cap 26

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Os olhos de Noah foram até o lugar onde normalmente Forever costumava ficar, talvez houvese uma pitada de esperança que o animal ainda estivesse ali. Saindo dali, sentou-se em um dos bancos do jardim sentindo o vento frio bater em sua pele coberta pelo tecido grosso da roupa de frio. O Clube de jardinagem, onde ele lecionava, avia feito um bom trabalho isolando o local das plantas em uma camada espessa de geada, cujo a função era manter o frio fora e o calor dentro, assim ficaria quentinho para as plantas e elas não pereceriam diante do inverno no verão.

Noah gostava de lembrar desse momento porquê foi Dingy quem os ajudou com sua magia a gear cada plantinha, embora Kitten estivesse o tempo inteiro colado a ela, a fada ficou feliz ao vê-la sorrir novamente, o medo que teve ao saber que a garota estava "cumprindo seu legado mais cedo" dentro do espelho foi demais para ele, odiava lembrar daquele momento, a sensação de perdê-la foi avassaladora, ele não podia imaginar um mundo em que a morena não estivesse nele, ela avia o feito ver as coisas por outro ângulo, de outra forma completamente diferente. Mesmo que não soubesse.

Uma silhueta silenciosa mas desengonçada se aproximava de onde ele estava, observou sem entender por alguns poucos segundos até realmente perceber pelos gestos e confusão que era alguém desorientado no meio da neve áspera que caía. Se aproximou da pessoa até finalmente perceber quem era. Era Dingy.
Seu corpo tomou o dela como um abraço necessitado ao vê-la assustada e com uma aparecia febril. Foi a primeira vez que viu a menina ter alguma cor além do seu branco pálido. Ao tocá-la diretamente, sentiu um calor descomunal sair do seu corpo, evidenciando que estava com febre. Febre... febre? Dingy estava com febre? Normalmente suas febres eram contrárias do normal, a garota em momento algum avia tido uma temperatura maior do que a de uma geladeira, então o que estava acontecendo?

Ele a segurou entre seus braços como se fosse a coisa mais delicada que tocara em toda a sua vida. Sentia a respiração sofrega  da menina e até mesmo alguns sons de tosse vindas dela. A pegou no braço como se não fosse nada e a levou para o local mais quente perto dali mas antes falou apenas um "irá ficar tudo bem, não se preocupe". Sua única solução foi a levar para perto dos Dragões, já que julgou que ali estaria quente o suficiente para ela. A deitou delicadamente sobre o feno macio vendo a respiração irregular da garota, agora que estava a sentir o calor que os corpos dos animais de tal porte exalavam.

— Noah...? — a menina perguntou confusa ao não escutar mais nada

— o que aconteceu? — ele questionou com uma onde de preocupação na voz

— boa pergunta... — ela riu um pouco — acho que foi o Rei da Neve... me senti mal depois de ele jogar um feitiço contra mim

— e por que caralhos ele faria isso?

— eu não faço a mínima ideia... não falei nada que o fizesse se ofender, bem, ao menos não que eu saiba — ela disse simplista, parando por fim para respirar, o que o fez supor que estava com falta de ar ou cansada

— precisamos levar você ao médico.

— não seja extremo assim, é apenas uma gripe em uma nevasca, logo vai passar.

— não Dingy, não vai, precisamos ir, você está quente, entende? Nunca ficou assim em toda a sua vida, precisamos ver um médico.

— então é assim que funciona uma febre normal... todos se sentem cansados e com frio mesmo estando quentes? — ela o perguntou com uma expectativa maior do que deveria ser

— bem, sim

— eu fico... — os olhos de Dingy se encheram de lágrimas
— tão feliz em saber disso... — sua voz oscilou drasticamente enquanto as pequenas gotas se formavam em seus olhos e desciam pelas suas bochechas meios rosadas e sua expressão cansada, triste, mas feliz ao mesmo tempo.

E foi ali que Noah percebeu o quanto ser normal para ela era importante, o quanto ter algo que a fazia ser igualmente a todos era divino para ela, e era encantadora a forma de como chorava por algo tão simples mas tão importante para ela. Ele gravou na memória aquele momento, o momento onde podia a ter nos braços novamente, já que muito provavelmente seria a última vez, e aquilo doía, machucava, o feria profundamente. Suspirou fundo a abraçando calorosamente enquanto as lágrimas frias caiam sobre seu ombro com o aperto da menina, que embora fosse frouxo, era o mais forte que conseguia naquele momento. Ele acariciou o cabelo da morena ainda a abraçando

— horas, não é algo para se ficar feliz, temos que cuidar de você agora. — ele foi direto a olhando nos olhos. Olhos esses que os olhavam com admiração e carinho, e aquilo o partiu, partiu como nada o partira antes. Ela levou a mão morna até o rosto de Noah, o fazendo carinho enquanto aqueles olhos o fitavam, mas os dele não podiam evitar olhar, não podiam perder aquela expressão nunca.

— eu estavam tão cega, não?

— do que estava falando?

— de você. Eu confundi todo o carinho e amor de um amigo que você me deu e vi coisas que não existiam, eu me machuquei sozinha por algo que eu vi... — ela falou tão calmamente que as palavras e pensamentos da fada saíram para longe de seu domínio
— mas por favor, não me culpe. Eu não tive o amor de um amigo como o seu, então acho que confundi tudo... eu sinto tanto por ter arruinado nossa amizade quase perfeita... mas não posso mais ficar ao seu lado, porque não vai mudar o que eu sinto — ela se afastou de seus braços e se sentou perto dele abraçando as coxas, a aparência cansada e os olhos baixos. Noah não tinha como responder, mas ele queria, ele iria, ele foi, ele...

— Dingy! Finalmente! — Kitten abriu a porta a forçando mais que o normal, o garoto foi até você sem se importar com o colega de quarto e mediu a sua temperatura
— está quente... — ele olhou para trás vendo Faybelle entrar junto ao Queen mais velho que estava a seguindo
— fay, é normal que ela fique.. quente? —
A menina arqueou uma das sobrancelhas indignada indo bruscamente até a morena que tinha um sorriso fraco nos lábios.

— espere- isso não está certo. Como caralhos Dingy teve uma febre normal? Não faz sentido...

— vamos levá-la ao médico. — Kitten fala sério a pegando e colocando nas costas, ele olhou para Noah que não dizia nada
— seja lá o que estava falando, vocês terminam depois. A saúde dela é mais importante

E então o gato saiu sem mais nem menos, o deixando lá, ainda imóvel. Faybelle foi até ele mexendo em suas madeixas loiras como fios de ouro e então saiu. Já Dingy, avia perdido a consciência com pouco tempo, estava fraca e cansada para falar ou debater algo.

Por um lado, Noah se sentia um lixo por não ter dito nada sobre aquilo, mas por outro lado, ele agradecia melancolicamente. Ele se lembrava meramente de ter tido uma briga com Lobelia sobre seus destinos. Ele queria ser livre, sem a obrigação de se casar com ninguém, muito menos para a menina que ele considerava como irmã
O garoto saiu de sua antiga escola e veio para Ever After, não avia nada de novo, os mesmos costumes, as mesmas conversas, a mesma forma de como as garotas o rodeavam, exceto por ela, ah sim, ela. Dingy. Lembrava detalhadamente de quando a viu pela primeira vez.
Estava parado conversando com uma estudante que tinha levemente chamado sua atenção quando sentiu uma dor aguda em uma de suas asas, ao reparar o que tinha acontecido, viu ela, uma garota palida de cabelos escuros como a noite e um olhar gélido como neve.

Ele reclamou pela falta de sensibilidade para a menina, mas ela simplesmente o lançou um olhar frio e penetrante que o fez perder o ar, e logo em seguida ela se foi. Foi ali que ele decidiu que a irritaria. No começo, era apenas por vingança, ja que reclamações não funcionavam, mas com o passar do tempo, uma amizade foi se aflorando, e depois, quando se deu conta, ele a amava. Embora não pudesse, e tudo estivesse contra ele. E ele sabia. Ele sabia que tinha a machucado, e doía mais do que Noah conseguia aguentar. Lobelia entrou no lugar confusa, olhando para trás vendo os garotos irem embora com Dingy, porém o menino ainda estava ali

— você está bem? Por que não foi com eles? Eu estava te procurando — falou se aproximando do dourado

— me desculpe... — ele fala a abraçando e apoiando seu queixo na nuca da menina

— mas o qu-

— eu não devia ter feito as escolhas que fiz, mas acabei machucando todas as pessoas que tenho carinho, então por favor, vamos tentar fazer isso dar certo até conseguirmos. Não quero mais ver ninguém sofrer por minha causa. — ele apertou o abraço sobre ela quase que implorando. A garota apenas  o abraçou de volta mexendo em seus cabelos

— você é um grande de um teimoso, mas acho que está tudo bem agora

ever after high (Dingy)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora