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Vittoria

Cinco dias. Luca me mantém trancada em nosso quarto por longos cinco dias, eu quero gritar enquanto quebro tudo ao meu redor, mas nem objetos decorativos para arremessar contra a parede para descontar ao menos uma pequena parte da minha raiva e fúria há nessa gaiola dourada. Meu celular toca e corro do closet até ele, estava desesperada por qualquer coisa, para falar com qualquer um, até mesmo com o motivo de minha raiva.

É Mav.

— Ainda está bem? — é a primeira coisa que pergunta, sua voz cheia de preocupação. Deixo o primeiro soluço me abandonar e logo me faço parar de chorar, ela entenderia isso como Luca tendo voltado e me espancado — Vittoria! — solta em um lamento.

— Estou bem, ele ainda está longe, é só que não aguento mais, Luca sequer deixa Gisele falar comigo, simplesmente Juliano abre a porta, ela entra e deposita a bandeja sobre a mesa e se vai. Ele nem permite que ela me olhe nos olhos.

— Oh, querida! — lamenta mais uma vez — Mas vamos ver o lado bom, ele não tirou seu celular.

— Aposto que se esqueceu.

Mav solta uma deliciosa risadinha.

— Luca não chegou aonde está se esquecesse de algo tão banal, Vi — suspiro me sentindo idiota. Ela estava certa. Malvina tinha uma noção bem melhor que eu das coisas, em sua casa, seu pai não a escondia das coisas, claro que não estava por dentro de tudo, mas não era uma grande ignorante como eu — Tenho certeza que tudo se ajeitará.

— Não tenho tanta fé nisso. Malvina, você tinha que ter visto como seu rosto ficou, era uma besta mesmo!

Não havia lhe contado tudo, deixei de lado os tapas, não havia como contar essa parte sem contar a outra, Mav saberia que eu não estava contando tudo, ela já desconfiava, mas era melhor que saber como me senti. Sei que somos melhores amigas, mas isso me pareceu tão íntimo, e a verdade é que eu estava cheia de vergonha, prazer deveria passar longe do que Luca fez comigo. Me debruçar sobre o balcão daquele jeito e espancar minha bunda não era coisa que se fazia, mas então eu tinha que me lembrar do tipo de homem com quem me casei. Luca Romano passava muito longe de ser um homem como qualquer outro, até sua aparência era fora do comum. E não poderia deixar de lado a besta que carrega consigo.

O homem e a fera, e desconfio que Luca não queira em momento algum se livrar da besta dentro de si.

— Duvido muito que a viu por completo. Grazzie Dio! — não era a primeira vez durante o aprisionamento que ela, me dizia isso, mas ela não estava aqui, no entanto, também confio em sua palavra. Daqui em diante eu deveria melhorar, mesmo não tendo feito nada que considere errado, não queria ver Luca de um jeito pior — Eu queria poder dar uns bons tapas nesse homem — diz e rimos, isso nunca aconteceria por mais que desejássemos e se Mav ou eu, criássemos coragem, perderíamos nossas mãos no segundo seguinte, em seguida, nossas vidas.

Após pararmos de rir, ela me entretém com notícias de papai, meu irmão e sobrinho, também de alguns dos nossos conhecidos, até que precisa ir. Suspiro tristemente, seria mais horas que pareciam como um infinito de nada. Corro de volta para o closet, fazer o que estava indo, experimentar minhas roupas novas mesmo já tendo feito isso um milhão de vezes. O ócio acabaria me enlouquecendo.


(...)

Me sinto estranhamente observada e não é loucura da minha mente quando ergo meu olhar e o encontro ali, seus olhos vidrados em mim, seu rosto impassível, Luca chega parecer congelado no lugar, encostado na porta com os braços cruzados, sua camisa vermelho escuro quase não conseguindo manter seus músculos. Bebo de sua visão como a grande idiota vidrada por ele que sou.

Luca percorre seus olhos azuis que exalam perigo por meu corpo demoradamente e quando volta a olhar meu rosto, desliza seu polegar pelo seu lábio inferior, como sempre faz. Me arrepio por completa, desejando que aquele polegar percorresse meu próprio lábio antes dele me beijar. O arrepio surge e corre por meu corpo em questão de pouquíssimos segundos, agitando meu ventre e centro no caminho.

— Não mentiu quando disse que havia mais delas — sua voz levemente rouca me faz ter noção do que visto, na verdade, mal visto. Eu estava em um conjunto de lingerie rosa bebê, que não me lembrava dela, me desespero em me vestir — Pare! — minha mão fica congelada no ar, quando estico meu braço para apanhar o vestido que usava antes.

— Vai me bater de novo? — há um certo desespero em minha voz e não tem nada haver com o pânico de ser estapeada várias vezes na bunda pela mão grande do meu marido.

Luca se desencosta, mas não descruza os braços.

— Já se tocou, Vittoria? — pergunta, sua rouquidão aumentando, por algum motivo meus olhos correm para sua pelve e a encontro tão estufada como naquela noite, engulo seco e sinto todo meu ventre e centro se agitarem. Com as bochechas queimando e lutando para manter meus olhos nele, nego com a cabeça — Vamos para a segunda lição: não minta para mim.

— Não estou, Luca! — me desespero — Eu nunca... Nunca mexi... Lá.

Ele volta a correr seu polegar em seu lábio inferior, me encarando lá, como fiz ao olhar em sua pelve, só que Luca se demora e não parece nenhum pouco envergonhado, isso se ele já se envergonhou alguma vez na vida, tão diferente de mim.

— Mas já quis — ele afirma — Em especial após os tapas — meu rosto e pescoço poderiam entrar em chamas nesse momento. Como ele sabe? Eu deixo tão claro assim? — Agora, esposa, me diga: nas outras vezes que quis correr seus pequenos dedos por sua deliciosa boceta o que te motivou? — Dio Mío! Como ele pode ser tão descarado? — Se espante enquanto me responde, Vittoria! Quem foi o homem? — seu tom de voz se eleva, agora Luca, me parece irritado.

O desobedeço e me visto tão rápido que imagino nunca mais conseguir a proeza.

— E...Eu... Se vire e respondo.

Ele me olha sem acreditar.

— Não dou ás costas a ninguém.

— Fala como se eu fosse sua inimiga quando sou sua esposa.

— Uma mulher pode ser às duas coisas. Agora me responda, Vittoria!

— Você! — lhe dou sua maldita resposta e saio do closet, ou penso que posso sair. Luca, me para no caminho, se pondo a minha frente — Não estou mentindo, Luca, desde a primeira vez que o vi eu... — dizer tão próximo dele não funciona, ainda mais que seus olhos não abandonam o meu. É como se Luca lesse cada pedacinho existente de mim — Não estou mentindo! — repito.

Pela terceira vez na noite, seu polegar visita seu lábio inferior, enquanto encara meu rosto, meus olhos perdendo sua atenção por alguns rápidos segundos que ele desce até meus lábios.

— O jantar será servido às nove. É quando seu castigo acaba — diz e deixa a passagem livre.

— Obrigada? — não posso me conter.

— Não me tente, esposa — a ironia pinga — Posso mantê-la por mais cinco dias, que podem se transformar em cinco meses, voar para cinco anos e então por toda sua jovem vida, para sempre — não é uma ameaça, Luca está apenas me avisando, a par de seu poder, do que pode me fazer e ninguém jamais poderá me ajudar.

— Obrigada.

— Ótimo. Ah, algo me diz que irá voltar acontecer, então fale com sua cunhada o bastante, não haverá regalia na próxima.

— Não vai.

A sombra de um sorriso é tudo que recebo ao sair dali.

Eu seria a melhor esposa que Luca poderia ter, ele veria só.

Votem e comentem bastante 💜

Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor            (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora