XVI

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-- sinceramente? -- deixo minha cabeça pendente para trás -- Hayato parece muito com Makio mesmo tendo uma Quirk muito diferente, então acho que ele é apenas meio irmão dela, os gêmeos eu acho que são irmãos mesmo, pois eles em um rosto parecido mesmo sendo diferentes em questão de olho e cabelo, a mulher parecia muito com o Haru, e mesmo ela sendo bem jovem, ela parece muito traumatizada, então talvez ela seja a mãe deles? Que foi forçada? E o Hayato pareceu bem afetado ao ouvir "Uwabame" então talvez esse seja o pai deles? Hayato sempre escondeu a verdade da gente, e mesmo sendo alguém de fora, ainda quero proteger minha família.

Senti que Tamaki apertou minha mão. Ele não falou nada, mas nem precisava, já era ótimo ter ele aqui comigo. Eu estava olhando para o rosto de Makio quando vejo um sutil movimento, suas pálpebras tremeram, parecia que seus olhos estavam se movimentando a baixo das pálpebras, mas não fiz nada quanto a isso, porque sabia que era algo comum com pessoas que dormem, significa que seus olhos estão procurando o que ela está vendo em seus sonhos, e Yuki já tinha ouvido pessoas dizerem que sonharam quando entraram em coma. Mas ainda assim, a chama de esperança aumentou.

Ouvi o som de passos leves atrás de mim, se aproximando, e então Eri entra no meu campo de visão, sonolenta, quase caindo de sono, em silêncio ela se aproxima da maca pelo outro lado, o lado da parede, puxa um banquinho, sobe nele e depois na maca, se deitando com Makio, abraçada nela por cima do cobertor, depois disso ela voltou a dormir em segundos.

A cena foi tão adorável que fiquei sem palavras, e olhando para Tamaki vi ele segurando a blusa na área do peito, e então um momento absurdamente raro se seguiu: Tamaki fez uma brincadeira.

-- Acho que estou tendo uma overdose de fofura.

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VISÂO DA MAKIO

Meus olhos se abriram, eu sentia como se estivesse dormido a muito tempo, e meu corpo estava fraco, ainda assim fiz um esforço para me sentar, estava escuro, a janela a minha esquerda estava coberta pela cortina fina e jogava um feixe da luz branca e fraca da lua e estrelas no quarto, Hayato estava dormindo na cadeira de visitas, do meu lado direito, outra maca, mas com Eri dormindo calmamente.

Eu não tinha memória alguma, mas sabia que tinha tido algum tipo de sonho, eu só sabia que ele me deixava mal, mas não era algo ruim. Olhando ao redor percebi estar em um hospital, então deduzi que apaguei depois de me teleportar até Eri, ou seja, meu plano havia funcionado, resgatei a garotinha e de quebra havia descoberto uma habilidade nova.

Planos já começavam a se formar em minha mente, ideias para o futuro. Acho que não teria problema se nossa família de irmãos desajustados recebesse uma nova integrante, Eri seria bem vinda, e como eu queria ter aquele anjinho sorrindo e me chamando de irmã! Era inegável o quanto me aproximei dela, e enquanto isso, meu irmão se aproximou de Nijima....nossa mãe. Acho que não é bom falarmos quem somos a ela, pelo menos não ainda, ela precisa de acompanhamento psicológico agora, quando estiver melhor será mais fácil nos aproximar e revelar a verdade. Mas tudo bem, ainda temos tempo.

Me viro para Hayato e coloco os pés no chão gelado, senti minhas pernas fracas pela falta de esforço, mas eu ainda tinha forças, e obviamente, as sombras para me ajudarem. Me firmando em uma muleta de sombras me aproximei de Hayato e toquei sua mão, como ele não reagiu deu uma cutucada na testa dele.

-- Acorda mano -- Sem respostas -- Fui fazer um bolo, a cozinha tá pegando fogo.

-- Mas o qu-? -- Hayato acorda no susto, quase me dando uma cabeça pela proximidade, depois sua visão foca em mim e ele me abraça -- Não me assuste assim de novo! -- Ele fala mais baixo, para não acordar Eri.

-- Fala pela cozinha? -- rio.

-- Você ficou em coma por dois dias! -- Ele fala se levantado enquanto segurava meus ombros -- Eu e os meninos ficamos preocupados! Toda a sua turma também!

