capítulo 4

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- Emma pov -

Sinto uma brisa fria entrar pela janela da sala. A pouca luz do dia já estava sumindo,dando espaço para a imensidão azul escuro da noite que estava por vir.

Não entendo o porque,mas o encontro com a garota desastrada mais cedo não saia da minha cabeça. Não é como se eu me importasse com ela,de jeito nenhum,eu só não sei explicar porque aqueles malditos olhos verdes faziam morada em meus pensamentos. Me levanto e ligo o som com algumas músicas calmas,expulsando o silêncio do ambiente. Não haviam vizinhos pertos,então não é como se houvesse pessoas para conversar ou incomodar a  essa hora,a única coisa considerada perto da minha casa,era uma pousada antiga,que ficava a 15 minutos de distância e embora fosse muito bonita,não recebia hóspedes com frequência,eu conhecia a moça que era dona do lugar,Margaret,uma senhora simpática,a conheci durante uma caminhada matinal à algumas semanas atrás,e embora tenha me mudado para cá para ter uma vida mais tranquila e de poucos amigos (não que eu dê fato tenha amigos da minha idade aqui),não consegui a ignorar no dia em que gentilmente me deu bom dia e puxou assunto. Acontece que ela era viúva,o marido morreu alguns anos antes,e o único filho aparentemente não se importava muito,havia decido viajar o mundo e a deixou a própria sorte. Que tipo de filho faz uma coisa dessas? Eu passei a visitá-la em alguns dias,raros na verdade,para lhe fazer companhia,me lembrava,mesmo que de relance,os momentos com a minha mãe.

Decido afastar esses pensamentos,digamos que não sejam os melhores pensamentos para se ter quando se está sozinha,é como se a dor fosse milhares de vezes maior.

Caminho até a cozinha e decido preparar um chá,talvez ajudasse com o sono,embora não estivesse tarde,precisava descansar. Coloco a água na chaleira e ligo o fogo. Olho pela janela da cozinha,percorrendo o olhar pelo quintal,até que me deparo com um tecido balançando calmamente com o vento. Era o meu cardigan,havia o lavado mais cedo e para minha felicidade não havia sido manchado.

- Seria culpa sua garota - Me pego dizendo em voz alta,e novamente meus pensamentos são tomados pela garota de olhos verdes de mais cedo,cujo o nome eu não fazia ideia. Não que isso importasse é claro.

Sou tirada de meus pensamentos quando com o barulho da chaleira avisando que a água já havia fervido. Termino de preparar o meu chá e decido ir até a porta da frente,saindo pela mesma. Outra brisa fria sopra enquanto caminho até os degraus,e agradeço pela bebida quente em minhas mãos,me sento observando a paisagem a minha frente,o céu com certeza era algo que me encantava aqui,diferente da cidade com toda aquela poluição,aqui eu conseguia ver as estrelas com facilidade.

Me pergunto se eu poderia me acostumar a viver aqui,eu sinto falta do tumulto da cidade,mas também adoro essa paz que o lugar transmitia. Me levanto e guio meu corpo novamente para dentro,deixando a xícara na pia e subindo em direção ao meu quarto,tiro o roupão que protegia meu corpo do frio e me deito.

Por alguma razão,os pensamentos que tanto evitei surgem novamente,e começo a imaginar como seria minha vida aqui se minha mãe estivesse comigo,se nós deixássemos tudo para trás em busca de uma vida tranquila. Antes que possa evitar,sinto uma lágrima escorrer pelo canto dos meus olhos,mas não faço questão de limpá-la,desde a morte da minha mãe,foram poucas às vezes em que realmente me permiti chorar de verdade,e aquela seria uma daquelas vezes,as lembranças começam a inundar minha mente e sinto as lágrimas escorrerem sem parar. Em um determinado momento,eu simplesmente adormeço,exausta pelos últimos meses nos quais minha vida simplesmente virou de cabeça para baixo.

 O contrato - Yelena BelovaWhere stories live. Discover now