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Vittoria

Ainda é dia, mesmo que raios de sol estejam se despedindo e cedendo seu lugar ao luar, quando desperto, sozinha. Meu pesadelo de horas atrás rodopia em minha mente e calafrios tomam minha pele, me fazendo estremecer e uma onda nauseante embrulhar meu estômago e antes que eu possa me mover além do movimento que faço para sentar na beira da cama, despejo tudo ali no chão, sem tempo para alcançar o banheiro. E então, descubro que não estou só, Luca segura meu cabelo enquanto acaricia lentamente minhas costas até que meu estômago se sinta satisfeito.

— Irei encher a banheira, deite-se de lado se não aguentar ficar sentada — diz atencioso, observo Luca ir, a imagem borrada pelos meus olhos cheios de lágrimas.

Quando Luca entra por fim no banheiro, toco meu ventre, e o borrão escorre por meu rosto, molhando todo o caminho e pingando em minhas coxas, eu choro silenciosamente. Nem mesmo quando Luca retorna, me apanha em seu colo, me despe quando chegamos lá e, me põe cheio de zelo na banheira. A coisa toda só aumenta quando gentilmente Luca lava meu cabelo e após o enxágue, beija o topo da minha cabeça.

— Disse que o teríamos! — murmuro, quando cobre-me com a toalha felpuda — Você disse, Luca! — repito mais alto — Você... — soco seu peitoral, Luca, me puxa e abraça-me apertado — Luca...

— Não, Bella, eu disse que você o teria — murmura de volta — Eu disse que não compartilharia com mais ninguém meu coração.

O empurro, Luca, se afasta, não porque não pode evitar, ele só não nos quer.

— Eu te odeio! — estapeio seu rosto — TE ODEIO!

Luca apenas me olha. Não se move, não fala nada! Apenas me observa! Ele está nos deixando e simplesmente, me assisti enquanto isso.

— Se vista. Tem um jatinho te esperando, irá para casa do seu pai, depois resolvemos o restante — avisa, me dando às costas. É como se Luca tivesse acabado de me esfaquear, assim como fez com Bianca, até mesmo consigo sentir seu toque em minha pele. O dia em que me mostrou onde atingiu sua primeira esposa, voando com tudo até minha mente. Vômito mais uma vez — Vittoria...  — corre até mim.

Estico minha mão. O quero longe!

— Não me toque! Nunca mais! — esbravejo quando não tenho mais o que pôr para fora — Exatamente o que quer!

Ele ergue as mãos, se afastando outra vez. 

— Se cuide, Bella! — diz e volta a se mover para longe.

Limpo os resquícios do vômito com o dorso da minha mão, em meus lábios, sem me preocupar com a nojeira.

— Não volto nunca mais, mesmo que algum dia esteja de volta a está casa. É o que quer, certo?

Luca paralisa, a mão na maçaneta.

Meu coração acelera, se enche, se alegra...  se ilude.

— Até nunca mais, esposa!

Permito que mais uma rodada de lágrimas molhem meu rosto, em seu trajeto sofrido. Permito pelos minutos que fico ali, parada, imóvel, uma estátua triste, encarando a porta fechada e o espaço solitário. Permito até quando a cascata de água gelada congela meu corpo, mas quando a desligo, a permissão chega ao fim.

Luca não merece nenhuma delas.

Desço novamente minhas mãos até meu ventre.

— Ele não nos merece, piccolo!




Luca

Sou trazido para o agora quando a cabeça de um dos bastardos que estava roubando uma de nossas cargas, ressoa com tudo na parede de um velho depósito, graças a Vincenzo. Meu irmão chuta outra parte do ladrãozinho, enquanto Dino, me observa, esquivo meu olhar do seu. Nenhum deles sabiam ainda sobre a partida de Vittoria, muito menos do bebê que ela carrega em seu ventre. Meu filho!Apenas a lembrança traz arrepios a minha pele.

Por que não fui mais cuidadoso?

Por que ela tem que querê-lo tão grandemente?

Por que ela nos escolheria?! Retorna a maldita besta dentro de mim. Contudo, essa pequena grande parte estava correta. Minha bella nunca nos escolheria. Por isso eu sequer lhe fiz a pergunta. Uma raiva descomunal cresce dentro de mim, ou melhor, dá as caras, já que carrego isso há tanto tempo que já faz parte de mim. Se eu fosse digno dela e desse pequeno ser, nada disso estaria acontecendo. Minha mulher não precisaria estar longe de mim! Eu reviveria e mataria meu pai um milhão de vezes se pudesse, e mesmo assim não pagaria por toda essa maldição. Por todas aquelas lágrimas que minha Vittoria derramou.

Don?

Ergo o olhar do coração que aperto com toda minha força entre meus dedos, para Simone.

Inferno!

— O que há dessa vez?

— A senhora Romano não chegou ao seu destino — por segundos, o aperto que deixava antes no coração do homem despedaçado e espalhado pelo chão imundo, é sentido no meu próprio — A tripulação e os homens estão mortos. Juliano está entre a vida e a morte. E a senhora Vittoria, desaparecida.

Meu mundo para.




(...)

— O que você fez, Luca?

Dino exige saber quando chegamos em minha casa, tudo que ocupa minha mesa no escritório, no chão.

— Merda — Vincenzo responde — Por que infernos na terra, Vittoria estava indo para Itália sem você? O que aprontou, Luca? Primeiro você mal podia ficar longe dela, então...

O interrompo.

— Vittoria está grávida — meu irmão e primo, me olham surpresos, até mesmo Simone — Superem isso e foquem no que mais importa. Trazer minha mulher e o bebê de volta para casa vivos! — eles assentem — Simone, prepare os rapazes. Dino, me traga Andrei. Vince, se certifique que cada esposa e filhos dos braços direito do desgraçado do Boris, desapareça. Para cada homem nosso que morreu, três dos deles terão o mesmo e pior fim. Mantenha três vivo, mas o ruim suficiente igualmente a Juliano. Quando seu irmão acordar, os mate — Simone assente, satisfeito e saindo para cumprir com minhas ordens — Cada mulher e filho ficará o triplo de dias longe de casa, que Vittoria ficar com o bebê — ordeno ao meu irmão — Não esqueça da amante favorita — Vincenzo também se vai, tão satisfeito em cumprir o que lhe mandei, quanto meu segurança de confiança — Prepare Andrei para assumir o trono russo — Dino prontamente concorda, mas não vai logo como os outros — Dino, eu sei que foi o maldito do Boris, então...

— Nunca duvidei que pudesse estar errado, também acredito que tenha sido ele, mesmo que não tenhamos encontrado provas.

— Diga de uma vez, porra — explodo. Cinco horas! Vittoria estava longe por maldita cinco horas nas mãos daquele filho da puta. Eu traria o inferno na terra se algo tivesse acontecido a ela e a criança — Só derrame a porra toda de uma vez!

Dino anda até mim e soca meu estômago. Não emito som algum, ainda que essa merda doa. O bastando tem um bom soco.

— Não importa as mentiras que conte a si mesmo, isso é tudo culpa sua! Boris somente se aproveitou! — esbraveja — Se algo tiver acontecido a Vittoria e há essa inocente criança, não será culpa dos russos, mas sim sua e de sua maldita covardia! Seu pai está morto, Luca! Então o enterre de uma vez, sua besta medrosa!

A mesa é a próxima estar no chão, quando Dino se vai.

Minha culpa.

Eu sei!










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Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor            (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now