Olhos de Lua

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Tarde da noite.

O mundo desabava do lado de fora, das nuvens rosadas que cobriam todo o céu noturno caia densas camadas de água que escorria pelas paredes acumulando-se em poças gigantes pelas ruas, o vento frio e forte balançava os telhados e lonas fazendo cada pelo do corpo da moça arrepiar-se, e mais uma vez o som catastrófico dos trovões acompanhados de relâmpagos denunciavam que aquilo tudo demoraria a passar.

Hinata Hyuuga era uma kunoichi, uma muito forte por sinal, no entanto, se encolhia a cada novo rompante do fenômeno natural, abraçando-se sob a coberta de uma lojinha dangos tentando protege-se do seu medo infantil. Era tarde da noite quando deixou o hospital, seu pai receberia alta em dois dias e queria que tudo estivesse pronto para quando ele voltasse para casa, todavia, tempestades de verão possuíam vontade própria, vem e vão quando bem entendem e Hinata nada poderia fazer além de esperar, não poderia ficar doente, como daria aula? E o dia vinha dando seus sinais que logo acabaria com o sol radiante e uma chuva cairia, até tinha consigo um guarda-chuva lilás, no entanto, não esperava aquele temporal, o som alto da natureza furiosa a fazia tremer como um bichinho assustado.

Absorta, não viu quando uma figura masculina surgiu no meio da rua, parecendo pouco importar-se com o aguaceiro encharcado-lhe a roupa. A longa capa negra encobrindo todo o corpo alto denunciava a figura sombria, com passos lentos e pesados, ele caminhava através do caminho de pedras, Hinata semicerrou os olhos para logo em seguida abri-los chocada com sua descoberta.

— Uchiha-san! — sua voz foi carregada pelo vento alto que lhe cortava os ouvidos, ela tentou mais uma vez quando o viu caminhar devagar para longe — Uchiha-san!

Um pouco surpreso, o homem notou uma silhueta feminina aproximando-se de forma apressada, carregava um guarda-chuva e algumas sacolas, o corpo miúdo coberto por uma longa saia branca enquanto os cabelos balançam em um grande véu escuro.

— Hyuuga.

Embora já tivessem se cruzado desde o fatídico dia, Hinata sentia-se envergonhada e em dívida, estivera invadindo uma propriedade privada por três anos, mas sentia no fundo do coração que para ele não fazia diferença, ou pelo menos, o Uchiha mentia muito bem.

Sasuke estava de volta à vila depois de muito tempo, agora morava sozinho no enorme e sombrio Distrito, corria o boato que adotara um gato, porém, Hinata não era tão boba quanto pensavam, um homem como ele não possuía animais de estimação, muito menos um gato.

— O que está fazendo? — perguntou assim que a moça ergueu o guarda-chuva o protegendo da chuva grossa que inundava a vila.

— O meu clã é caminho para o distrito... P-Pensei que poderíamos ir juntos... M-Mas tudo bem, se não quiser.

Sasuke a olhou de forma preguiçosa, a Hyuuga era alguns bons centímetros mais baixa e ele precisaria curvar-se bastante para que ficassem da mesma altura, as orbes peroladas brilhantes como a lua cheia transbordando uma bondade inumana, na visão dele, ninguém era tão inocente como os olhos claros dela diziam.

O que ela queria?

— Não.

— Tudo Bem.

Ele estava atento ao rosto da moça, viu cada uma de suas expressões, até as que talvez nem ela tivesse notado que fazia, as sobrancelhas bem feitas movendo-se para o centro, os olhos perolados abrindo-se e a boca pequena e avermelhada formando um pequeno vão surpreso. Mas o ex-nukenin não tinha tempo para lidar com decepções alheias, muito menos lidar com expressões faciais que carregavam uma tristeza mal-mascarada, tinha seus próprias problemas para resolver, no entanto, quando a deu as costas e se pôs a andar o som estrondoso cortou o céu e um lamento baixo e amedrontado chegou até si bem baixinho, virou-se novamente a olhando parada no meio da vila segurando com força as sacolas.

DignoWhere stories live. Discover now