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" Eu sou tão bom contando mentiras
Eu puxei isso da minha mãe
Que contou milhões delas para sobreviver
Deus, eu tenho os olhos do meu pai

Mas os da minha irmã quando eu choro
Conan Gray - Family Line. "

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IIIIIII

O quarto é invadido pela luz que se infiltra pelas frestas da janela, despertando Martinne. O frio da noite de domingo proporcionou a desculpa perfeita para a garota passar a noite com sua melhor amiga.

― Scarlet, acorde. Vamos lá. ― Austin empurra suavemente a loira esparramada pela cama, agradecendo pela generosidade do colchão pois se não estaria no chão.

Scarlet, ainda sob o impacto do sono, abre os olhos. O colchão espaçoso atenua a rudeza do empurrão. Collins estava de castigo por tempo indeterminado desde que saíram do hospital no sábado. Nora perdeu o controle, transformando tudo em um verdadeiro caos.

― Precisamos ir mesmo? Estou exausta. ― a loira resmunga enquanto tenta se levantar.

― Você precisa ir, Scar. Quanto mais rápido você aprender aprender obedecer sua mãe, mais rápido sairemos deste inferno. ― Austin instiga, consciente das circunstâncias.

Apesar do castigo, Martinne não demonstra grande preocupação. Seu foco está nos irmãos, e quanto mais ela demorar para se recuperar, mais distante ficará deles.

A morena faz uma nota mental e logo se desperta, se dando conta que a loira voltou a dormir.

― Vou ter que te acordar à base da água? ― provocou a garota, um sorriso travesso dançando em seus lábios.

― Você é tão idiota, eu te odeio. ― Scarlet afundou a cabeça no travesseiro, expressando sua frustração.

Martinne, imperturbável, pegou uma almofada e a lançou na direção da amiga, iniciando uma improvável batalha de almofadas. Com agilidade, ela se arrastou até a porta.

― Você tem exatamente... Vinte minutos para se arrumar, se quiser pegar a primeira aula.

Ao fechar a porta, ela sabia que vinte minutos não eram suficientes nem para tomar um café rápido. A pressa pairava no ar.

― QUE SE FODA A ESCOLA. ― Collins deu um grito revoltado, cujo impacto foi abafado pelos acontecimentos matinais caóticos.

Martinne desceu as escadas com passos decididos, seus pés ecoando levemente no corredor. O trajeto até seu quarto era familiar, mas pouco explorado desde sua recente chegada à casa. O dia anterior foi dedicado inteiramente ao quarto da amiga, imersas em um refúgio de sorvetes derretidos e filmes que proporcionavam escapismo. Era uma tentativa de recarregar as energias para enfrentar a iminente e desafiadora semana.

Ao entrar em seu quarto, os gritos animados da música que Robin ouvia ao quarto ao lado preenchiam o ambiente.

A luz do grande lustre no centro do quarto invadiu o espaço assim que a pequena janela foi descoberta. O ambiente estava fresco, e uma autorrepreensão percorreu sua mente ao notar a abertura descuidada. Ela se dirigiu rapidamente até o outro lado do quarto, fechando a janela junto com a cortina. O céu escurecia à medida que nuvens negras se formavam, escondendo o sol que antes brilhava no horizonte.

Vermelho: a cor do sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora