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Ela não sentia ter mais o controle do próprio corpo quando foi colocada por cima daquela cama dura de madeira e ferro. Sentiu os guardas prenderem seus pulsos e tornozelos. Eles partiram depois de fazer uma reverência a Njord.

Dezenove anos. Dezenove anos de vida, e Theodosia já conseguia reunir ódio suficiente para queimar o mundo inteiro quando se tratava do Mestre de Armas. Ela o odiava tanto quanto o temia.

— Tive muitas ideias para a sessão de hoje, Theodosia — ele falava o nome dela de forma venenosa, a fêmea quase podia ver ácido escorrendo entre os lábios do macho.

Loiro, rosto bruto e olhos azuis assustadores. Sua pele pálida parecia áspera. Estava sempre vestindo verde e laranja. Os cabelos dourados perfeitamente penteados para trás. Fora quem Beron escolheu para moldar Theo da maneira que ele queria.

Theodosia não estava participando da briga entre os irmãos pelo trono. Beron jamais permitiria que ela tivesse a chance de se tornar Grã-Senhora um dia. Mas ele disse que a garota podia ser útil de outra forma.

Quando completou doze anos, Theo foi obrigada a acordar todas as noites durante a madrugada para descer até a câmara de Brynjar e permitir que ele coletasse seu sangue, injetasse elixires, embebedasse-a com poções, para que a fêmea pudesse se tornar a arma mortal que a Corte Outonal tanto precisava.

[...]

Theodosia sempre acordava tarde. Quando as sessões com Njord terminavam, ela voltava para o quarto e dormia até a hora do almoço. Nos dias bons, ela ficava apenas com alguns hematomas e dor pelo corpo, mas nos piores, precisava de ataduras, costuras pela pele e voltava sentindo seus ossos pegarem fogo.

— Princesa Theodosia — Theo ouviu Antonieta chamar antes de entrar na suíte com a bandeja de seu almoço. A escrava deixou por cima da mesa da sala de jantar antes de cruzar o cômodo para abrir a porta do quarto.

A fêmea se levantou da cama, colocando seu robe verde por cima da camisola vermelha, cobrindo o corpo magro demais, e seguiu em direção a sala de jantar.

Aquele era um dos dias ruins, em que sentia que o mundo estava se partindo em dor e o corpo todo queimava feito brasa.

— Coma comigo — Theo disse ao sentar à mesa com uma cadeira vaga a frente.

Ela sabia que os escravos só recebiam uma ração por dia. Então, sempre dividia suas refeições com Antonieta. As duas tinham a mesma idade, mas não eram exatamente amigas. Theo não gostava de conversar. Não mais.

Antonieta abriu um pequeno sorriso antes de sentar de frente para a princesa, e as duas começaram a comer em silêncio. A escrava observou a grã-feérica bebericar o copo d'água.

— Precisamos começar a vesti-la para o baile de hoje — a jovem mulher disse.

Theo apenas concordou com a cabeça.

Depois da refeição, a humana seguiu para o banheiro para preparar o banho da princesa. Horas se passaram enquanto a fêmea era embonecada para a celebração. Beron precisava fortalecer seus laços frágeis demais com as outras cortes, então aproveitou o nascimento de seu filho mais novo, Aidan, para convidar a todos. Haviam boatos de escravos humanos se unindo para tentar uma rebelião, então, precisava se certificar de que as cortes se uniriam contra eles.

 𝐅𝐈𝐑𝐄𝐁𝐈𝐑𝐃, acotar; azriel Where stories live. Discover now