Oh nojeira, pode ir me tirando!

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Sasuke

— Eu aceito seu desafio. 

Naquele momento, muitas conclusões sobre Sakura Haruno se passaram pela minha cabeça, como o fato dela ser incrivelmente irritante na maior parte do tempo, ou como seus olhos conseguem ser tão verdes, assim como a capacidade dela de ser tão aleatória quanto neste momento. Pensei, também, em como eu acabei me colocando nessa situação, de ser desafiado por Sakura na frente de todos, e aceitar. Procurei, também, por uma razão que explicasse essa atitude vindo dela, tão repentina. 

Primeiro, ela vem até aqui apenas para me provocar, e quando digo a coisa errada e peço desculpas, a primeira coisa que ela faz é me desafiar. E, mais uma vez, me pergunto o porquê de ter aceitado. 

Por ser líder da melhor fraternidade da faculdade, é meu dever sempre manter as coisas animadas, tanto para o bem da nossa reputação, tanto para a diversão dos nossos convidados. Me manter fora de disputas que valem a honra da Kurama não é bem o meu estilo, e como sempre visamos suprir as expectativas de todos — que são altas quando falamos de entretenimento, afinal, passamos boa parte do nosso tempo estudando —, decidi aceitar essa... brincadeira de Sakura. 

O líder da Kurama disputando contra a ex Princesa da Akatsuki, é algo que todos vão querer ver. 

Porém, me intriga o pedido ter vindo de Sakura, quando há minutos atrás não podíamos chegar próximo um do outro sem causarmos uma discussão, quando tudo nela parece ser milimetricamente pensado para me irritar, desde seu jeito teimoso, até seus olhos que exalam sarcasmo e descaso quando me veem. Sakura é o ser mais irritante que já conheci. 

Encarando-a em cima da mesa, mantive minha postura impassível, e por dentro, esperei ansiosamente por ela. Inferno, por que Sakura está fazendo isso? E tão repentinamente? Seja qual for o motivo, ela conseguiu me deixar mais animado do que eu gostaria. 

Novamente, Sakura é uma pessoa muito, muito irritante. 

Não demorou muito para que a Haruno reagisse. Os minutos pareceram se passar de forma lenta após Sakura ter feito questão de manter contato visual comigo ao descer da mesa, estacionar na minha frente, exibir um sorriso misterioso extremamente mal intencionado, e me surpreender pela segunda vez na noite ao agarrar minha mão e me conduzir até a mesa de sinuca, a mesma aonde eu a encontrei antes de tomar uma atitude sobre sua presença. 

Demorei alguns segundos a mais observando nossas mãos juntas, me perguntando se ela também sentiu a mesma sensação estranha que eu. Provavelmente não. Sakura parecia agir da maneira mais natural possível, totalmente focada no momento e parecendo mais animada do que eu. Engoli em seco, mascarando o meu choque e tentando achar uma resposta para... tudo. 

As pessoas estavam olhando, comentando demais, talvez até sobre ela e o Sasori exatamente como Sakura disse que iriam fazer, e aquilo não parecia incomodá-la nenhum pouco. Ela estava focada, seu sorriso contido deixava claro o quão animada ela estava e sua iniciativa me dava a certeza de que isso não deveria estar acontecendo, que eu não deveria ter aceitado o desafio e que Sakura não deveria estar segurando minha mão, que eu sequer deveria continuar com isso. 

Mas eu vou. Porque ganhar de Sakura no seu próprio desafio é algo que me faz delirar apenas de imaginar. Poder desmanchar toda a sua pose e prepotência, desmanchar seu sorriso debochado e, acima de tudo, a fazer pedir desculpas a mim, o que vai ser o ponto alto da nossa convivência. 

Um sorriso prepotente surgiu no meu rosto. Agora, eu sei o que eu vou pedir para a Haruno quando eu vencer essa brincadeira. 

Em algum momento, Sakura desvencilhou sua mão da minha para caminhar casualmente até os tacos. Observei com atenção quando ela demorou algum tempo os analisando, como se estivesse buscando a melhor opção ou como se isso fosse ajudá-la a me derrotar. Soltei um riso baixo, o que atraiu o par de olhos esmeraldinos até mim. Sakura não pareceu afetada em momento algum, tanto que se inclinou na mesa de sinuca e esperou por algum movimento meu, me encarando como se escondesse algo a mais do que o sorriso divertido atrás do taco. Eu sei que ela está, mas, eu também sei que não conseguiria arrancar nada dela agora, e, no fundo, sei que nem deveria tentar. Afinal, depois que eu vencer este desafio, o que acontece? Com certeza, não viraremos amigos. 

O inferno é RosaWhere stories live. Discover now