XVII - Desiludido

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*Ken's P.O.V.* 

Sinto-me o homem mais feliz do mundo agora que a Emma disse que me dava a honra de a ter a meu lado para o resto da minha vida. Como já tinha isto tudo planeado há algum tempo e sentia que a resposta dela ia ser afirmativa, decidi falar com um amigo meu que tem uma quinta para organizar o nosso casamento. E sábado parece um dia bom, eles estão em casa e a meteorologia aponta para um dia de sol, além de que enquanto a Emma troca as alianças comigo, não pode estar ao lado do Will a ver os miúdos cantar.

Eu: Amor, não te esqueças! O nosso casamento é no sábado, às 11h. Sei que não queres que ninguém saiba, nem queres nada de especial mas só o facto de aceitares deixa-me tão contente!

Emma: Não me esqueço, podes ficar descansado. Espera! Disseste sábado, às 11h? Mas é na mesma hora do campeonato do Glee. Eu queria assistir e dar apoio àquelas crianças, elas precisam! Se elas vencerem as seletivas, passam para as regionais, se não vencerem deixa de haver o grupo na escola.

Eu: Foi o único horário que eu consegui arranjar. Os donos da quinta são meus amigos mas costumam alugar o espaço para outros casais também e já não havia mais disponibilidade.

Emma: Está bem! Eu depois arranjo maneira, logo se vê. - somos interrompidos pelo Will.

Will: Malta, não se esqueçam que as seletivas são no sábado. Eu e os miúdos temos todo o gosto em ver-vos sentados na primeira fila a assistir às vozes mais afinadas.

Eu: - sussurrei - Tens todo o gosto em ter a Emma sentada ao teu lado.

Will: Ken, desculpa! Disseste alguma coisa? Não consegui perceber...

Eu: Não foi nada. 

Emma: Desculpa Will, não te dissemos nada porque eu não quero uma cerimónia nem convidados, mas eu aceitei o pedido de casamento e está marcado para este sábado, às 11h. Estávamos a falar sobre isso antes de tu chegares. Eu queria mesmo ir ver os nossos meninos a atuar mas o Ken diz que não consegue mudar a data do casamento. Talvez possamos adiar por umas horas. - ela olha para mim, como se aquela afirmação fosse uma pergunta.

Eu: Não sei... Eles disseram-me que teria que ser nesse horário porque tinham mais um casamento marcado para esse dia.

Afastei-me deles um pouco para esclarecer uma dúvida a um aluno que veio ter connosco, mas estava perto o suficiente para os ouvir sussurrar.

Will: Emma, posso estar errado, mas algo me diz que o Ken não escolheu o dia do casamento à toa. Ele sabia perfeitamente que a atuação é no sábado e sabe o quanto adoras aquelas crianças e o teu trabalho e mesmo assim decidiu marcar para o mesmo dia, à mesma hora.

Emma: Tenho a certeza de que foi apenas uma coincidência. Ele sabe o que sinto em relação ao meu trabalho e não era capaz de fazer uma coisa dessas. Acho eu...

Will: Ele já me confessou ter ciúmes da nossa relação, da nossa amizade. Penso que a minha intuição faz sentido e que, de certa maneira, até pode estar certa.

Emma: Não sei... Eu vou tentar falar com ele na mesma e ver se dá para adiar por umas horas e assim eu posso estar presente nas seletivas e no meu casamento.

*Will's P.O.V.*

(Mais tarde, em casa)

Eu: Terry, querida, viste a minha gravata às riscas? Aquela vermelha e preta? Quero levá-la amanhã, para o dia das fotografias, para o álbum da escola.

Terry: Deve estar para aí numa gaveta, já a vi mas não sei onde. 

Procurei pela gravata por tudo quanto era sítio mas não a encontrei. Na gaveta das meias, no roupeiro, na mesinha de cabeceira... Até que decidi procurar na gaveta da roupa interior da Terry. E foi aí, nesse exato momento, que apanhei a maior desilusão da minha vida!

Eu: Terry, o que é isto? - mostrei-lhe o que parecia ser uma barriga falsa, provavelmente feita de esponja, pois era um material não muito pesado e maleável.

Terry: É... Uma almofada para gravidez. É de uma loja de coisas de maternidade, para poder experimentar roupas. Assim, as grávidas podem ver como vão ficar.

Eu: Levanta a tua camisola, por favor!

Terry: Porquê? - era notório o pânico na cara dela.

Eu: Levanta... A tua... Camisola! - aproximei-me cada vez mais dela numa tentativa de a encurralar.

Terry: Estás a assustar-me, Will! Pensa do que me estás a acusar. Pensa, vira-te e vai procurar a gravata. Por favor!? - encostei-a à parede e levantei-lhe a camisola. Os meus olhos não acreditavam no que estava a ver.

Eu: Porque é que nos fizeste isto? Não entendo! 

Terry: Pensei que me ias deixar! Estás tão diferente... Ambos sabemos, eu sinto-o! Estás-te a afastar de mim.

Eu: Porque fiquei ao teu lado? A tentar ter uma relação de igual para igual?

Terry: Não! Por causa da porcaria do Glee! Desde que começaram, andas por aí como se fosses melhor que eu!

Eu: Eu deveria permitir sentir-me bem comigo mesmo!

Terry: Quem é que estamos a enganar, Will? - ambos temos lágrimas nos olhos. - Este casamento só funciona porque não te sentes bem.

Eu: Este casamento funciona porque eu te amo, porque sempre te aceitei, para o bem e para o mal!

Terry: Tu amas a rapariga por quem te apaixonaste com 15 anos. Já não sou essa pessoa!

Eu: Tornaste-te uma estranha para mim, agora! Estás feliz? Estás satisfeita?

Terry: Não começou como uma mentira! Eu realmente achei que estava grávida. Mas o médico disse que era uma gravidez psicológica e eu entrei em pânico. - ficamos em silêncio por alguns segundos, deixando as lágrimas escorrerem pelas bochechas.

Eu: Isto é de loucos! O que é que irias fazer quando chegasse o dia?

Terry: Quinn Fabray. Era perfeito! Ela não queria o bebé dela e eu precisava de um. Pedi ao médico para usar a ecografia dela quando foste à consulta.

Eu: Eu amei-te Terry. Eu amei-te mesmo, de verdade!

Terry: Desculpa, Will! Lembras-te do que me disseste na consulta? Não importa o que acontecesse, amávamo-nos um ao outro. Podemos sentir o mesmo novamente!

Naquele momento nem pensei no que estava a fazer. Simplesmente abri a porta e saí de casa, afastei-me da mulher que amava, ou pelo menos assim achava. O que ela fez comigo não se faz com ninguém! Eu pensei mesmo que podia ser feliz, ter a minha família, a menina do papá... E afinal não passou de uma mentira. E eu, feito burro, sempre acreditei nela, porém, agora que olho para trás, tudo faz sentido! Sempre que eu tentava ter alguma intimidade com ela, ela negava. Afastava-se com a desculpa de que estava cansada por causa das hormonas ou porque a bebé dava muitas voltas e não a deixava dormir, até chegou a dizer que poderíamos magoar a bebé se tentássemos alguma coisa além de um beijo e um simples toque na face. Só fui a uma ecografia e até essa foi com a barriga escondida para que eu não pudesse ver que afinal não havia nada lá dentro. Sinto-me perdido, sem rumo. O que é que eu vou fazer da minha vida agora? Nem sei onde vou dormir... 

I Need You NowOnde histórias criam vida. Descubra agora