— Tem como não olhar? — Ela sorriu de lado — Acho que você tá perdendo tempo, não me diga que ainda fica hesitante por causa do Theo?

Eu apenas olhei para ela pensativa.

— Não. Isso não tem nada haver com Theo.

— Você e Apolo já se beijaram? — Perguntou curiosa.

— Não — Falei baixo sem olhar para a minha amiga ao lado, apenas encarando Apolo que estava pegando sua garrafa de água para se hidratar e depois dividindo com Arthur e Miguel. — Acho que estamos apenas nos conhecendo.

— Mas da pra se conhecer com a língua também — Ela comentou de maneira maliciosa e eu apenas fiz uma careta.

— Ai credo! Você sabe que eu não sei beijar — Sussurrei.

— Peça a ele para te ensinar.— Ela me cutucou com o cotovelo.

— Eu não. É vergonhoso. — Dei de ombros.

Pouco instante depois me aproximei vagamente do loiro azedo enquanto os outros estavam discutindo quem batia melhor o pênalti. Respirei fundo e o encarei, ele me encarou de volta erguendo as sobrancelhas provavelmente curioso com que eu falaria.

— Eu poderia zoar você agora, mas estou curiosa sobre outra coisa — Comentei de maneira cautelosa.

— Sobre o que? — Ele questionou, passando os dedos pelo cabelo que agora estava um pouco molhado.

— Sobre a Amália — Respondi cruzando os braços — Por que ela adiou a viagem? Você não me disse nada.

Ele suspirou.

— Não sei exatamente, mas acredito que seja por causa do pai dela. Amália é um pouco difícil de lidar, apesar da primeira impressão agradável, ela gosta tudo do seu jeito e quando o pai dela não faz sua vontade, ela meio que surta. — Contou, da maneira mais detalhada possível.

— Entendi, então ela vai vir esse mês? — Questionei.

— Provavelmente.

— Você tem um imã pra garotas mimadas — Falei encarando seus olhos azuis.

— Isso inclui você? — Seus lábios se esticaram em um sorriso presunçoso e eu revirei os olhos, um pouco incrédula com a frase que ele proferiu.

— Você não tem uma paixão platônica pela Lavínia? Eu arqueei uma sobrancelha.

— Acho que paixão platônica é uma forma muito pesada e cômica de você descrever algo assim — Comentou ele com os olhos semicerrados, andando atrás de mim. — Eu gosto dela, mas isso não significa que eu queira me casar com ela. — Ele sussurrou perto do meu ouvido.

Suspirei séria.

Ele se distanciou ainda com um sorriso no rosto, aproximou-se do restante e entrou na disputa de pênaltis.

Em casa, tomei um banho demorado e refrescante, meu corpo estava todo quebrado, minhas panturrilhas estavam quase pedindo socorro e sem falar nas costas que pareciam ter sido atropeladas por um caminhão. Realmente tinha sido um dia muito cansativo. Após isso apenas coloquei uma roupa confortável e me joguei na cama. Observei um pouco o teto esperando o sono vir. A porta do meu quarto então se abriu, revelando Flora.

— Nossa, você parece destruída. — Comentou se aproximando e sentando na cama.

— Realmente tô. — Conclui de maneira arrastada.

— Vim avisar que vamos fazer um passeio com a família no próximo final de semana e ela quer que todo mundo vá, então cancele qualquer compromisso que estiver. — Flora suspirou, parecendo entediada com a ideia.

— Trenó das montanhas?

— É, Miguel te contou?

— Contou, ele não parecia muito feliz com a idéia — Comentei.

— Mamãe fica muito mandona e animada demais com isso, se torna até exagerada. Espero que esse ano ela esteja mais calma.

Respirei bem fundo. Meu celular logo vibrou próximo à mim na cama.

Theo
O nosso encontro ainda está de pé?

Anelise
Hum, talvez.

— Quem é? — Flora parecia curiosa, seus olhos estavam saltando sobre a tela do meu celular.

— Theo — Respondi.

— Você não cansa desse enrola-enrola? — Perguntou de maneira direta e impaciente.

— Não é um enrola-enrola.

— E o que é? Tipo, ele gosta da Lavínia e também gosta de você. — Comentou com as sobrancelhas levantadas, como se fosse óbvio — E você não está fazendo muito diferente, tá gostando dele, mas percebi o seu interesse enorme pelo o Apolo.

Piada.

Apolo e eu somos um caso à parte — Expliquei sendo vaga.

— Por que? Porque ele é um rico convencido que você não está sabendo lidar com a personalidade autoconfiante dele?

Eu sorri. Ela estava certa, eu não sabia lidar com a personalidade dele.

— Olha, eu acho que tenho que ter opções, não? — Dei de ombros e me estiquei mais sobre a cama.

— Fiquei sabendo que Apolo foi jogar futebol só pra te ver — Um sorriso presunçoso estava nos lábios dela e como um ato instantâneo eu revirei os olhos.

— É claro que foi — No fundo, minha voz soava irônica.

Theo
Próximo fim de semana?

Anelise
Desculpa
Tenho compromisso. Outro dia, quem sabe?

Theo
Claro, temos todo o tempo do mundo.

Querido desconhecidoWhere stories live. Discover now