Ele foi lá, grandão e sem medo.

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Sasuke

Eu não poderia sustentar um sorriso maior.

Dando passo sobre passo, eu propositalmente fingi estar alheio à figura feminina caminhando timidamente ao meu lado, tão silenciosa, quanto inquieta. Sakura mantinha uma feição cética e expressões tão frias como a de uma boneca de porcelana, tudo para esconder que, naquele momento, ela estava com muita, muita raiva.

Isso é arte.

Fixei meu olhar em seu perfil, cujo só pareceu se endurecer mais à medida que as duas orbes verdes furtivamente escorriam para o lado, apenas para saber se eu ainda a observava. Sakura estava se fazendo de durona, e eu já esperava que ela conseguisse manter o personagem por um bom tempo. Porém, assim que o som de um ruído baixo, parecido com um gemido de frustração cruzou os meus ouvidos, meus lábios se repuxaram em um sorriso ainda maior; como se meu corpo reagisse à este estímulo.

Finalmente atraindo a atenção de Sakura até mim, e seus olhos extremamente verdes que, naquele momento, pareciam a própria definição de "ódio", retribui o ruído baixo, porém, encharcado de ironia.

— Sabia que, na primeira vez que o vi, joguei um abacaxi na sua cabeça? — Começou ela, fingindo uma casualidade que não existia; notava-se pelo seu tom de voz contido e agressivo. O sorriso no meu rosto ameaçou aumentar. — Isso rolou na finada guerra de frutas, mas se você não parar de me encarar agora, juro por tudo, Sasuke, que arranjo outro abacaxi e jogo na sua cabeça.

Sakura pareceu ser a pessoa mais intimidadora do mundo ao se virar e fixar seu olhar semicerrado ao meu. Satisfatório, pensei ao sentir meu peito aquecer ao ver a frustração de Sakura.

— Você está assim por não ter nenhuma carta na manga? — Comentei, casualmente. O olho da Haruno ameaçou tremer num tique nervoso. — Nossa, você está mesmo afetada.

— Você não tem medo do perigo...

Permaneci quieto, as mãos descansando tranquilas ao lado do meu corpo e o sorriso escondido. Sakura dava passo sobre passo quase bufando de raiva, hora ou outra desviando seu olhar frustrado até mim, para logo depois rolar as duas orbes verdes em descaso. Mantive meu olhar fixado ao seu rosto, percebendo as covinhas que se formavam nas bochechas da Haruno quando ela fazia um biquinho irritado.

Desviei o olhar contrariado, achando o seu erro genético... adorável.

— Qual é, Sakura... achei que já tínhamos deixado isso para trás. Não fique brava. — Comecei, apressando os passos numa tentativa de me manter ao lado de Sakura. Porém, ela não parecia querer isso, sempre mantendo-se à frente numa distância segura. Levei algum tempo para assimilar o fato de que ela estava fugindo de mim, o que foi um balde de água quente para o meu ego. — Se você está tão desesperada, eu até deixo você pedir dois milk-shakes.

Provocá-la estava sendo extremamente revigorante e bom. Ver cada linha de expressão zangada desenhada em seu rosto, era o equivalente ao tomar um copo de água após correr por um deserto. Finalmente, eu estava ganhando após Sakura ter se intrometido na minha vida, jogado os meus amigos contra mim e deslocado o meu ombro. Porém, o olhar que Sakura me lançou em resposta foi o suficiente para me fazer parar e engolir em seco.

Havia insanidade nos olhos dela.

— Eu estou te avisando, Uchiha. Eu pego o abacaxi... — Sakura não se limitou apenas as ameaças oculares e verbais, terminando o serviço com alguns gestos bem feios feitos com suas mãos. Ao assistir à cena pesada, senti minha boca secar. — Será que podemos apenas fazer o nosso serviço de atrasar o Suigetsu, e ir embora?

O inferno é RosaWhere stories live. Discover now