-- Coma? Espera... -- Dois dias inconsciente, isso depois de ficarmos presos com os vilões por 5 dias, após eles terem levado eu e Haru para outro local, ou seja, faziam um total de 7 dias que Bakugou estava sozinho com vilões -- Hayato, o Bakugou! Ele ainda está com os vilões? Precisamos aju- -- Hayato me corta me forçando a sentar na maca.

-- Ele está bem, foi resgatado antes de vocês dois -- Hayato me força a deitar outra vez e me cobre direitinho -- vocês quatro na verdade.... a Eri e ......Nijima -- Ele se senta na cadeira, fazendo uma expressão séria e sombria enquanto olhava para o chão, suas mãos inquietas apertavam uma a outra, com os cotovelos apoiados nos lados da cadeira, ele transmitia uma aura que eu nunca tinha visto nele, transmitia.....dor. -- Acho que já passou da hora de eu te explicar algumas coisas.

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VISÃO DO BAKUGOU

Eu estava tomando o café da manhã quando eu ouvi uma comoção na área de lazer dos dormitórios, o lugar era nossa casa a dois dias, mas eu particularmente não achava nada de mais, não sei porque os outros estavam tão empolgados. Ouvi a voz de todos da turma, pareciam comemorar, então fiquei curioso e fui verificar. Makio estava em pé na porta da frente, sendo abraçada pelos colegas, alguns já até estavam chorando. Eu fiquei paralisado no lugar, sem conseguir reagir, ela estavam ali, de verdade, não era um sonho como o da noite anterior, era ela mesma, sorrindo enquanto era abraçada calorosamente pelos colegas, e então ela me viu. Seu sorriso se alargou de orelha e orelha.

-- Bakugou!!!! -- Ela veio correndo em minha direção, mesmo que por apenas instantes reparei nas sombras envolvendo suas pernas, para dar apoio por ter ficado dois dias sem se mover. Ela me abraçou forte, apertou minhas costelas e levantou o olhar, os olhos marejados e aquele sorriso leviano -- Que bom que está bem, eu estava com tanto medo, fico aliviada que tenha sido resgatado antes da gente -- Ela sussurrou para que só eu a ouvisse.

-- Caramba! Abraça ela só dessa, vez seu sem coração!! -- Esbraveja Mina, me fazendo dar conta de como eu estava só parado. Os outros da turma pareceram se tocar de algo e se viraram ou taparam os olhos, como se para me permitir demonstrar algo, porque sabiam que eu me faria de durão. Um sorriso mínimo, mas verdadeiro apareceu em meus lábios, e então abracei ela de volta.

-- peste do caralho, senti a sua falta -- falo a última parte mais baixo. Um calor agradável se instalou em meu peito. Afundei meu rosto nos cabelos negros dela, sentindo e absorvendo aquele aroma.

-- Pronto, chega de melação -- ela se afasta com um sorriso e o pessoal volta a olhar -- na frente dos outros... -- ela cochicha para mim.

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Todos estavam fazendo alguma coisa, a maioria conversava ou mexia no celular, todos na sala de estar, fiz uma rápida verificação de quem não estava ali. Sero e Haru, que deviam estar no quarto do primeiro, e Makio, que deveria estar terminando de arrumar o próprio quarto...no 4º andar. Subi as escadas e vi as portas no corredor, Shoji, Kirishima, o meu e Haru, nesse mesma ordem a esquerda, Uraraka, Mina e Makio a direita.

Andei até estar de frente ao quarto dela, em seguida dei três toques levemente mais brutos do que gostaria, A porta rapidamente se abriu, e os olhos de Makio brilharam ao me reconhecer.

-- Ficou curioso com meu quarto é? -- Ela provoca. Uma pontada de orgulho me fez desejar apenas virar as costas e ir embora, mas olhei fundo em seus olhos, aquele tom carmesim igual aos meus...

Eu não consegui falar, ela havia ficado nas mãos dos vilões por mais tempo que eu, aprisionada junto do gêmeo, e quando voltaram trouxeram duas outras vítimas consigo, uma garotinha, que está claramente perturbada e traumatizada até agora, e uma mulher....não vi o rosto da mulher, mas ouvi os comentários. Ouvi o que não deveria ter ouvido quando tentei vê-la no hospital, parei atrás da porta errada e ouvi uma conversa entre Recovery Girl, Diretor Nezu e Aizawa. Ela era....mãe deles....mas estava com a mente tão quebrada que não poderia dar essa informação ainda ou ela surtaria. Como Makio podia sorrir assim mesmo depois de tudo isso? Ela sempre parece forte mas....como você aguenta isso? Era a pergunta escrita no meu rosto, em meus olhos.

