Samui, a kunoichi da Nuvem

20 2 0
                                    


O sol despontava no céu marcando o meio do dia. Enquanto me deslocava pelo bosque com destino à fronteira do país do fogo para para encontrar um grupo de ninjas da Folha, senti um arrepio de alerta. Estava sendo seguido.

Parei no meio do caminho e agucei meus sentidos, tentando perceber algum som ou sinal que me indicasse quem poderia ser aquela companhia, mas sua habilidade de camuflagem era notável. Nenhum cheiro, som ou sombra que pudesse ser captado além da brisa agitando a folhagem das plantas.

— Quem está aí? — perguntei.

Em uma fração de segundo, um ninja surgiu no galho alto de uma árvore a cerca de dez metros de distância da minha posição. Vestia uma pesada capa cinza com capuz, que ocultava completamente sua identidade. Ativei o sharingan em meu olho esquerdo. Está sozinho.

Nos observamos silenciosamente por algo que pareceu serem minutos. Nesse tempo, ele não fez nenhum movimento de ataque. Tampouco eu via motivos para atacá-lo.

Cansado de ficar sem uma resposta, quebrei o silêncio entre nós:

— Bem, se não tem nada para mim ou contra mim, vou seguir o meu caminho —, comentei enfiando as mãos nos bolsos e dando meia volta, determinado a retomar a minha viagem.

Finalmente colocando-se em ação, o ninja saltou da árvore e se lançou em minha direção, iniciando um intenso combate corpo a corpo, desferindo uma série de golpes de taijutsu. Os golpes com as mãos, cotovelos, joelhos, pernas e pés eram ágeis, poderosos e impressionantemente coreografados mas, apesar disso, percebi pelos seus movimentos que todos eram defensáveis. Meu oponente não usava armas, nem mesmo uma kunai, apesar de eu ter visto de relance o brilho do metal reluzir entre as folhas da sua capa durante uma das suas investidas.

Não está me atacando. Está me testando.

Ao me defender de um poderoso chute, travei sua perna segurando firmemente o seu tornozelo, o que fez essa parte do seu corpo se revelar por sob a capa. Uma longa perna torneada e feminina. Aquilo era a perna de uma mulher?

Rodopiando no ar e tentando me chutar com o outro pé, a ninja talentosamente se desvencilhou da minha pegada, saltando a poucos metros de distância.

Antes mesmo que ela planejasse seu próximo golpe, desviei da sua linha de ataque, girei para atrás de seu corpo e a travei com uma gravata no pescoço, usando a ponta da minha mão como uma lança contra suas costelas para que entendesse que qualquer reação sua me levaria a perfurá-la com um ninjutsu de raiton.

— Tsk,— ouvi ela estalar a língua entre os dentes — parece que você me pegou, Kakashi do Sharingan —, falou em um tom seco a voz feminina.

Com um ágil movimento do meu corpo, virei a mulher e a empurrei contra uma árvore, travando suas pernas com minha coxa entre elas, segurando seus pulsos sobre a cabeça com uma das minhas mãos e apertando seu pescoço com o outro antebraço. Com a súbita mudança de nossas posições, o capuz deslizou, revelando seu rosto. Afinei os olhos buscando reconhecer aquela figura.

— Você é uma ninja da nuvem.

Agora que conseguia ver o seu semblante, pude identificar aquele olhar estoico e distante. Apesar de termos nos encontrado uma única vez, me lembro fielmente da minha primeira impressão. Recordo da ter notado a pele clara, incomum entre os ninjas de Kumogakure, sempre à mostra graças à sua saia curta e o seu voluptuoso decote. Recordo de ter medido com meus olhos as generosas curvas do seu corpo e o volumoso busto, que se destacava sobre a cintura afinada pelo colete que vestia como se fosse um espartilho. Recordo do cabelo loiro assimétrico com a franja longa que emoldura as feições delicadas e a boquinha pequena. Mas, sobretudo, me recordo da frieza distante de seus olhos azuis.

Todas as mulheres de KakashiWhere stories live. Discover now