04. James Campbell

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Simon vasculhava seus olhos pelas fotos penduradas nas paredes, e pelo canto de olho, observava os movimentos de Sora, suas roupas, já com aparência mais gastas, ali, ela usava meias e terminava o caldo, tampou a panela e colocou uma água para ferver.

"Acredito que você deve gostar de um pouco de chá." - ela soltou ainda focada em pegar algumas ervas que estavam penduradas em um suporte de madeira pendurado no teto, o que conferia ao ambiente um frescor e uma mescla de aromas, até o momento, Simon inebriado pela dor, não tinha percebido todos os detalhes daquela cabana modesta e um pouco deteriorada de Sora. O piso já não estava muito bem conservado, algumas partes haviam perdido o brilho e rangiam com os passos da moça pela cozinha conjugada com um balcão de madeira, as janelas de madeira e as paredes estavam um pouco corroídas por cupins e pareciam estar com aparência úmida, o que deixava o ambiente mais frio, caso não fosse a fogueira. Simon não queria começar um diálogo ali, a intenção dele era tentar comunicação com Laswell e providenciar uma extração de qualquer jeito, ele ali se sentia vulnerável e as munições não demorariam a acabar caso ele necessitasse de entrar em algum confronto, e uma mulher pequena como Sora não seria de muita ajuda caso algum dos Russos estivesse tentando localizá-lo, e ele tinha que pensar em uma maneira de sair dali.

"Onde nós estamos?" - com aquele sotaque nasalado e pesado inglês, ele soltou, rompendo o silêncio e o barulho da água fervendo.

Sora arregalou as sobrancelhas, piscou surpresa pela pergunta repentina e depois sorriu, voltou sua atenção a colocar as ervas dentro do bule de chá.

"Estamos há 150 quilômetros ao norte de Fort Nelson." - ela disse sem alterar seu tom de voz, estava mais concentrada em assistir o progresso da chaleira.

"Entendo..." - Ghost abaixou a cabeça e continou observando o queimar dos gravetos na lareira. Ele precisava sair daquela cabana, mas estava debilitado demais, e isso o frustrou um pouco, quanto mais ele estivesse ali, agravava sua situação.

Sora não tinha nada a ver com aquele confronto, e por mais que Ghost estivesse mais preocupado em desaparecer dali, não seria seguro ele estar com Sora. Não que ele se preocupasse muito com ela, se dependesse dele, ele daria um jeito de sair daquela floresta, mesmo que isso significasse quase perder a vida. Ele suspirou e por um momento aceitou a situação em que se encontrava, ele continuou a observar os quadros de vidro opacos pendurados nas paredes de madeira e ia observando cada detalhe. Havia uma cristaleira atrás do sofá de onde ele estava, ele se virou lentamente para se observar e ali havia uma quantidade razoável de garrafas de vários tipos de bebidas, por causa da iluminação bruxuleante, ele não sabia identificar se elas estavam vazias, cheias ou pela metade e conseguiu ver que haviam vários itens e taças de vidro, entre copos de uísque com formatos refinados até taças de vinho. Acima da cristaleira, havia uma caixa aberta com seu interior acolchoado com um pano branco, meio amarelado pela poeira e ele conseguiu ver algo como uma insígnia brilhando, mas como estava muito cansado pra se levantar ele se virou para a fogueira e ignorou aquele ícone por um instante.

"Aqui está, é uma erva da região, não sei se você vai gostar mas é o que eu tenho a oferecer..." - Ela disse entregando a xícara de chá a ele e ainda meio relutante, fixou seus olhos nela e depois a xícara, mas acabou segurando a alça da mesma.

Ele assentiu firmemente com a cabeça, e levantou a xícara um pouco ao alto em sinal de aprovação, ela esboçou um sorriso e aquele pequeno gesto foi suficiente para que a moça pensasse que aquilo já era um pequeno avanço. Ela retornou ao balcão da cozinha e verificou a sopa. Olhou para o lado e via que o soldado estava focado no interior da xícara de chá, concentrado no pozinho que se depositava no fundo da mesma. Ela suspirou fundo e anunciou:

"O jantar está pronto, quando quiser se servir, fica a vontade." - anunciou educadamente enquanto deixava os pratos de sopa sobre o balcão. Ela pegou um e o encheu até metade, colocou na mesa e depois colocou uma tábua de madeira com alguns pães por cima, manteiga e uma faca. Silenciosamente, apesar do ranger da madeira sob seus passos, ela se sentou a mesa e começou a tomar a sopa. De vez em quando ela mirava Simon que tomava golinhos do chá enquanto fitava as chamas.

Wolf and RavenTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang