Êxtase

Pequenos passos, grandes conquistas!

     Quando estamos dignamente arrumados, o acompanho até a saída e o deixo ir lhe dando mais um beijo.
Amigos com benefícios, Alice, já é muito não?  Vou fechando a porta e me assusto com vejo uma mão me impedindo de finalizar o processo.

— Mino?! - Digo assustada, quando a mesma é escancarada, revelando o meu amigo. — O que faz aqui? Como...

— O endereço está em todos os anúncios. Vim lhe desejar boa sorte. - Sua voz demonstra um pouco de irritação e seus olhos me deixam um pouco desconfortável.

— Sim... Claro, os anúncios. - Sorrio pequeno.

— E então... Porque não me convida para entrar. Estou muito curioso acerca do seu estabelecimento. - Ele faz uma tentativa de passar por mim, porém uso minha perna para bloqueá-lo. Ele me olha e sorri. — Não era bem assim que imaginava sua perna aberta para mim. - Isso me deixa sem reação.

— Está tudo bem por aqui? - Um alívio imenso toma conta de mim quando escuto a voz de Hyo Jin. A jovem permanece parada, nos observando. — Bom dia, chefe. Desculpe o atraso. - Do que diabos ela e falando? - Sei que combinamos mais cedo... - Combinamos algo? - Lembra? Você me pediu para lhe ajudar com os uniformes antes que os demais cheguem. - Tu é muito lenta, Alice.

— Ah! Sim, sim. - Mino deu dois passos para trás e Hyo Jin se posicionou ao meu lado, quase que como uma segunda barreira para ele.

— Eu vou indo então. Fica para uma próxima vez. - Ele começa a se afastar e por impulso me aproximo dele. Porque me sinto tão culpada?

— Mino! Volte mais tarde para o coquetel. Seria legal ter meu amigo comigo num momento tão especial.

— Amigo, né? Claro...

   Ele me deixa falando sozinha e parte. Me sinto péssima.

— Seu amigo é muito estranho. Estava passando e vi a cena. Achei que precisava de ajuda. - Hyo Jin diz ainda parecendo assustada. A convido para entrar e tranco a porta.

— Sempre considerei Mino como se fosse um irmão. Ele me acolheu e me ajudou quando ninguém mais o fez, mas ultimamente seu comportamento tem me deixado muito desconfortável.

— Tenha cuidado. Homens rejeitados podem se tornar violentos e imprevisíveis.

          《《》》♡《《》》♡《《》》

     O prédio está movimentado agora. Consigo ouvir minha equipe agitada e pelos tons de vozes, felizes e animados. Me olho no espelho novamente e ajeito a plaquinha com meu nome. Escolhi uniformes brancos com detalhes roxos, para me lembrar de quem acreditou em mim. Hora do show, Alice. Ajeito a maquiagem e o cabelo e desço. A decoração do local está impecável, criando um ambiente elegante e acolhedor. Para celebrar a abertura do café, serão servidos pratos como um presente de boas-vindas para os clientes e convidados.

— Uau! - Escuto Lee dizer assim que me vê.

— Exagerei?

— Está linda, chefinha. - Diz Go Mi Nam sorrindo.

— Contenha as palavras ou o namorado dela te pega. - Hyo Jin diz me fazendo corar. Será que ela viu o Jimin? 

— Não sabia que era comprometida. - Chefe Kim diz me observando atentamente. Não quero negar, nem confirmar nada. Nem sei se sou ou não...

— É... Complicado. Vamos nos concentrar no nosso trabalho, certo?

— Tradução: Existe alguém, mas não é da conta de vocês. - Lee brinca, nos fazendo rir.

     A equipe se esforça para oferecer um serviço impecável, garantindo que todos se sintam bem-vindos e satisfeitos. As portas se abrem e meu coração quase salta pela boca. O entra e sai de pessoas tem sido constante e não consigo ficar parada em um único lugar.

— Eu tinha certeza que seria o melhor investimento que meu filho poderia fazer. —  A voz do senhor Park me surpreende. — Parabéns, minha querida. Espero conseguir trocar mais algumas receitas. Quem sabe uma parceria? - Me emociono com sua presença.

— Podemos pensar no assunto. - Respondo divertida.

    A presença dele começa a chamar a atenção dos demais, afinal ele é alguém de muito renome no país.

— Diga-me, qual o nome disso aqui? - Ele dá uma garfada num pedaço de pavê e o saboreia com gosto.

— Pavê.

— Pavil? - Começo a rir e o corrijo com gentileza. Me divirto com o fato dele ficar repetindo a palavra sem parar. — Vou querer a receita.

    As coisas iam maravilhosamente bem, até eu escutar um burburinho sem fim. Eu não acredito que esse doido veio mesmo. Jimin transforma o ambiente com sua presença. Ele está lindo nessas calças jeans. Para com isso. Depois você baba, Alice. Sua presença especial cria um clima de animação e euforia entre os convidados. Trocamos olhares a distância. Será que vou ser pisoteada se for lá e roubar um beijo dele? Ele está tão convidativo.
Entretanto, mesmo com toda a alegria e entusiasmo, Mino também aparece na inauguração me causando um certo espanto. Deixa disso, Alice. Foi você que o convidou.

— Está fabulosa. Mais linda que nunca. - Ele me abraça repentinamente.

— Obrigada. - Respondo o afastando delicadamente.

— Trouxe isso para você. - Me passou uma caixa perfeitamente embrulhada.

— Isso é incomum. - Respondo abrindo o pacote.

— Que foi? Não posso presentear uma amiga? - Diz colocando a mão na minha cintura.

— É só que, na cultura daqui isso é um pouco raro. - Me afasto novamente e abro o embrulho. — Um ursinho! Que fofo. - Estranho, mas, fofo.

— Posso ter a atenção da anfitriã por alguns segundos? - As mãos de Jimin afastam as de Mino e apertam minha cintura me causando confusão e chamando a atenção de quem estava próximo a nós.  - Mino, não sabia que viria.

— Não achei que precisava te avisar que faria isso.

    O rosto de Jimin fica sério e posso sentir a tensão subir. Então ele relaxa a fisionomia.

— Apenas não toque no que não lhe diz respeito. Alice, querida, quero te apresentar algumas pessoas. - Me puxa consigo.

— Fique à vontade, Mino. Nos falamos depois.

— Não se preocupe. Já estou de saída.
Caminhamos lado a lado, atraindo as atenções.

— Você está muito próximo. - Digo engolindo em seco.

— E isso te incomoda? Prefere ficar com seu amigo? - Eu não acredito que você está com ciúmes, seu baixinho sem juízo.

— Estou preocupada com quem está nos vendo assim e com o escândalo que isso pode lhe render.

— Que tal eu dar a eles um motivo real para que falem?

— Não seja tão doido. Pode fazer comigo qualquer coisa que queira, depois que tudo acabar. - Sussurro de volta.

— Qualquer coisa? Muito bem. Vou me comportar. Mas, esteja avisada... Vamos ter uma longa noite pela frente.