Olhei ao redor, todas aquelas fantasias exóticas.

— Como alguém em sã consciência usa isso?

— Achei sua cara, S/n.- Jaime riu baixinho.

— Para de palhaçada, Jaime.

— Shh! Dá pros dois aí fazerem silêncio?- Jorge diz em um sussurro.

— Oh, que meninos lindos! Bem vindos! Pois não?- A atendente da loja nos recebe com seus cabelos grisalhos esvoaçantes, e seus grandes óculos de armação escura.

— A senhora teria uma fantasia de galinha?- Professora Helena pergunta com as mãos no balcão.

— Maminha?- A atendente questiona.- A senhora acha que está numa churrascaria?

— Não moça, a gente quer uma fantasia de um bicho com pena, um bicho penado.- Adriano explica.

— Ah, um bife mal passado? Não, carne não! Aqui é uma loja de fantasias!

— Fantasia com pena, senhora! Tem?- Jorge grita.

— Ah, sim! Você vai de trem?

— Não! Assim ó! Pó, pó, pó!- Laura começa a imitar uma galinha, e todos a imitam.

— Ah!- Todos param.- Uma fantasia de galinha?

— Isso!- Dizem em uníssono.

— Por que não disseram antes? Isso é muito fácil, eu já volto, tá?- A senhora do turbante sai de trás do balcão, com a ajuda de sua bengala.

— Essa senhora tá mais gagá que a diretora Olívia.- Jaime cochicha para mim, e eu dou risada.

— Se ela escuta você dizer isso, é suspensão na certa.

— Oi Jaime! Posso roubar a S/a de você um pouquinho? Obrigada.- Marcelina me puxa até o outro lado da loja, nos escondendo no meio das perucas coloridas.- Me conta tudo! O que rola entre você e o Jaime?

— Quê? Do que você tá falando?

— Do jeito que vocês se olham! Vocês combinam tanto! Você viu ele te chamando de S/a? Que fofo!

— Fofo nada, não gostei nem um pouco pra ser sincera.  Não quero intimidade com ele.- Cruzo os braços.

— Ele só tá tentando se aproximar de você! Que mal tem nisso?

— Se aproximar? Só sonha, Marcelina, só sonha. Ele não gosta de mim, e eu não gosto dele, ponto final!

— Deixa de ser cabeça dura! Ele quer sua amizade, e você não enxerga isso.

QUEBRA DE TEMPO
16 de junho de 2016, 14:36

— Vocês estão gostando de ficarem cobertos de pena? Querem saber se eu estou com pena? Nenhuma! Hahahahaha!- Gonzales joga uma risada maléfica.- Agora prestem atenção! Vocês vão cantar e dançar a primeira música do CD, e se vocês arrecadarem mais de cem reais, voltamos a falar, se não... Hahahaha!

— Fala sério, olha essa roupa!

— Ah, vai, S/a, você nem está tão ruim de penas verdes!- Marcelina diz segurando a risada.- Está combinando com o Jaime.

— Ela tá mentindo pra você, S/n. Você está bem ruim.- Palillo se aproxima.

— Você diz como se estivesse ótimo! Que bico mais ridículo!- Coloco as mãos no rosto.

— Falando desse jeito parece até a Maria Joaquina, S/a.- Valéria ri.

— Helena!- Didi mel abraça a professora.

— Didi! Que bom que você apareceu!

— Vim ver como vocês estão! Tentar tranquilizar vocês. Olha só, o celular da Maria Joaquina já foi rastreado, e daqui a pouco eles vão passar a localização.- Didi fala mordendo uma das pernas de seus óculos.

— Graças a Deus!- Helena suspira aliviada.

Uma multidão de fãs da Didi Mel aparecem no meio do caminho, interrompendo um pouco a passagem.

— Licença, licença! Já viram o meu clipe novo, né?- Didi acena para os fãs, logo em seguida olhando para trás.- Nossa gente, que maldade essas roupas!

— Eu também não resisti!- Professora Helena diz rindo das fantasias.

Um homem se aproxima, deixa um rádio no chão, e nele toca a canção que Gonzales nos trouxe para dançarmos.

Meu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão, na minha mão! Quando quer comer bichinhos, os seus pezinhos ciscam ao chão!

— Você só pode estar de sacanagem.- Cochicho para Jaime ao meu lado.

— O que? Vai dizer que você não curte dançar uma musiquinha da sua idade?- O mesmo ri da minha expressão de fúria.

Cirilo vai até a frente, e começa a se debater, achando que isso seria uma dança.

Vou até o rádio, e o desligo.

— Isso aqui eu me recuso!

— É verdade, assim não dá! Eu também não danço mais!- Jaime concorda.

— Eu não canto e não danço.- Marcelina cruza os braços.

— Ah, essa música é muito de criancinha!- Mário diz.

— É, mas se bem que a laia de vocês sempre foi meio ridícula, né?- Jorge afirma, arrancando vaias.

— Pessoal, pessoal! Isso aqui é um sacrifício pela Maria Joaquina! Vamo, vamo!- Cirilo tenta animar os colegas, mas sem sucesso.

— Gente, olha só, eu sei que vocês não são mais crianças, mas e se a gente considerar isso uma grande brincadeira?- Professora Helena sorri.

— Não pessoal, eu tive uma ideia! E se a Didi Mel ajudar a gente?- Daniel coloca o braço em volta do ombro de Didi.

— Eu?- Didi ri nervosa.

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NEVERMIND • Jaime Palillo •Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