Ruínas do Olimpo - A maldição da Fênix (DEGUSTAÇÃO)

🦋 Prólogo 🦋 Acidentes Inesperados

DEZ ANOS ANTES

O corredor estava tão movimentado que quem olhava de perto poderia dizer que aquilo era um verdadeiro zoológico, tive que me espremer entre alguns garotos para conseguir chegar ao meu armário. Coloquei meus livros para dentro e peguei meu casaco, meus braços relaxaram um pouco quando ajeitei o casaco em meu corpo, estava frio e minhas pernas pareciam duas pedras de gelo.
Tive que fazer um esforço para conseguir fazer minhas pernas se mexerem, minha mãe havia pedido para eu colocar minhas botas de neve, mas eu não quis ouvir e agora estava me arrependendo profundamente disso, coloquei algumas coisas na mochila e depois fechei meu armário com cuidado e voltei a me enfiar na multidão de alunos rezando para não cair e ser pisoteada.
Eu estava louca para ir para casa tomar um chocolate quente, mas ainda tinha aula de artes da senhora Wenbrook e se eu não fosse, ela provavelmente surtaria, afinal era minha última aula antes de ir para Luisiana passar as férias com meus tios.
No instante em que entrei na sala ela correu me abraçar e automaticamente meus braços se fecharam ao redor dela, seus cabelos estavam soltos eu podia sentir alguns cachos enroscarem em meus dedos, e como era de costume o velho e bom perfume de rosas estava impregnado no jaleco.
"Você está linda querida que bom que fez um esforço para vir" ela abriu caminho para que eu passasse e me acompanhou até a carteira ao lado de Eliza enquanto falava sem parar sobre estar triste por ser meu último ano com ela.
Assim que a senhora Wenbrook se afastou, Elizabeth afagou gentilmente meu pulso e depois me empurrou um kit com tintas e pinceis de diversos tamanhos e grossuras, nós éramos amigas desde que eu me lembro, fazíamos tudo juntas.
E meses depois recebemos mais três vizinhas e a partir daí viramos um grupo inseparável, se uma levou bronca todas compartilham, se uma caiu da bicicleta, todas correm ajudar. Bianca era a mais maluca de todas nós, uma vez ela resolveu fingir que era o Tarzan e decidiu escalar um pé enorme de laranja que havia no seu quintal.
Quando ela caiu a senhora Whitmore entrou em pânico, o médico pediu para que ela ficasse de repouso por algumas semanas então eu, Eliza, Jéssica e Emma decidimos fazer uma festa do pijama para deixá-la mais confortável.

Passamos a noite fazendo maratonas dos filmes baseados nos livros de Stephen King e depois montamos uma barraca no meio do quarto com lençóis e cobertores para fingir que era nosso casarão sombrio, aquela foi a noite mais agitada e maluca que tive e isso me deu um pouco de aperto no coração pois essas seriam as primeiras férias longe das meninas, ainda me lembro da expressão de pavor da senhora Whitmore quando entrou no quarto e nos pegou assistindo IT A COISA, ela dizia que aquele filme era forte demais para jovens de 14 anos. Provavelmente Bianca não era muito de dialogar com sua mãe, se ela soubesse o que nós já fizemos, sem dúvida ela não deixaria Bianca sair tão cedo de casa.
A senhora Wenbrook pediu para que fizéssemos uma pintura do nosso animal de estimação favorito, mas por algum motivo eu desenhei uma fênix, ficou tão realista que se eu passasse a mão pelo papel poderia pegá-la.
Eu estava quase terminando de pintá-la quando uma imagem horrível invadiu minha mente: Minha casa estava completamente em chamas, o fogo se espalhava rapidamente pelo telhado devorando a madeira e depois descia pelas paredes, fazendo os vidros das janelas estourarem e uma cortina de fumaça escapar entre o fogo que se espalhava pelo lado de dentro. Em seguida outra imagem surgiu e eu vi um homem coberto por um manto preto e um capuz enorme que cobria os olhos, em sua mão esquerda havia uma enorme foice prateada com a ponta extremamente afiada que estava coberta de sangue.
Outra imagem invadiu minha mente e eu pude vê-lo enterrar a foice contra o peito de minha mãe, seu corpo estava preso contra a parede e um pequeno fio de sangue escorreu pelo canto da boca enquanto o homem retirava a foice do corpo de minha mãe e o deixava cair lentamente no chão.
As imagens desapareceram e quando me dei conta estava tremendo descontroladamente, o pote de tinta escorregou de minhas mãos e uma poça de tinta vermelha se espalhou sob meus pés, mas eu estava tão horrorizada com o que tinha acabado de ver que não consegui me mexer.
Eu sentia que todos estavam me olhando, mas não conseguia dizer ou fazer qualquer coisa tremendo daquele jeito.
Elizabeth colocou gentilmente uma de suas mãos sob meu ombro e instantes depois sua expressão de preocupação se transformou em puro horror, parece que ao tocar em mim ela conseguiu ver o mesmo que eu tinha visto.
Ela olhou para mim novamente e fez um breve aceno de cabeça como se tivesse me dando permissão para ir, mas, ao mesmo tempo, eu senti uma tenção em seus olhos como se ela tivesse visto algo além do que eu vi.
Minhas pernas estavam tremendo tanto que não imaginava conseguir me mexer, sai correndo tão de pressa que senti uma leve brisa bater contra meu rosto enquanto disparava para o portão de saída. Eu corri tão rápido que mal percebi o formigamento nos meus pés quando cheguei na esquina de casa, estava completamente sem folego, mas podia sentir a adrenalina pulsando rapidamente.