‧₊˚ ‧₊˚ 𝟎𝟖 ‧₊˚ ‧₊˚

Começar do início
                                    

— Elain, sei que temos que conversar — Azriel disse com a garganta seca ao se levantar da cama, ele indicou o corpo coberto apenas pelo calção antes de seguir até o armário —, deixe que eu me vista para que tomemos o desjejum e...

— Azriel — Elain engoliu em seco, parecendo nervosa —, eu só vim para... buscar algumas coisas.

Ele olhou para a caixa em cima da cama, com algumas roupas e pertences da fêmea. Estava tão absorto no próprio sono que não se deu conta que ela estava ali.

— Está se mudando — Azriel concluiu em um sussurro. Ele piscou lentamente antes de voltar a encara-lá — se isso é por ontem a noite...

— Não é apenas por ontem. Ultimamente eu e você estamos... estranhos — Elain explicou, os olhos concentrados nas próprias sapatilhas.

— Então, não devíamos... tentar conversar a respeito? — O illyriano disse, suas sobrancelhas franzindo levemente ao vê-la soltar um risinho nasalado desanimado.

— E desde quando conversamos, Azriel? Você mal fala comigo. A única coisa que você quer discutir é sobre o que fazer com as sombras — Elain disse com certa rispidez.

— Quero discutir sobre o destino das sombras porque parece ser o único assunto que importa para você — Azriel rebateu com a voz mais dura do que gostaria. — É tudo o que você quer conversar comigo, Elain.

— Então, vamos conversar sobre outras coisas, mas não hoje — a Archeron disse com a voz tensa —, preciso pensar primeiro.

— E não pode conviver comigo enquanto pensa? — Azriel perguntou com um tom ferido, indicando a caixa com os pertences da fêmea.

— Creio que não — ela murmurou.

Azriel abriu a boca, mas nenhuma palavra conseguia deixar sua garganta. Haviam frases em sua mente mas nenhuma conseguia sair. Ele apenas observou Elain se aproximar da cama e pegar a caixa, abraçando-a contra si.

— Cassian vai me descer — Elain avisou baixinho, os olhos finalmente focados nos dele, parecendo um pouco triste pela situação, mas decidida de que seria melhor.

E sem nada mais, um adeus ou um aceno, a Archeron se virou e deixou o quarto em passos largos, também deixando o Encantador de Sombras para trás.

Azriel não foi atrás dela.

O macho apenas se sentou na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e virando o rosto para janela, onde já haviam dois corvos empoleirados novamente.

Ele não sabia como melhorar as coisas com Elain, mas também não queria admitir que os últimos oito anos lutando por ela e aquele amor podiam terminar daquela maneira.

Rhysand podia estar certo, no fim das contas. Azriel não a merecia.

Ouviu passos vindos do corredor e soube que era Nestha. A fêmea parou a frente da porta do quarto, os braços cruzados e o rosto duro.

— Estava falando sério quanto a parceria com Theodosia Vanserra? — A Archeron mais velha perguntou, a voz firme e os olhos ferozes.

Azriel não disse nada, apenas assentiu com a cabeça. Os olhos focaram no chão e ele assistiu aos sapatos escuros de Nestha arrastando pelo piso até que ela ficasse a frente dele.

— Se eu ver Elain com os olhos chorosos por sua causa mais uma vez, vou arrancar suas bolas e fazer você comê-las — Nestha avisou.

Azriel ergueu a cabeça para encara-lá. A fêmea não estava brincando.

— Nunca tive a intenção de magoá-la — Azriel respondeu entredentes, o tom baixo.

— Mas magoou — Nestha rebateu ao sentar ao lado do macho na cama. Depois de alguns segundos, virou o rosto para medir a postura exausta do illyriano ainda vestindo apenas o calção. — Se vista e resolva as suas merdas.

 𝐅𝐈𝐑𝐄𝐁𝐈𝐑𝐃, acotar; azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora