— Você não está ficando mais jovem.

— Eu só preciso de coragem.— Janna retrucou voltando a fitar os livros à sua frente.

Eram em sua maioria títulos constitucionais, biografias e registros de historiadores desconhecidos. Um deles pequeno e de capa dura na cor preta capturou seu olhar atento.

— Oque é esse?— Chandra indagou reparando que a moça o observava com maior afinco.

Janna sentiu suas mãos ficando trêmulas, engolindo em seco abriu a capa e folheou algumas das páginas envelhecidas. Quando leu a primeira palavra em negrito uma forte emoção tomou conta de seu peito.

— Janna?— A senhora insistiu.

— É um manual de vida.— a moça respondeu procurando conter as lágrimas em seus olhos.

Não podia acreditar que fora agraciada com tão grande benção.

— Um livro de autoajuda? Que Alá me livre de ter que ler uma coisa dessas!

— Então, eu posso ficar com isso?— Janna indagou animada.

— É claro!— Chandra sorriu com as sobrancelhas franzidas.— Todos esses são seus.

A jovem princesa sorria conferindo os outros exemplares disponíveis na caixa quando o som da sineta tocou outra vez e uma moça em passos rápidos entrou de cabeça baixa. Janna percebeu que se tratava de uma frequentadora da biblioteca e que ela estava chorando. Fez menção de ir até ela mas Chandra a barrou.

— Janna — Sua voz soou como uma advertência.— Lembre-se de que não deve compartilhar suas crenças aqui. Há cada vez mais soldados nas ruas e eu não gostaria que algo de ruim te acontecesse, ou à biblioteca.

— Não se preocupe.— Janna respondeu com voz delicada.— Eu apenas falarei com ela por um momento.

Recebendo a aprovação silenciosa da superior a jovem se afastou sumindo entre as longas fileiras de livros. Assim que Chandra assumiu o lugar dela atrás do balcão um homem alto entrou e se aproximou olhando em volta.

A senhora logo deduziu por sua pele pálida e trajes distintos que se tratava de um estrangeiro.

— Bem-vindo!— Ela o saudou exibindo seus dentes amarelos.

O homem a olhou torcendo o nariz. Preferiu olhar em volta para afastar a forte náusea que o atingiu.

— Oque o trás à Jyotisha?— Chandra indagou.

— Um delírio, sem dúvida.— O homem resmungou se inclinando sobre a peça de madeira e reparou nos livros expostos em uma grande prateleira atrás do balcão.

— Está ficando cada vez mais difícil, Janna!— A jovem chamada Kali lamentou em voz baixa. Janna tocou a mão dela, seus olhos ainda estavam marejados. — O meu pai quase descobriu tudo! No que eu estava pensando quando me rendi à fé cristã?

— Você estava buscando a paz que só Ele poderia te dar, Kali. Não se culpe por escolher a melhor parte.— mesmo sabendo que não era boa nas palavras Janna tentou consolá-la.— Eu sei o quanto pode ser difícil mas precisamos ficar firmes.

— Eu não sei por quanto tempo vou suportar!— Kali estava muito abalada.

— Precisa ir à reunião de hoje.

— Mas eu...

— Eu vou esperar por você no nosso ponto de encontro.— Janna insistiu.

— A senhora me indicaria uma leitura?— A pergunta do estrangeiro surpreendeu a mulher atrás do balcão mas ela se empertigou e com muita satisfação procurou por um exemplar de seu livro favorito.

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora