05. Tombstone

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Simon tinha entrado no quarto e deixou a caixa ao lado da cama por cima da mesa, ele esperaria até que Sora voltasse ao seu quarto para retornar a caixa no seu devido lugar acima da cristaleira. James Campbell, provavelmente o marido ou namorado de Sora, era o antigo dono das roupas que usava, e como havia escrito, provavelmente falecido. Ele suspirou fundo e esperou até que Sora fechasse a porta do seu quarto.

Ele silenciosamente voltou a sala para retornar a caixa de volta no seu devido lugar e o percurso o deixou um tanto quanto nervoso, pois tentava evitar ao máximo o ranger da madeira abaixo do seus pés, e que foi uma tarefa difícil, de qualquer forma, esperava que a moça não o questionasse sobre suas andanças noturnas pela sua casa.

Aliviado de finalmente ter deixado o item de volta, ele se cobriu e virou de lado, na esperança de dormir o mais rápido possível novamente.
Os pesadelos iam e vinham durante seu sono: companheiros mortos, a chuva caindo sobre seus corpos apodrecidos e tomados pelas plantas rasteiras da floresta, a imagem de uma mulher com cicatriz no rosto olhando para trás de relance e sorrindo, e depois sua figura esvanecendo adentrando as sombras daquela floresta em que jaziam os corpos.

Ele acorda suado, e olha pela fresta da cortina, a luz fria e difusa do sol por entra as nuvens escuras no céu ilumina seus olhos e parcialmente o quarto. O barulho de uma chaleira avisando o término da fervura da água e os passos de Sora ecoando pelo piso. Ele suspira aliviado por se dar conta de que ele está seguro, porém, lembrou-se de que o pesadelo era uma memória real e que realmente, ele era o único sobrevivente daquela unidade da Task Force.

Ele enrola um pouco para descer da cama, pisca os olhos pesadamente e os esfrega, ele tem que descer e encarar a moça novamente. Será uma convivência difícil para ele até que ele possa ir embora dali. Simon se levanta da cama e abre a porta, o cheiro do café e das ervas tudo misturado toma conta do local, novos pães e um bolo recém assados estão postos a mesa juntamente com um pote de geléia de amora Silvestre que Simon nota assim que ve a coloração e alguns pedaços das frutas dentro da mesma compota.

"Bom dia, sente-se melhor?" - perguntou a moça, seriamente, ela parecia cansada, como se não tivesse tido uma boa noite de sono e de fato, não tinha, ter um homem do porte de Simon, mesmo que aparentemente militar em sua casa, e ela estando sozinha, a preocupava.

"Bom dia... Um pouco." - ele responde enquanto coçava a nuca, ia cambaleando até a mesa.

A moça colocou mais um bule de café e o de água quente na mesa e se sentou, lentamente e esboçando um sorriso de canto de boca enquanto colocava uma caixinha com algumas ervas separadas em saquinhos. Simon avaliou a caixa e o aroma das ervas o agradou, o fez lembrar da sua casa na distante Londres, no bairro de Chiswick. Ele suspirou fundo, talvez precisasse do café para que pudesse despertar e ficar mais ativo, mesmo ferido, ele tinha que dar um jeito de vasculhar as redondezas o mais rápido que pudesse.

"Chá ou café?" - perguntou a moça, enquanto observava o bule e via que Simon focava seu olhar através da janela, com a mão no queixo.

"Ah, Café.. Por favor." - Ele respondeu, como se a pergunta dela o tirasse daquelas preocupações, e ele voltou a se situar no momento presente, observando Sora delicamente colocar o café na xícara de porcelana, delicada com arabescos, pela sua análise, parecia algo fino, mas como toda a sua casa, envelhecido, gasto.

Ela se serviu do mesmo e foi colocando açúcar, serviu-se de um pedaço de pão com Geleia de viu Simon apenas tomar o café primeiro e a princípio, não comer nada.

"Ah me esqueci." - ela se levantou, foi até o fogão e pegou uma frigideira com alguns ovos mexidos e sem que Simon pedisse, ela os deixou em seu prato. Ela deixou a outra parte dos ovos sobre o seu e voltou com a frigideira para a pia. Ela sorriu de volta e seus olhos meio puxados pareciam ter ficado menores.

Wolf and RavenWhere stories live. Discover now