Ruínas do Olimpo - A maldição da Fênix (DEGUSTAÇÃO)

🦋 Capítulo Quatro 🦋 sangue fraternal em conflito

O ar gélido da Sibéria ricocheteava minhas costas violentamente enquanto eu caminhava e apesar das botas grossas, luvas, e um sobretudo preto feito de couro minhas pernas estavam dormentes como se eu as tivesse colocado em um congelador. Eu podia sentir as veias de minhas mãos latejando desesperadamente enquanto eu escondia no bolso para tentar esquentar, meus ombros estavam curvados e retraídos, como se eu estivesse carregando pedras gigantescas em meus ombros. Em qualquer outro dia eu estaria extremamente irritado com aquelas dores, mas hoje elas eram muito bem-vindas, porque pelo menos mantinham minha mente distraída das besteiras que ouvi do conselho.
Para eles o retorno de Cronos é, na verdade, uma maneira de redenção para a humanidade.1500 anos se passaram desde a primeira caça às bruxas e eles continuam com esse maldito pensamento arcaico e opressor sob os feiticeiros e lobisomens. Conto os dias para que esse dia chegue, para que essa guerra maldita acabe, mas as vezes tenho a impressão de que isso nunca vai acontecer.
Olhei para o céu novamente e fiquei observando os sutis tons de azul se misturarem ao congelado que acariciava discretamente as nuvens densas, como se elas fossem se desmanchar a qualquer instante. A lua estava lá também em sua forma crescente, o ar gelado provocava um efeito perolado sob a luz pálida que emitia dela. E embora estivesse uma vista linda, aquele ar gelado estava praticamente cortando meu rosto como se fosse pequenas agulhas pinicando meu rosto. No entanto, algo me distraiu por um instante e eu simplesmente ignorei a dor vendo uma pequena chama surgir na minha frente e se dissolver em minhas mãos. Havia um papel chamuscado em minhas mãos, as pontas estavam pretas e com o cheiro de fogo recém-apagado. Desdobrei o papel com cautela e olhei para a letra, no instante em que a reconheci, uma onda de medo e pânico. Era uma mensagem de fogo de Bianca Whitmore:

Mason você precisa voltar para Nova York o quanto antes, Dorian escapou do exilo e abriu os portões do submundo, Alex está em perigo você tem que vir para cá agora!

Bianca W.

Amassei o bilhete com tanta raiva que a pequena bolinha de papel se desfez entre meu punho, e antes que me desse conta, já estava me transformando outra vez:

Podia ouvir o barulho de meus ossos se quebrando, minhas costelas se expandindo e minhas garras crescendo sob a pele rasgando-a e se moldando aos meus ossos. Minha mandíbula se distorcia e a gengiva se abria dando espaço as minhas presas grandes e afiadas, por fim meu corpo é coberto por grossos pelos brancos.

Inclinei a cabeça para trás e instintivamente uivei para a lua que se escondia nas nuvens gélidas da Sibéria e minutos depois estava correndo pela nevasca, sentindo a neve rastelar entre minhas patas e o vento chicotear meu pelo sutilmente.

O céu escureceu subitamente enquanto eu corria e até mesmo a pressão do ar havia mudado, o cheiro de sangue fresco invadiu imediatamente meu olfato. Aquele cheiro doce e aquele calor intenso fazia minha garganta arder de vontade. Mas era exatamente isso que Dorian queria que eu fizesse, cedesse a tentação e depois a perda total do controle. Assim que cheguei na pequena vila os aldeões me encaravam de um jeito que eu não via a muito tempo, o medo, a raiva e o horror se misturavam em seus olhos e as expressões em seu rosto.

Foi quando vi, pilhas e mais pilhas de corpos espalhados pela praça e um mar de sangue pelo chão, quando olhei com mais certeza pude ver claramente que todos os corpos haviam sido mutilados por alguma arma muito afiada.

Gostou do presente irmãozinho?

A voz de Dorian ecoou em minha cabeça no exato momento em que eu me preparava para atacá-lo, ele estava sentado sob o galho de uma árvore de braços cruzados e me encarando com certa diversão por que provavelmente esperava que eu perdesse o controle. Meus músculos se tencionaram ainda mais, a vontade de pular no pescoço dele era tão grande que eu podia sentir minhas garras pulsando. Ainda assim me contive, os aldeões já estavam apavorados demais com aquela cena grotesca e não daria motivos para confirmar o medo que eles tinham de mim.