacionamento, tudo começou acontecer, brigas, xingamentos, agressões e até que fim aquele monstro foi embora.

Eu: o perigo nunca chegou a me agredir e nem nada do tipo, mas as palavras dele me feriram muito.

Clara: sim, eu imagino. - eu suspirei e me sentei na mesa em frente a ela.

Eu: eu só queria muito minha família de volta mesmo sabendo que não é possível sabe? Não queria e nem quero realizar isso com outra pessoa, acabo sentindo que só posso amar ele. - meus olhos encheram de lágrimas.

Clara: é um amor que dói muito né amiga?

Eu: dói muito o coração, mas não chega nem perto do amor que eu tenho pelo os meus filhos, esse amor chega a doer até na alma entende? - ela concordou. - se for preciso e pelo o bem dos meus filhos, eu fico solteira e vivo por eles, eles são e sempre serão minha maior força. - ela me olhou emocionada.

Clara: eu fico tão emocionada em te ver sendo mãe sabe? - ela limpou as lágrimas nos cantos dos olhos. - tipo, é muito doido ver que vc não teve nem um pingo desse amor, mas mesmo assim se entrega de corpo e alma por eles, eles tem muita sorte em ter vc como mãe, vc com certeza seria meu exemplo se eu fosse mãe um dia. - disse chorando e eu comecei a chorar junto.

Eu: eu juro que não entendo como eles não conseguiram ter um pingo de compaixão por mim, poxa, eu era a filha deles, sangue do sangue deles, mas mesmo assim não conseguiam sentir amor por mim e hoje eu sei qual é o amor de uma mãe por um filho e posso te dizer que aqueles passaram longe disso, não dava nem para chamar eles de seres humanos sabe? Não sentiam amor algum pelo o próximo.

No morro Where stories live. Discover now