Quando me viro, Luca está com o olhar vidrado em mim.

Santo Dio!

Meu celular começa a vibrar na mesa de cabeceira, certamente Mav, mas não é como se eu pudesse atender, nem sei se irei poder usar um celular tão cedo ou novamente. Luca caminha até mim, preciso e ágil, e me pergunto se vou ter uma de suas ameaças marcadas em mim para sempre como um lembrete de tudo o que lhe disse. Luca Romano, o Don da Cosa Nostra e meu marido, não deixaria algo assim quieto não é?

— Não, seu marido!

Mal posso registrar suas palavras, não por  não ouvir, mas por sua próxima ação. Luca agarra minha nuca e bate seus lábios sobre os meus, cobre minha boca e envia sua língua para abrir espaço, na tremenda surpresa, consegue, porém isso não lhe garante nada. Com uma força que desconheço, renego seu beijo e o empurro para longe, não que surja efeito quanto a tê-lo longe, no entanto, sua boca não cobre mais a minha.

— O que está fazendo? — pergunto fraca após usar de toda minha força para recusar seu toque, seu sabor.

Luca leva suas mãos para meu rosto, me segura com força, eliminando tentativas minhas de fuga, mesmo que eu não reaja para tê-lo outra vez afastado, e encosta sua testa na minha. Sua respiração quente e acelerada bate em meu rosto. Luca está fora de sua casca.

— O que todo marido faz quando leva tempo demais longe de sua mulher — responde, deslizando a ponta de seu nariz ao meu, depois o desliza por minhas bochechas, encontra as laterais do meu pescoço e volta a unir sua testa a minha — A beijando.

Volto a empurra-lo.

Por Deus! Ele não cansa?

— Chega, Luca! — digo exausta — Só, chega!

Luca, me observa em silêncio, as mãos encontrando os bolsos da calça que usa, e só. Ele fica ali parado como uma estátua, seus olhos grudados em mim, mal piscam.

Por que ele não pode simplesmente me deixar em paz? Por que não pode me dar isso? Nem mesmo isso? Uma vez que nunca terei espaço algum em seu coração.

— Não posso. Por que pensa que fui embora? — suas palavras tem o poder de me deixarem paralisada, completamente abismada e incrédula — Bem que tentei. Acredite, tentei muito, então tive que reconhecer e admitir meu fracasso. Eu nunca fracasso, mas então decidi me casar com uma bella-demônia e as coisas saíram terrivelmente do controle. Meu cérebro estaria em frangalhos se eu insistisse em passar mais um segundo longe de você, Vittoria. Eu seria capaz de enlouquecer se passasse mais um maldito e perturbador segundo longe da minha esposa — derrama cada uma de suas palavras ainda com seus olhos focados aos meus, há um certo brilho no olhar predatório de Luca que me soa nada além de sinceridade, suas orbes bonitas imersas em verdade.

Santo Dio!

Esfrego meus olhos, mas quando afasto minhas mãos, ainda estão ali. Luca ainda está ali em minha frente, observando-me como se eu fosse a única coisa da qual ele gostaria de olhar e despido de seu cinismo, perversidade e zombaria.

— "Santo Dio"? Vou precisar de mais que isso — um pequeno e doce sorriso surge no canto dos seus lábios junto com... Aquilo é nervosismo? Isso não é real!
Certamente, Luca, me matou em algum momento, talvez ele sequer viajou e estou presa em minha tolice que levei junto comigo mesmo o pós-morte. Me aproximo dele e quando meus dentes encontram seu lábio inferior e o gosto de sangue junto ao baixo gemido que Luca emite, surgem, percebo que continuo viva — Você não é a única apaixonada aqui, é o que quero lhe dizer.

— Oh, Dio Mío! Está brincando antes de me matar, não é?

Ele rir. Luca rir. O cretino joga a cabeça para trás e rir de mim. Ele está está a minutos de me matar e rir!

Dou fim ao seu sorriso besta, quando meu punho fechado encontra o seu abdômen. E não sei se foi a melhor das ideias. Luca só não para de rir como fica sério, voltando a me encarar e agora, não posso dizer o que passa em sua mente, não que fosse preciso ser um vidente, mas não é legal de se ver.

— Você me socou? — ele alisa o local por cima do suéter escuro que usa. Recuo — Oh! Não vai a lugar algum — antes que eu possa correr, Luca já me alcançou, puxando-me pelo antebraço e me colando a ele — Nós vamos ter que te ensinar a bater, esposa, isso sequer fez cócegas — murmura em meu rosto, mirando meus lábios — Só não agora. Agora, meus planos envolvem tudo que eu puder do meu corpo conectado ao seu, não tem noção dos três dias miseráveis que passei e se tem uma coisa que eu entendo é de dias miseráveis.

Engulo seco. Outra vez me dando conta do quão sincero ele está sendo.

— Que jogo é esse, Luca?

Ele, me apanha no colo. Como com vida própria, meus braços encontram seu pescoço e se fecham por ele, minhas pernas se prendem em seu quadril, e duvido que seria fácil tirá-los dali.

— Quem está jogando?

Suas palavras morrem dentro da minha boca, quando outra vez os lábios de Luca encontram os meus e sua língua pede passagem. Sem surpresa, sem recusa. Nos beijamos. Nos encontramos e nos perdemos... Um ao outro.



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Nas Mãos Do Don - 2ª livro da série Nas Mãos Do Amor            (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora