Capítulo 11 - Pequena Novidade.

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Manny.

Acordo ofegante com o sonho que tive, com meu peito com mil pedras em pesar. Era horrível essa sensação, horrível esse buraco gigantesco. No sonho eu estava a beira de um penhasco, meu pai estava prestar a cair se eu não conseguisse manter a forçar em continuar o puxando pela mão, eu o impedia de cair. Minha mão agarrava desesperadamente a dele. Minha mãe aparecia e eu pedia sua ajuda, e ela abaixava me ajudando a puxar meu pai, quando ele retorna a terra a salvo, suspirei aliviado me levantando. O olhar que minha mãe lançou sobre mim com seus olhos castanhos firmes congelou minha alma. Era um olhar repleto de desprezo, carregado de um julgamento.

- Você quem deveria ter morrido, não ele. Seu pai teria tanta vergonha de você. - Ela me jogou para o abismo, e eu senti a queda vertiginosa enquanto a terra desaparecia sob meus pés.

Aquelas palavras, tão vividas para mim, palavras que ela me disse quando sai de casa para a faculdade, cortaram fundo em mim, como lâminas afiadas atravessando minha pele. E mesmo depois de tudo eu retornei ano após anos só para ser ferido outra vez.

Ano após ano, eu retornava àquela casa, àquele ambiente tóxico, na esperança de que as coisas pudessem ser diferentes. Na esperança de que talvez ela pudesse enxergar o meu valor, me aceitar pelo que sou. Mas, mais frequentemente do que não, eu era recebido com mais desaprovação, mais julgamento, e mais palavras cortantes que reavivavam minhas inseguranças.

Por Deus, por que me importo tanto? Seria tão mais simples não me importar com nada como Mike sempre faz, como se as preocupações e os dilemas fossem apenas passageiros insignificantes em sua vida.

De superar e seguir em frente sem lamentar como Sophia. Era quase como se ela tivesse uma capacidade inata de encontrar a alegria no presente, sem ser consumida pelos ecos do passado.

Respiro fundo, tentando acalmar minha mente e olho pra o relógio que mostrava ser três da manhã.

Encaro o Stetson marrom que Spencer comprou, sobre a minha cômoda, ele a deixou aqui quando deve que sair para o trabalho, tinha um novo caso. Ele dormiu por aqui dois dias, e fazia quatro dias que foi para algum lugar na California. Havia um misto de sentimentos dentro de mim, uma saudade antecipada, uma preocupação e um desejo silencioso de que ele estivesse ao meu lado.

Eu percebi sua relutância em me deixar sozinho, estava claro como ele queria cuidar de mim como se eu fosse um animal ferido na beira da estrada. Eu não estou bem, confesso. Mas sobrevivo, sempre sobrevivi perfeitamente bem, dia após dia desde a rejeição de minha mãe. Só precisava encarar isso como um fim, não uma continuação, não tinha espaço para um relacionamento mãe e filho quando ela o preenchia com preconceito. Eu sempre soube disso, só custei a aceitar. Meus pensamentos voltaram para minha mãe e as palavras cortantes que ela proferiu. O vazio que ela deixara em nossa relação era evidente, mas eu sabia, no fundo do meu coração, que era melhor viver sem esse relacionamento tóxico do que tentar preencher o espaço com preconceitos e julgamentos.

Olhando para o Stetson, senti uma onda de tristeza misturada com gratidão. A presença de Spencer em minha vida era um presente, uma constante lembrança de que havia alguém que genuinamente se importava comigo. Era difícil não me sentir um tolo, incapaz de ser uma companhia adequada para alguém tão incrível quanto Spencer.

Esfrego minha testa e volto a deitar, preciso dormir. Dormir deveria tornar tudo mais fácil, sem pensamentos, mas até em sonhos sou perseguido.

Inferno.

Encaro o teto e faço minha contagem para tentar dormir.

- Romeu e Julieta, Antônio e Cleópatra, Hamlet, Muito Barulho por Nada, Otelo, Medida por Medida, A Comédia dos Erros.... - vou contando as obras de Shakespeare até pegar no sono novamente.

Golden LoveTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang