Capítulo 1 - A arte em admirar

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Manny.

Eu suspiro fundo quando escuto o sinal da escola tocar indicando a troca de aula, e para minha sorte de sexta feira essa foi a minha ultima. Chamo a atenção dos meus alunos para que eles não esqueçam de ler o capitulo do livro da semana para a próxima aula. Os alunos saem se despedindo me desejando bom final de semana, e retribuo. Eu tinha uma ótima relação com meus alunos, eles me respeitam e me admiram, não atoa eu recebia o titulo de príncipe daquele colégio. Não nego, eu sou um professor  adorável. Mas confesso que esse titulo era cafona, porém apropriado.

Ser o queridinho tinha seus males, por exemplo levar o dobro de tempo para sair da escola, já que a cada segundo alguém vinha a mim para conversar. Esse era o preço de ser querido, e por Deus, eu amo isso!

Mas ser um professor assumidamente gay em uma escola publica, e ficar conhecido como príncipe me surpreendeu. Nunca duvidei de quem sou, me esconder, esconder minha sexualidade num cubículo não combinava comigo, mas no meio acadêmico isso podia ser visto como um problema. O que foi, por muito tempo tive que aturar comentários e olhares atravessados, mas  aqui nessa escola não foi na proporção que imaginei, cheguei aqui a mais de dois anos e eu fui bem aceito, eu me encaixei. Bem, desde que eu não aparecesse nos vestiários masculinos tudo ficava bem, quer dizer nos femininos também. Na verdade era melhor eu evitar qualquer vestiário, isso era trabalho de professores de educação física e inspetores. Quando se é professor deve-se ter um alto cuidado no tipo de relação que se tem com os alunos para não ocorrerem maus entendidos. 

Apesar de alguns pontos chatos e tediosos, eu amo lecionar, e amo lidar com adolescente. O que muitos acham absurdos por se tratar da pior fase do ser humano, mas eu não. Adolescentes tem todos os melhores traços do ser humano, é uma fase de amadurecimento, descobrimento e conhecimento. Possuem a candura infantil mesclado ao despudor adulto. A força e expectativas necessárias para se viver nesse mundo, uma pequena magia que me traz a esperança do ser jovem e ter o mundo aos seus pés. Mas eu não sou santo, tinha momentos que eu poderia facilmente enforcar cada um deles. Mas não era frequentemente. Eu amo meus alunos e a ideia de poder mudar a vida deles através do conhecimento.

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A noite me arrumo para encontrar alguns amigos da época da faculdade que eu não via a tempos e sempre que nos reuníamos eu não via o tempo passar nem as bebidas entrarem. Entre conversas, fofocas, lamentações, sorrisos, musicas e danças a noite seguiu. Na manhã seguinte eu acordo em um salto, quando me dou conta que talvez eu tenha dormido demais e perdido o horário.  Sinto minha cabeça rodar em confirmação de que eu realmente exagerei na bebida ontem a noite.

- Chá? - Mike pergunta ancorado ao balcão quando me ver sair do quarto, eu ajeito meu cabelo mais uma vez e nego com a cabeça. Olhar para ele me lembrava de realinhar meus fios, Mike possui um cabelo castanho com um loiro escuro desbotado nas pontas que nunca avistou um pente na vida.  -Ah claro, esqueci do seu compromisso sabático. Coitado mal sabe que tem um stalker - ele prende um sorriso sínico nos lábios e eu o queimo com meu olhar enquanto ele leva a xícara a boca eu torço para que ele se queime com o liquido.

- Não estou perseguindo ninguém, eu gosto do croissant de lá.

- É claro. - ele repousa o xícara no balcão e vem até mim depositando a mão esquerda em meu ombro e eu observo sua unhas ridiculamente pintadas em verde e rosa. - Cara, chega nele. Não entendo por que de tanto medo quando você é o segundo cara mais bonito dessa cidade. 

- Segundo? Eu obviamente sou o primeiro. - o afasto com meu braço, e pego meu casaco. 

- Quem vê até acredita nessa sua autoestima inabalável, mas eu conheço o outro lado do principezinho da Alexandria High School. - zomba.- O cara que frequenta a mesma cafeteria no mesmo dia e horário nos últimos 8 meses só para ver um cara qualquer tomando café. Maníaco.

Golden LoveWhere stories live. Discover now