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Isabella, 10anos🌸

Olho para minhas mãos sujas de canetinha, estava na aula da tia Márcia quando a diretora entrou me chamando.

O motorista estava me esperando, disse que tinha ordens para me levar para casa, não entendi o motivo a aula nem havia acabado.

Será que papai está me esperando para irmos ao cassino? Ele prometeu terminar de me ensinar alguns jogos se eu fosse boazinha, eu tenho sido boazinha nesses últimos dias.

Balanço as pernas, será que um dia vou crescer? Minha irmã Megah me chama de nanica, ela me irrita, aquela loira feia.

O motorista me ajudou a descer do carro e eu fui correndo para entrar em casa, me assusto com a quantidade de pessoas que estão aqui, muitos rostos desconhecidos.

Será uma festa?

Mas então por que eles parecem tristes? Por que eles não me olhavam? E por que estavam chorando?

Ignorando-os, corri até o escritório de papai, o único lugar em que ele poderia estar esperando, provavelmente enquanto tomava sua bebida que fedia a remédio.

Caí de joelhos com a cena que eu vi. Ele não estava à mesa, como eu imaginei que estaria.

Estava deitado sobre o sofá, com os olhos fechados, os lábios semiabertos e o peito não se mexia, um buraco de acima de seu coração e sangue manchava a camisa branca.

Não! Não! Não! Rastejei até o sofá, sem conseguir controlar a força das minhas pernas. Eu tremia da cabeça aos pés. Lágrimas turvaram a minha visão, sentia meu coração apertar em meu peito, as lágrimas nublando a imagem sombria de papai.

- Por favor - implorei, chegando até ele. - Por favor papai. - Toquei em seu rosto, sentindo a pele que era tão quente, macia e aconchegante ser transformada agora pela frieza e rigidez.

- Não! Por favor! Eu serei boa papai eu prometo. - gritei, chorando tão alto que Las Vegas inteira poderia ouvir.

- Papai, acorde, por favor. - Balancei a cabeça e as lágrimas molharam a gola do meu uniforme escolar. Senti as mãos de alguém em meu ombro em uma tentativa de me afastar do corpo, mas eu o impedi, deitando-me sobre papai.

- Não... ah... por favor! - roguei, suplicando pela vida que havia sido perdida....

Voltei para papai e enrosquei os dedos nos cabelos grisalhos. Seus olhos estavam fechados e eu não sentia o coração bater em seu peito. A cor de sua pele também estava diferente, pálida e opaca. Comprimi o ferimento de um buraco, manchando as minhas mãos com o sangue, como se pudesse estancar o sangramento.

Ele era o melhor pai do mundo, o meu herói. E heróis não morriam.

 ETHAN -  Família LeBlanc.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora