Capítulo Doze

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Por favor, que Sana não esteja acordada. Por favor, que Sana não esteja acordada.

Momo se dera conta, assim que as duas chegaram ao estacionamento atrás do prédio dela, que era melhor ter sugerido que elas fossem para a casa de Mina. Mina não dividia o apartamento com ninguém, mas Momo já fizera o convite e não tinha coragem de tentar retirar parte do que sugerira, por medo de parecer que estava tentando retirar tudo que sugerira.

O que não era o caso. Nem de perto, não agora, não quando aquele relacionamento nebuloso entre elas finalmente começava a tomar forma e se tornar algo real.

Virando a chave, Momo abriu a porta e espiou a sala escura. Todas as luzes estavam apagadas, com exceção da luminária em formato de abacaxi na bancada de café da manhã, a mesma que elas sempre mantinham acesa durante a noite, não importando o que acontecesse.

Suspirando de alívio por sua sorte, Momo deu mais alguns passos pelo apartamento, indicando para que Mina a seguisse.

Mina já tinha ido lá, mas só uma vez, e não passara do batente da porta. Agora, seus olhos faziam uma inspeção curiosa da sala de estar minúscula. De vez em quando ela parava, concentrando-se nos diversos cacarecos espalhados nas superfícies, lembrancinhas e recordações preciosas que Mina e Sana tinham acumulado. Era justo, afinal Momo também tinha tomado seu tempo se familiarizando com o mobiliário austero de Mina.

O apartamento de Momo era bem mais colorido. E bagunçado. Um porta-alfinetes em formato de sushi estava próximo demais da beirada da bancada da cozinha. Havia fotos em molduras de tons Pantone vívidos penduradas tortas nas paredes e um vidro de tempestade em formato de nuvem no parapeito, os pontos pequeninos no líquido prevendo neblina. Uma tapeçaria enorme com a roda do zodíaco ocupava a maior parte da parede ao lado do sofá. Sapatos estavam empilhados ao lado da bancada da cozinha, a maioria de Momo, exceto por um par de botas que pertencia à Sana. Bem no meio da sala, havia uma única meia largada, e Momo não se lembrava de jeito nenhum como aquilo tinha ido parar ali.

— Imagino que não tenha se mudado há pouco tempo — disse Mina, dando um sorrisinho irônico por cima do ombro.

— Haha. Não. Eu já moro aqui há… quatro anos? Cinco?

— Com Sana? — perguntou Mina.

— Com Sana.

Mina olhou pelo cômodo e indicou com o queixo o bonequinho de astronauta na estante de livros, arqueando uma sobrancelha.

— E onde está Sana?

Momo apontou por cima do ombro com o polegar.

— Provavelmente no quarto dela.

Seu estômago deu um salto mortal quando Mina assentiu de novo e deu um passo para mais perto dela, os polegares enfiados no bolso da frente. Casual, elegante. Os passos nem vacilavam conforme ela colocava um pé diante do outro, parando a menos de meio metro de Momo.

— E o seu quarto fica…?

Momo puxou o lóbulo.

— Também no final do corredor. Não confunda com o banheiro. Não que meu quarto se pareça com um banheiro, só que você levaria um susto se por acaso confundisse os dois. Basicamente, fica tudo no final do corredor. É pequeno. O apartamento.

— Posso ver? — perguntou Mina, prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Momo girou os anéis de seus brincos de Netuno.

— Meu quarto?

Dando mais um passo, parando tão perto que Momo não tinha mais para onde ir, tão perto que os dedos dos pés das duas encostaram, Mina pôs a mão no quadril dela e assentiu.

Presságios Do Amor - MimoWhere stories live. Discover now