O sorriso dela se desmancha, e ela abre espaço para que eu possa entrar, ela fecha a porta atrás de mim e então me abraça, sua pele naturalmente gelada contra a minha quente. Ela enterrou o rosto em meu peitoral e apenas ficou ali, em silêncio, eu a envolvi com meus braços, temendo que aquele vilão pudesse aparecer novamente e tirá-la de mim.

Não que eu tenha algum direito sobre ela, mas nos últimos dias me peguei desejando dizer que ela era minha garota. E que ela só poderia ir se quisesse, que ninguém a tiraria de mim, mas eu não tinha forças o suficiente para a proteger, isso ficou óbvio depois daquele dia.

"Vai ficar tudo bem".

Eu tive pesadelos com aquelas palavras, seus olhos banhados pelo desespero, mas na boca um sorriso forçado, tentando transmitir tranquilidade.

"Vai ficar tudo bem".

Nada ficou bem. Que se dane que eu tive que ficar com aqueles vilões de merda! Eles só tentaram me converter para um vilão! Mas e ela? Aquele homem de terno que os levou....poderia facilmente ser o pai deles! Como ela se sentia em relação a isso? Um pai vilão, que sequestra você, e abusou de sabe-se lá de que forma de uma criança, e sua própria mãe, ao ponto dela não a reconhecer como filha!

-- Bakugou? -- A voz dela estava preocupada. Era só o que me faltava, vim consolar ela e eu que preciso ser consolado? Eu sou uma piada.

-- Não é nada -- minha voz falhou mais do que o esperado -- Estamos em um treinamento para desenvolver uma técnica secreta, tem dois dias restando -- mudo o assunto, desviando meu olhar para longe de seu rosto, e foi quando notei seu quarto pela primeira vez, mesmo estando dentro dele a alguns minutos.

Era muito mais simples do que eu esperava para alguém como ela, uma pequena cômoda cinza, ao lado da cama vermelha, um tapete simples na cor bôrdo, um armário e mesa marrom cereja, o quarto, apesar de focado nos tons de cinza, vermelho e preto, era bem iluminado, com um abajur e as luzes que, inesperadamente para ela, impediam que ouvesse uma sombra se quer nas paredes.

O quão perturbada ela ficou por ser teleportada pelas sombras do suposto pai?

-- Katsuki -- ela me chama manhosa pelo nome, fazendo um arrepio subir pela minha nuca, vendo que conseguiu minha atenção completamente ela se separa do abraço e fala com uma voz mais normal, apesar do tom melancólico -- senta ai, vou te contar tudo o que aconteceu.

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VISÃO DO HAYATO


A casa estava mais silenciosa agora, chegava a ser desconfortável. Yuki e os gêmeos estavam bem, e na segurança dos heróis agora, isso era o que me confortava. Empurrei meu armário de lugar, em seguida tateiei o chão de madeira, procurando pela táboa solta tão bem disfarçada que nem eu mesmo encontrava com facilidade, quando a encontrei foi fácil tirar, e o pequeno compartimento guardava meus segredos, mas agora eu não precisava carregar tudo sozinho.

Depois que contei a Makio, descobri que o próprio Uwabame revelou o que tinha feito, como esperado, ele continua um psicopata, que apesar de contar tudo, ainda esconde muito mais. Contei a Haru também, assim como a irmã ele já sabia de tudo mesmo, mas Yuki estava no escuro, e eu não podia deixar assim, então logo Makio pode voltar as aulas e já revelei a ele também. Me surpreendendo por já ter deduzido parte de todo o "mistério".

-- Eu deveria saber que uma hora ou outra eles iriam descobrir tudo sozinhos.

Abro a caixa que estava escondida, retirando os inúmeros papéis ali guardados. Endereços, fotos, documentos, pesquisas do laboratório de Uwabame, listas com nomes de mulheres jovens, na qual Nijima estava. Lista com nomes de heróis, alguns dos quais tinham riscos vermelhos em cima. Alvos.

Faziam anos que eu não tinha coragem para abrir aquela caixa, mas ali estava eu, com os olhos fixos em um velho endereço.

-- Essa é uma péssima ideia.




Seja a minha luz Katsuki BakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora