Soa Como Desastre (+18)

(7) I Bet You Think About Me | 2019

—Você está brincando.

—Não estou. - disse, e realmente parecia estar levando o diálogo à sério- A única coisa que eu sabia sobre vocês era aquela foto do Grammy de 2013. Nada mais.

Ah. Aquela icônica foto, de quando  eu declarei guerra à minha ex namorada. Talvez aquilo seja um dos meus maiores arrependimentos de toda a vida, mas eu nunca iria admitir em voz alta.

—Fala sério, Jesse. -continuei- Eu sei que você é meio velho para redes sociais, mas... não é possível que só saiba isso.

—O problema não são as redes. O problema é que estou velho demais para discussões idiotas e, pelo o que eu pesquisei, vocês só brigaram por idiotice.

Revirei os olhos.

—De qualquer maneira. -eu não queria dar continuidade àquilo- Se você fez sua pesquisa, sabe que Ammybeth me odeia. Ela não trabalharia comigo, nem se sua vida dependesse disso.

Pensei que ele se daria por vencido, porque eu estava certo. Bastava uma pesquisa de meio segundo para que ele pudesse ver as centenas de farpas que trocamos, ao longo desse tempo. E, com mais uma leitura rápida no Buzzfeed, ele saberia quais músicas a princesinha do pop dedicou à mim.

Estava claro a todo mundo que nós dois mal conseguíamos ficar no mesmo ambiente. Diversos vídeos de nós rodavam a internet, mostrando todas as caras feias e discretas que fazíamos, toda vez que éramos obrigados a respirar o mesmo ar.

"Matty Daves e Betty Brown". Ouvir os dois nomes juntos soava, puramente, como desastre. Eles nunca estavam na mesma matéria, se não fosse coisa ruim.

Se Jesse tinha adquiro consciência daquilo, ele saberia que...

—Ela disse que faria.

Eu quase caí da cadeira.

—O que?! -minha voz saiu completamente aguda- Betty Brown quer passar 3 semanas em um estúdio comigo?  -um riso saiu de minha garganta, quando fiz a pergunta.

Aquele homem estava maluco. Ele estava completamente insano e, Jesus Cristo, alguém precisava pará-lo imediatamente...

—Venho falado isso com Bee há mais de um mês.  Eu sabia que seria mais de difícil  convencê-la, então... comecei por ela.

—Eu sou o mais difícil de convencer. Desculpa, Jesse, mas, não vai rolar.

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—Você vai fazer, sim. -Mark falou, enquanto gesticulava com a cabeça.

O meu empresário do coração, que ficava ao meu lado em praticamente todas as circunstâncias, não parecia muito a fim de apoiar a minha decisão sensata.

Eu só poderia estar no meio de um sonho estranho, daqueles que a gente acorda sem compreender o mundo a nossa volta. Primeiro, o produtor com aqueles papos estranhos de trabalhar com Ammybeth. 30 minutos depois, estavam todos reunidos -o resto da banda, Jesse e Mark— contra mim. Eu nunca achei que isso aconteceria.

Jesse e Mark até tudo bem, mas... os meninos? Os meninos também queriam que eu fizesse aquela merda?

—Mark, mas que porra? A banda levou algum calote? Estamos passando por alguma crise e eu não estou sabendo?

De novo, só poderia haver aquela explicação para eles quererem me colocar naquelas circunstâncias.
Dinheiro. Estavam todos desesperados por isso e...

—Cara, se a questão fosse dinheiro, seria muito mais fácil. -Graham falou, enquanto se encostava na cadeira.

Então, todos os meninos já sabiam. Eu sou o vocalista, o compositor de todas as letras, o cara que  namorou a princesinha e, mesmo assim, fui o último a saber daquela proposta.