𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 4

9 1 4
                                    

"O AMOR PODE SER VIVIDO DE MUITAS MANEIRAS E PODE CRESCER DE FORMAS DIFERENTES

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

"O AMOR PODE SER VIVIDO DE MUITAS MANEIRAS E PODE CRESCER DE FORMAS DIFERENTES."

𝔄yla sentiu um frio refrescante tocando seu rosto e a completa escuridão a engoliu assim que ela fechou os olhos com força. Tudo aconteceu rápido demais, sem saber que havia soltado um gritinho com o rosto afundado no pescoço de Nikolaus, ela sentiu um frio na barriga, mas o cheiro dele -uma fragrância amadeirada e um pouco cítrica- fez os pelos de sua pele se arrepiar, ainda mais quando ouviu uma risada vindo dele.

-Chegamos -disse ele, ainda sentindo os bracinhos dela apertando-o com força, como se precisasse daquilo.

Ela abriu os olhos devagar, a primeira coisa que viu foi a sua velha casinha. Pela janela o barulho da tv soava, sem gritos de torcida, indicando uma partida do time de baseball preferido do seu pai, porém, nada mais além disso - o que mostrava que não havia ninguém em casa. Ayla suspirou aliviada.

- Você mora aqui? - perguntou Nik, observando a pequena residência ao colocá-la no chão.

Ela era modesta e apertada, uma casa confortável para uma família pequena morar e novamente, um desconforto apareceu no rosto de Ayla ao retornar para seu lar -Nik não gostava nada daquilo. Como se faltasse alguma coisa nos olhos da menina, algo que ele também procurava em si mesmo, uma lacuna a ser preenchida - a felicidade- e não vê isso em Ayla partiu seu coração.

- Sim, bem vindo ao meu barulhento lar - disse ela, com um sorriso sem jeito - eu gostaria de apresentar você a meu pai, mas como ele não está, felizmente isso não vai acontecer tão cedo.

Ayla caminhou até a sacada e retirou uma cópia da chave debaixo do carpete sujo na entrada e com um click, entrou convidando Nik para entrar com um pequeno aceno de cabeça. Ele enfiou as mãos nos bolsos e entrou observando toda bagunça. Uma poltrona de couro velha, latinhas de cerveja amassadas, jornais em cima do sofá e um mau cheiro que vinha da cozinha, havia retratos no corredor, mais uma em comum chamou sua atenção.

- Essa é sua mãe? - Perguntou Nik, fascinado com a semelhança.

Ayla se aproximou e admirou o retrato na parede e com um sorriso tristonho respondeu:

- Sim, ela faleceu em um acidente de carro a dois anos, sinto saudades dela todo dia.

Nick não precisou de muito para perceber que algo estava faltando na vida de Ayla, ela era uma criança em luto e tinha se mostrado forte por tempo demais e não se permitia desmoronar na frente de ninguém, mas com o tempo ela iria perceber que com ele, ela não precisaria erguer um muro.

- Sinto muito por sua perda.

Ayla já havia ouvido essas palavras centenas de vezes no enterro de sua mãe, de amigos e familiares, mas ela estava em choque e triste demais para engolir aquilo com calma e clareza e foi apenas dessa vez que a menina aceitou aquilo com carinho e sinceridade. Ela não disse nada depois que se afastou e andou para cozinha, apenas olhou para Nik por um breve momento com um brilho nostálgico nos olhos, o que fez a sombras e seus ombros murcharem ao sentir a súbita tristeza que emanou da menina. Uma criança que vive com o coração partido devia ser um crime gravíssimo, afinal, a infância é a fase dourada na vida de uma pessoa, mas imprevistos acontecem e perdas são inevitáveis.

Laços de Aço --Serie: PRIMORDIAIS--Where stories live. Discover now