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(volume 2)

Pedro Snoka está entediado. Ele não tem nada para fazer em casa, exceto assistir TV ou ler livros de mangá.
Ele suspira e se deita na cama, fechando os olhos, esperando que o sono o leve logo. Mas isso não vai acontecer. Em vez de dormir, ele se deita na cama, pensando em sua vida, em como seus irmãos e sua mãe morreram e, acima de tudo, em seu futuro.
Ele sabe que não deveria se importar com o futuro, mas se importa. Isso é o que ele aprendeu desde pequeno, e mesmo sabendo que essas palavras seriam mentiras, ele acredita nelas de qualquer maneira. Não é como se ele fosse um garoto feliz com um sorriso no rosto todos os dias, mas também não é infeliz. Ele se contenta em ser filho de um menino órfão que foi adotado por um casal rico que teve que trabalhar muito para ganhar dinheiro para os filhos. Mesmo sendo pobres, eles sustentam ele e suas irmãs.
Pelo menos ele é bonito. Ninguém jamais seria bom o suficiente para ele, não mais, mesmo que ele pudesse ter escolhido qualquer outra mulher no mundo.
Na tarde seguinte, quando Pedro Snoka chega em casa e está tomando café da manhã sozinho na mesa da cozinha, alguém bate na porta. "Entre", ele diz.
Rosa abre a porta e entra na sala. "Você comeu? Você parece um pouco quieto demais, o que foi?"
Ela não espera por uma resposta, porque ela está acostumada a ver as olheiras sob seus olhos. Ela também sabe que precisa falar sobre isso mais cedo ou mais tarde. "O que está incomodando você?"
"Nada."
Rosa franze a testa com desaprovação. "Ah, isso não ajuda."
"Você pode me deixar em paz? Estou cansado de falar sobre essa porcaria."
"Pedro, você precisa conversar sobre o que quer que seja. Senão, não vou mais te ouvir e vou te trancar no seu quarto."
Seu irmão a encara por um momento, antes de balançar a cabeça. "Não."
"Por que não?"
"Porque eu te odeio", ele responde sem rodeios, com a voz embargada, e se vira, de frente para a parede.
Sua irmã fecha a porta atrás de si silenciosamente e caminha em direção ao marido sentado à mesa. "Você está bem? Espero que tenha dormido bem. O que aconteceu no seu sonho de novo?"
Pedro dá de ombros e começa a brincar com a comida no prato.
"Não me diga que você viu o que realmente aconteceu, hein?", pergunta a irmã, irritada, antes de ir até a geladeira e pegar uma caixa de suco antes de se sentar ao lado do marido e beber lentamente.
"Apenas esqueça isso, Rosa. Eu só quero ficar sozinha. Podemos, por favor, deixar esse assunto de lado?"
"Ok, mas lembre-se que você tem a responsabilidade de me contar tudo, certo? Eu não quero ouvir o que aconteceu com você nunca mais. Você me entendeu?"
Pedro respira fundo. "Sim eu entendo."
De repente, há uma batida forte na porta, assustando a todos.
"Quem será?, pergunta Rosa preocupada.
"Talvez tenhamos esquecido de colocar uma campainha e alguém acabou de tocar a campainha."
Rosa olha para ele com desconfiança. Ela então enfia a mão na bolsa, abaixa o vidro e o abre rapidamente antes de se virar para olhar novamente para Pedro, cuja atenção está voltada para a porta. A porta se abre de repente, revelando uma criança pequena em roupas esfarrapadas. "Ei você!" Pedro grita apontando para a criança.
A criança pula de medo e se esconde atrás de Rosa. Pedro se levanta da cadeira e pega uma faca. Ele aponta a lâmina para a criança. "Você sabe quem somos? Você veio aqui por engano? Quem te mandou?"
A criança hesita. "Eu... eu..."
Sua voz falha quando Rosa se aproxima. "Deixa ele em paz, Pedro.", implora Rosa, pondo a mão no ombro do irmão. "Você não pode assustá-lo assim."
O menino parece encolher de medo. Ele balança a cabeça, olhando para Rosa suplicante, implorando para ela deixá-lo ir, mas Rosa se recusa.
"Fizemos uma pergunta, não foi?"
"Sim", ele admite com relutância. "Meu nome é Antônio."
"De onde você veio?"
"Uma cidade próxima, eu acho."
Rosa ergue uma sobrancelha e olha para Pedro. Pedro não percebe porque toda a sua atenção ainda estava voltada para a criança. "Bem, Antonio, que tal você nos mostrar de onde você veio?"
Antonio acena com a cabeça timidamente e se levanta lentamente, segurando o braço de Rosa. Ele então sai da sala e os leva para fora do apartamento.
É fim de tarde, o sol brilha acima deles. Hoje há muita luz, mas o céu não está sem nuvens como de costume, está cinzento e sombrio, o vento sopra frio e as gotas de chuva caem suavemente sobre eles.
Eles entram em um pequeno parque e se sentam em um banco próximo, Antonio parado entre Rosa e seu irmão. Pedro e Rosa trocam olhares confusos. Então Pedro decide perguntar à criança sobre si novamente.
“Como foi parar no nosso bairro?, pergunta Pedro, e desta vez responde António.
"Eu estava apenas de passagem e pensei que queria um pouco de ar fresco", explica ele, nervoso.
"Por que você acha que precisava de ar fresco?".
"Uhm, eu estava com fome. E a tempestade fez meu estômago doer, então..."
"Então você foi lá para roubar algo de nós?".
"Não é isso!", protesta o menino. Sua voz falha quando ele tenta falar. "Sinto muito. Por favor, não me machuque! Sou apenas uma criança que não pode evitar, não tive a intenção de matar um

Pedro Snoka Where stories live. Discover now