(22) Californication | 2012

Começar do início
                                    

Graham estava tão apaixonado que era diabético. Eu não sabia porque o homem insistia naquela vida de festas e garotas para uma noite só, se tinha a oportunidade de transformar aquilo em algo.

Digo, eu passei um mês procurando por uma menina, porque ela mexeu com meu coração, e ele estava com o amor da sua vida bem debaixo de seu nariz e ficava negando aquilo.

—Ela parece ser tão legal. -Ammy disse, com uma voz suave- Nós conversamos muito.

—Eu percebi. -falei, largando o livro que estava em minhas mãos- Inclusive, fiquei curioso, sobre o que vocês duas riam tanto.

Eu não estava tão curioso assim, já que eu sabia exatamente o que era.

—Assunto de menina. -ela deu de ombros.

Ah meu Deus. Eu estava obcecado por cada expressão de Ammy, e pela forma como sua voz soava, quando ela tentava falar baixo, para não acordar os que já estavam adormecidos.

—Por que vocês tem serviço de bordo, se são apenas 8 passageiros? -perguntou, enquanto encarava a mulher servindo o jantar de Graham e Mary.

Para ser honesto, eu também não sabia.

—Mark Williams resolve tudo. -respondi, com o nome do meu empresário- Nós apenas aproveitamos.

—Jesus, isso deve ser um sonho. -ela suspirou- Uma pessoa movendo as suas vidas e vocês só... aproveitando.

Dei de ombros. Era estranho como eu já havia me acostumado com aquilo.

—Na maior parte do tempo, é mesmo.

—Não consigo imaginar em que circunstância isso poderia ser ruim. -ela disse, um pouco inocente sobre o que era estar no meio musical.

Eu entendia o que ela dizia. Já estive naquela posição, também.

—Ainda é uma pessoa controlando a sua vida, no final das contas.

—Oh. Então, vocês tem uma história de vilão, com o empresário? Tal qual Tom Parker e Elvis Presley?

Acabei dando uma risada para aquilo. Ammybeth realmente via a minha vida e a dos meninos de acordo com uma realidade paralela, criada pelos documentários e séries que a menina, provavelmente, consumia. E, por alguma razão, era divertido ver aquela visão tão adocicada sobre como funcionavam os nosso dias.

Não que eu não amasse a minha vida com a banda. Eu amava. O The Grave era tudo o que eu tinha, para ser honesto.

Mas, com o passar do tempo, as coisas vão se tornando menos cor de rosa. E era bom ter uma pessoa relembrando sobre o quão mágico tudo aquilo poderia ser.

—Não, não tenho uma história de vilão, com o meu empresário. -respondi, com o ar divertido.

E Ammy estava prestes a fazer mais uma de suas milhares de perguntas que nunca acabavam, quando a comissária perguntou sobre a nossa comida.

À nossa frente, separados pela mesa, estavam Alex e Dylan no décimo sono.

—Deveríamos acordá-los? -ela perguntou, baixinho.

Deveríamos? Digo, eu queria conversar um pouco mais com Ammy, sem eles dois -especialmente Dylan- atrapalhando a nossa conversa. Mas nós quatro não havíamos nenhuma refeição de verdade desde que saímos de Bristol, e não era certo que eu deixasse os meus amigos dormirem com fome e...

Ah, merda. Eu tinha que acordá-los. E fiz isso, antes de encarar um Alex meio mal humorado e um Dylan feliz por ver comida à sua frente.

—Uhuuu. -O guitarrista exclamou. Ele amava serviço de bordo- O que Mark mandou preparar para nós?

Soa Como Desastre (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora