No morro

capítulo 14

Lara

Eu e o perigo tínhamos acabado de voltar do churrasco na casa do papagaio e eu olhei pra ele.

Eu: falou sério naquela hora? - me sentei no sofá.

Perigo: qual? - disse digitando no celular.

Eu: que me assumiria.

Perigo: sim - eu sorri, mas logo fechei o sorriso.

Eu: mas vc só está fazendo isso pq estou esperando um filho seu né? - ele desligou o celular e o colocou em cima do rack.

Perigo: se fosse assim eu teria que assumir a Samira também.

Eu: mas vc não tem certeza que o filho é seu, o meu vc tem.

Perigo: mas tem probabilidade. - eu concordei e fiquei quieta. - vou ir lá na boca resolver uns bagulhos, mais tarde estou de volta.

Eu: tá bom.

O perigo saiu de casa e me deixou sozinha.

Eu levantei do sofá e subi lá para cima suspirando.

Meu celular vibrou no bolso e eu o peguei e li a barra de notificação, era mensagem da Clara falando pra eu ir tomar açaí com ela.

Eu aceitei e desci novamente, peguei a chave e sai de casa.

Fui até onde iríamos comprar o açaí e fiquei aguardando ela.

Eu: finalmente em. - ela veio até mim.

Clara: papagaio tava de graça para o meu lado. - eu sorri.

Eu: eai?

Clara: o que?

Eu: vai pegar ele? - a gente entrou e fomos comprar os açaí.

Clara: não sei, acho que não.

Eu: aaaa pq? Ele é uma gracinha, sem contar que vcs combinam.

Clara: sério?

Eu: até o perigo disse isso.

Clara: nossa, quem diria que meu ex marido iria me shippar com o parceiro dele - disse e eu dei um tapa nela que riu. - estou zoando, ele é todo seu, nunca foi meu marido.

Eu: acho bom.

Clara: em falar no perigo, cadê ele?

Eu: foi resolver alguma coisa lá na boca.

Clara: ele não vai brigar com vc? - eu olhei pra ela sem entender.

Eu: pq?

Clara: por sair essas horas da noite. 21:00 horas já.

Eu: eu nunca sai esse horário, mas acho que ele não liga não. - ela concordou e fez o pedido e logo depois pegou nossos açaí.

A gente foi para a pracinha que tem no parque e se sentamos.

Clara: já pensaram no nome que vão dar para o baby de vcs?

Eu: se perigo pegar vc chamando nosso bebê de "baby" ele acaba com sua raça - ela riu - a gente ainda não paramos pra pensar nisso, está cedo. - coloquei uma colher cheia de açaí na boca.

Clara: cedo? Gravidez passa voando.

Eu: e como vc sabe pra tá falando? Já é mãe por acaso?

Clara: tá repreendido - ri da cara que ela fez. - lembra do Yuri? Bebê que minha mãe perdeu com 7 meses de gestação.

Eu: lembro sim.

Clara: gravidez passou voando, rápido demais.

Eu: agora ele ia estar com uns 10 anos né? - ela concordou. - que dor! Não consigo me imaginar perdendo meu bebê. - toquei na minha barriga.

Clara: tá repreendido isso daí, mas toma cuidado, muito mal olhado por aí. - disse encarando algo atrás de mim.

Eu virei e vi a Samira sentada na moto do perigo com ele na frente pilotando.

Clara: o que esses dois estão fazendo?

Eu: não sei. - o perigo saiu com a moto em direção a saída do morro com a Samira empinando a bunda em sua moto. - eu deixei o açaí de lado e levantei. - vou ir pra casa, tá?

Clara: a não amiga, jura que vai ficar mal por conta disso? Não vale a pena.

Eu: eu sei, será que dá pra eu dormir na sua casa hoje?

Clara: eu ia dormir lá no papagaio hoje. - eu olhei pra ela com malícia e ela riu. - mas se vc quiser eu marco pra outro dia.

Eu: não, pode ir lá se divertir. Eu fico em casa mesmo.

Clara: tem certeza amiga?

Eu: sim, vai lá e se diverte muito por mim.

Clara: pode deixar.

Eu: vai ficar com ele né?

Clara: sim.

Eu: mas minutos atrás estava em dúvida. - ela riu.

Clara: mas eu já decidi.

Eu: aaaa sua safada. - disse dando um tapa na bunda dela.

Clara: aí piranha.

A gente terminou de tomar o açaí e subimos o morro até a casa do papagaio.

Papagaio: eai meninas. - abriu o portão e a gente entrou - já decidiu sobre aquilo? - olhou pra Clara.

Clara: sim, vou dormir aqui.

Eu: é hoje em papagaio. - toquei no ombro dele.

Papagaio: finalmente. - disse e a Clara riu negando. - cadê o perigo? - eu fechei a cara.

Clara: nem toca nesse assunto.

Papagaio: ok - levantou os braços em rendição.

Eu: já vou indo pra casa gente.

Papagaio: já? Acabou de entrar.

Eu: tenho que tomar banho ainda e sem contar que já estou morrendo de sono.

Clara: vai ir trabalhar amanhã?

Eu: sim.

Clara: vou ir contigo. Será que tem vaga lá?

Eu: tem sim.

Clara: vou ir lá amanhã. - eu concordei.

O papagaio abriu o portão, eu me despedi deles e fui em direção a casa do perigo.

Eu subi a rua devagar enquanto sentia um enjoo bem forte.

Eu: caramba neném, da enjoo na mamãe logo agora? - me sentei na calçada de uma casa e esperei um pouco do enjoo passar.

×××: tá tudo bem moça? - uma mulher veio até mim.

Eu: sim, só estou com enjoo.

×××: vc mora aqui perto? Quer que eu te leve até em casa?

Eu: não, obrigada. Eu consigo ir. - ela concordou.

×××: quer um copo com água? - eu concordei.

A mulher entrou dentro de casa e depois voltou com o copo com água.

Eu bebi rapidamente e me recuperei.

Eu: obrigada moça - ela sorriu e entrou para dentro de casa.

Eu levantei e fui andando devagar até em casa.

Entrei e vi que o perigo estava no sofá com a Samira ao seu lado.

Perigo: tava na onde? - eu coloquei a chave no rack e me virei pra ele.

Eu: não te interessa. - disse e subi para o quarto correndo.

Eu me deitei na cama sentindo um ódio terrível do perigo e tentei dormir.